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Coronavírus

Em ano desafiador, empresas enfrentaram nova onda da covid e aumento de custos

Kallas, Diálogo e P4, porém, informam que fecharam 2021 no azul e se consagraram com o reconhecimento do Top Imobiliário

1 jul 2022 - 05h10
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Desafiador. Esta é a palavra que resume o ano de 2021 para os dirigentes de três empresas que fazem parte do ranking do Top Imobiliário deste ano: Kallas, Diálogo e P4. Não bastassem as incertezas que a segunda onda da covid-19 trouxe, os empresários tiveram ainda de conviver com o aumento dos custos da construção. Apesar disso, as empresas fecharam o ano no azul e estão otimistas com 2022.

"Tivemos o melhor primeiro trimestre da nossa história", diz Raphael Kallas, CEO do Grupo Kallas, referindo-se a 2022. O resultado, diz ele, vem de um planejamento realizado no último trimestre do ano passado. A companhia ficou no 6.º lugar entre as incorporadoras, com 4.596 unidades lançadas e R$ 1,20 bilhão de VGV, e em 5.º na lista formada pelas construtoras, com 4.777 unidades com R$ 1,24 bilhão de VGV, de acordo com a Embraesp.

Planejamento

Já projetando um início de 2022 mais difícil - por conta da elevação da taxa básica de juros, financiamentos mais caros, aumento da inflação da construção e empreendimentos com preços mais elevados -, em outubro o grupo fez um planejamento de estoque para lançar com promoções no início deste ano. O resultado, segundo Kallas, foram vendas de R$ 400 milhões, o maior volume para o período em toda a trajetória da incorporadora.

Foi assim também no ano passado. Segundo Kallas, a despeito do susto que a segunda onda da covid-19 causou, a demanda permaneceu elevada. "O que mudou no ano passado - e permanece neste ano - é o tipo de empreendimento. As pessoas passaram a buscar imóveis maiores, resultando em aumento de demanda por empreendimentos de médio e alto padrões", diz.

Outra mudança sentida foi o tempo de compra, maior do que era antes da pandemia. "As pessoas vão ao estande de vendas mais de uma vez e voltam em diferentes momentos para 'sentir' a localização. E quando decidiam pela compra, não deixavam toda a documentação. Cautela foi a palavra que guiou o comprador no ano passado", conta Kallas.

Essa mudança foi sentida também pela P4 Engenharia. Em 2021, a empresa viu o segmento de média e alta rendas saltar de 30% para 50% do total da carteira. Os outros 50% ainda são negócios de médio-econômico.

Transição

"Essa expertise de construir para diferentes padrões nos tornou ainda mais competitivos nessa transição, em razão da base que o segmento econômico nos deu na hora de negociar a compra de material", diz Gustavo Zanforlin, fundador e vice-presidente de Novos Negócios da P4 Engenharia, que neste ano figura em 6.º lugar no ranking de construtoras do prêmio Top Imobiliário, tendo participado do lançamento de 3.722 unidades com R$ 1,38 bilhão de VGV, segundo os dados da Embraesp.

A procura por imóveis de médio e alto padrões ocorre enquanto o setor acompanha um esvaziamento do programa Casa Verde e Amarela e de políticas voltadas para o mercado de imóveis de baixa renda. No caso da P4 Engenharia, que atua para terceiros, a 'virada de chave' foi rápida, segundo o executivo.

"Tivemos muita dificuldade pelo aumento dos custos da construção. Ainda assim, fomos resilientes e a partir do segundo semestre do ano passado conseguimos melhorar a performance", diz Zanforlin.

Ele reconhece que o fato de a empresa atuar no segmento de média e alta rendas ajudou a atravessar o período de turbulência. "Somos uma construtora que não faz incorporação, atuamos para terceiros. E estarmos preparados para essa mudança de perfil ajudou a enfrentar as dificuldades."

Em 2022, o desafio tem sido a escassez de mão de obra devido ao volume de canteiros na cidade de São Paulo, reflexo dos lançamentos no ano passado, explica o empresário. "Acredito que nos próximos 12 meses esse cenário permanecerá, estabilizando-se a partir do segundo semestre de 2023, quando o impacto da redução de lançamentos deste ano influenciará no volume de canteiros", afirma Zanforlin.

Custos

Na opinião do VP da P4 Engenharia, o fato de 2022 ser ano eleitoral não afeta os negócios. "As empresas brasileiras estão acostumadas a vivenciar a instabilidade decorrente desse período. O momento é de apertar custos, preservar a margem, fazer bons negócios e ter esperança de que, independentemente do próximo governo, o setor vai avançar."

Para Guilherme Nahas, diretor da Diálogo Engenharia, as eleições atrapalham apenas o calendário de lançamentos do último trimestre do ano. "Mas só", garante. Para ele, o País e o mundo enfrentam tantas outras coisas, como a guerra na Ucrânia, inflação em alta e a incerteza ainda da covid-19, que acabaram ofuscando a incerteza da eleição.

Retração

Mesmo atuando no segmento de média e alta rendas, a Diálogo enfrentou desafios no ano passado, assim como seus pares. "Tivemos uma retração pelo aumento de preços do setor, o que nos levou a reduzir a margem. A partir daí, o ritmo de vendas em estoque foi bem", afirma Guilherme Nahas, diretor da Diálogo. A empresa ficou na 9.ª posição entre as incorporadoras, com a oferta de 2.048 unidades e VGV de R$ 1,5 bilhão. Esses mesmos números a colocaram em 10.º lugar entre as construtoras.

Dos lançamentos de 2021, três se destacaram: GranDiálogo Vila Matilde, Gran Metropolitan Butantã e High Park Tatuapé. Todos voltados para o segmento de alta renda.

Menina dos olhos da construtora, o GranDiálogo Vila Matilde é classificado por Nahas como marco para o bairro. Lançado em maio, tem três torres distribuídas em um terreno de mais de 7 mil metros quadrados.

Dessas, duas são totalmente residenciais, formando um condomínio independente. Na terceira torre estão apartamentos do tipo estúdio e salas comerciais. Fica a 350 metros da estação do metrô Vila Matilde.

Estadão
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