Sistema de saneamento romano pode ser 150 anos mais antigo do que se imaginava
Nova pesquisa usa concentração de chumbo em camadas sedimentares para estimar a idade certa do sistema
SÃO PAULO - O sistema de distribuição de água e recolhimento de esgoto construído pelo império romano na mais famosa de suas capitais, Roma, pode ser cerca de 150 anos mais antigo do que se imaginava. Um novo estudo, publicado por um grupo de arqueólogos e historiadores na revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences" usou a análise da concentração de chumbo nas camadas sedimentares em regiões atendidas pela infraestrutura de saneamento do império para chegar a essa conclusão.
*Quando o chumbo conta a história
O sistema de água e esgoto romano usava o chumbo intensivamente já que o material é facilmente moldável e, por isso, servia bem para produzir dutos vedados. Não custa lembrar que, à época, não se sabia que o chumbo era tóxico aos seres humanos. Sabendo do uso intensivo do metal pelos romanos, os arqueólogos fizeram 177 buracos nos cerca de 35 quilômetros que separam Roma do porto de Óstia, por onde escoava parte das águas do sistema. Nesses buracos, eles dataram as diferentes camadas de sedimentos assentados durante os séculos e mediram, nas camadas, as diferentes concentrações de chumbo.
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*Sistema 150 anos mais antigo do que se imaginava
Para a surpresa dos pesquisadores, as camadas datadas em 200 a.C. continham as maiores concentrações de chumbo, o que permite concluir que foi por volta dessa época - 150 anos antes do esperado - que o sistema foi instalado. O mais curioso é que, nas camadas datadas em 100 a.C., foi observada uma queda brusca nos níveis de chumbo. Essa queda coincide com um período de graves guerras civis que teriam levado o império a abandonar sua preciosa infraestrutura de saneamento.
*Químicos, arqueólogos e historiadores unidos
Até recentemente, a datação do sistema cabia aos historiadores e aos arqueólogos, que faziam estimativas a partir dos pouco relatos dos cronistas e objetos da época que sobreviveram a mais de dois milênios de história. A arqueologia e a química chegaram para complementar a visão histórica e corrigir eventuais enganos. Com o tempo, o refino das técnicas permitirá uma datação ainda mais precisa do incrível sistema de saneamento do império.
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