Voluntários viram caça-coronavírus em favela no Rio
Para definir quantidade de material a ser utilizada, existe consultoria de um infectologista e de um químico
"Nunca fomos treinados para esse tipo de coisa, e a gente já sofre o ano inteiro com falta de água, luz e saneamento básico. Quando vi que a doença tinha chegado por aqui, pensei: 'meu irmão, vamos sofrer com isso também agora'? Não mesmo", relatou.
Firmino, então, começou a buscar informações sobre como combater a doença. "Eu me lembrei das imagens dos caras lá na China, todos de branco, pareciam os Caça-Fantasmas. A gente pensa: 'pô, na China é tudo avançado', mas não, aquelas coisas lá não eram de outro mundo. O pulverizador é igual àqueles agrícolas, as roupas são as que a gente usa pra pintar carro, máscara e luvas a gente tem. Não é nada mirabolante. Dava pra gente fazer."
O guia tratou de fazer o orçamento dos equipamentos iniciais - dois aparelhos para pulverização, roupas de proteção e quaternário de amônia, para fazer a sanitização. Descobriu que precisaria de pelo menos R$ 3,5 mil.
"Eu ia fazer uma vaquinha virtual, mas qualquer uma delas leva 50 dias para você começar a receber. E em 50 dias imaginei que estaríamos todos mortos", contou. "Aí liguei pra uns amigos do hip-hop, o Gilli, o Mass e o Lucas Secon. Em dez minutos, eles tinham feito a doação." Os três são artistas internacionais que já foram gravar no Dona Marta. "Sabem o que a gente passa aqui."
De posse do material, Firmino reuniu uma equipe de dez voluntários e, há duas semanas, realiza a sanitização das vias do Dona Marta. "A gente passa por tudo, tudo. Não fica nada de fora. Começamos às 11h e vamos até às 18h, duas vezes por semana", explicou. O trabalho é dividido entre equipes que se alternam.
Para definir a quantidade de material a ser utilizada, existe consultoria de um infectologista e de um químico. "A gente não faz nada de qualquer jeito. É tudo estudado e orientado", ressaltou. E o projeto está sendo expandido. "Já mostramos como fazer para o pessoal do Morro do Cantagalo e do Leme. Eles vão começar lá também." O projeto está na plataforma de crowdfunding https://benfeitoria.com/santa-marta-contra-o-covid19-ehw.