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Coronavírus

Quem não quiser trabalhar, que fique em casa, diz Bolsonaro

'Quem ficar em casa parado vai morrer de fome', declarou o presidente; governadores voltaram a ser alvo de críticas

13 mai 2020 - 11h21
(atualizado às 11h40)
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No dia seguinte ao recorde de mortes no Brasil pelo novo coronavírus - 881 somadas em 24 horas -, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o fim das quarentenas decretadas por governadores e pedir o distanciamento apenas de pessoas do grupo de risco, como idosos e quem apresenta outras doenças. "O povo tem de voltar a trabalhar. Quem não quiser trabalhar, que fique em casa, p***. Ponto final", disse o presidente nesta quarta-feira, 13, em frente ao Palácio da Alvorada, sob aplausos e gritos de apoiadores.

Presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada
13/05/2020
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada 13/05/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Segundo balanço divulgado na noite de terça-feira, 12, há 12.400 vítimas fatais da covid-19 no Brasil. O número de casos confirmados da doença no País é de 177.589, sendo que 72.597 estão curados.

Bolsonaro também atacou novamente governadores, especialmente João Doria (PSDB), de São Paulo. Ele afirmou que o governo federal já fez mais do que gestores estaduais pediram, ainda que secretários de saúde façam reclamações públicas sobre o atraso para entrega de praticamente todos os produtos essenciais ao combate ao vírus, como máscaras, luvas, respiradores, testes de diagnóstico e kits para instalação de leitos de UTI.

"Ficar em casa, para quem pode, legal, sem problema nenhum. Agora, para quem não tem condições, geladeira está vazia, três, quatro filhos chorando de fome, é desumano", disse Bolsonaro. "O governador de São Paulo (Doria) falou que é melhor isolamento do que o sepultamento. Quem ficar em casa parado vai morrer de fome. Até o urso quando hiberna tem prazo para hibernar. Não podemos ficar hibernando em casa", completou.

"Vai chegar um ponto que esse povo com fome vai vir às ruas", disse Bolsonaro.

Cloroquina

O presidente repetiu desejar que o Ministério da Saúde recomende o uso da cloroquina a casos leves do novo coronavírus. No entanto, não há evidências científicas sobre benefício do uso da droga para pacientes da covid-19.

"A gente está preocupado com o elevado número de mortes. E analisando o protocolo do Ministério da Saúde, manda aplicar a cloroquina apenas em casos graves", disse Bolsonaro. Ele afirmou que se reunirá nesta quarta-feira, 13, com o ministro Nelson Teich para tratar do assunto.

Teich vem sendo cobrado nas redes sociais por apoiadores do presidente para recomendar uso amplo da cloroquina. Em resposta, o ministro explicou em publicação no Twitter que o Conselho Federal de Medicina (CFM) permite que médicos prescrevam a droga a pacientes que apresentam sintomas leves. O protocolo do ministério, porém, é mais cauteloso, seguindo recomendações de sociedades médicas, e autoriza o uso no SUS apenas para pacientes internados.

"O meu entendimento, ouvindo médicos, é que ela (cloroquina) deve ser utilizada desde o início por parte daqueles que integram grupo de risco. Pessoas que têm comorbidade, pessoas de idade, deve ser usada a hidroxicloroquina", disse Bolsonaro.

Na reunião com Teich, o presidente prometeu tratar sobre regras para distanciamento social. "No meu entender, desde o começo devia ser o (isolamento) vertical", afirmou Bolsonaro, sobre manter apenas os grupos de risco em quarentena, liberando os demais a voltarem a suas atividades normais.

Estadão
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