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Coronavírus

Como conciliar o home office com o tempo das brincadeiras com os filhos

Em casa ou na natureza, brincar é essencial para as crianças e pode ser benéfico também para os adultos

2 mai 2021 - 16h01
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Vamos brincar? Um convite e um gatilho. Quem tem criança em casa e precisa conciliar o home office com a paternidade sabe como o confinamento pode ser estressante, e sabe que chegar inteiro ao fim do dia é uma aventura. Tem sido assim há mais de um ano.

Patricia Camargo, uma das idealizadoras do projeto Tempo Junto, que desde 2014 traz propostas de brincadeiras em família e viu sua base de seguidores aumentar consideravelmente depois da pandemia da covid-19 (no Instagram são 320 mil seguidores), tem alguns conselhos. O primeiro: não queira ser um recreador. Pais não são recreadores. Tudo bem se você não gostar de brincar, se não estiver com vontade naquele dia, mas é preciso permitir que a criança brinque. Tem que dar espaço e tempo, e objetos. Tem que tirar os 'nãos' das frases. Pode sujar, pode bagunçar. Vai ficar tudo bem. "Não precisa brincar, mas esteja presente, interaja, comente, faça perguntas", sugere.

Seu segundo conselho vai no sentido de mostrar que brincadeiras não são benéficas apenas para as crianças. "Brincar alivia o adulto, tira o estresse. Isso é cientificamente comprovado e usado no mundo corporativo, nas chamadas dinâmicas. Empresas levam seus executivos para um lugar diferente basicamente para eles brincarem e serem criativos", comenta Patrícia.

Para ela, quando o adulto entende isso, experimenta a brincadeira e percebe essa alegria nele mesmo, a brincadeira passa a servir como um apoio também para ele, para a sua vida e seu dia a dia. Jogar um jogo em família no fim do dia em vez de buscar distração nas redes sociais, por exemplo, ela diz, faz todo mundo dormir melhor e ajuda todos a terem uma relação mais tranquila ao longo do dia.

Mãe de três filhos, Patricia tem outra dica útil para famílias confinadas e estressadas, que terminam o dia sem terem conseguido fazer o trabalho direito e, ao mesmo tempo, sem terem dado atenção às crianças. Ela explica que pode ser mais produtivo ter momentos de concentração total no trabalho, coisa de uma hora e meia, seguidos por intervalos de 15 minutos (a pausa do café se estivesse trabalhando presencialmente), quando a atenção será toda das crianças (veja dicas de brincadeiras abaixo). Assim, elas conseguem entender que existe um tempo delas, mas que também tem o momento que não é para elas, que vão ter que se distrair sozinhas.

Em sua opinião, isso é melhor do que querer se fechar por quatro horas para trabalhar, almoçar correndo e emendar mais quatro horas. "A não ser que você tenha alguma ajuda, não vai conseguir. Seu filho não vai deixar", diz. E completa: "Aceite a realidade e busque uma alternativa em vez de ficar perdendo tempo brigando com seu filho para que ele te deixe em paz, para que ele se distraia. Você vai chegar exausto e frustrado no fim do dia. Seu filho vai virar um chato dentro de casa, querendo sua atenção. E a relação vai ficando desgastada." As pausas ajudam a criança a entender que tem hora para tudo, e que a hora de brincar, sozinho ou acompanhando, é essencial.

O pediatra Daniel Becker explica que é por meio da brincadeira que a criança apreende o mundo, que ela se apropria da realidade e a testa, que compreende tudo o que a cerca - os objetos, as relações, as leis naturais e sociais. "O brincar é uma forma de expressão, traz habilidades fundamentais, estimula a curiosidade, as descobertas, a imaginação e a solução de problemas." Para ele, a natureza é o território onde esse brincar deve acontecer e, neste sentido, é importante levar as crianças a parques, praças ou pelo menos para uma corrida embaixo do prédio - com máscara, claro.

"O brincar livre na natureza é a melhor forma de a criança se expressar, aprender e ser feliz." Isso tudo também para ajudar a diminuir o tempo de tela. Muita tela e pouco brincar podem resultar, mais cedo ou mais tarde, de acordo com o pediatra, em distúrbios do comportamento, transtornos mentais, problemas no desenvolvimento, retardo na linguagem, distúrbio de atenção, hiperatividade, sedentarismo e consumo de ultraprocessados. "Brincar traz felicidade. Brincar é um antídoto ao estresse tóxico a que submetemos as crianças", finaliza.

São tempos difíceis, e nem sempre é possível estar bem-humorado - o humor, para Patricia Camargo, é o ingrediente que não pode faltar em casa (depois aparecem as sucatas, os rolinhos de papel higiênico, bexigas, tinta, cola, papelão e tudo o mais que puder virar um brinquedo na mão de uma criança).

No começo da pandemia, relembra Patricia Camargo, pais procuravam dicas de como distrair os filhos - desafio que antes se resumia às férias. Com o prolongamento da quarentena, ela percebeu que algo estava mudando - que os adultos estavam pensando no queriam que os filhos tivessem de lembrança desse período. E por falar em marcas, ela faz um alerta dizendo que pode ser um alívio quando as crianças maiores já se viram sozinhas e não precisam dos pais para brincar, mas que é nesta hora que os vínculos começam a se perder, algo que poderá ser sentido na adolescência.

Com a palavra, Mateus Ortiz Taleb Marson, de 5 anos: "Brincar é muito legal porque brincar é se divertir. Gosto de brincar de jogos de tabuleiro e carrinho, com a mamãe, o papai, os meus primos e a Pipa, que é uma cachorrinha muito engraçada".

Veja dicas de brincadeiras para fazer com as crianças nas pausas do trabalho

Fonte: Tempo Junto

  • Guerra de polegar

Brincadeira simples, que não precisa de material. Quem consegue pegar o dedão primeiro? Se estiver fácil demais, que tal tentar com as duas mãos ao mesmo tempo?

  • Brincadeiras musicais de acumulação

Esta brincadeira tem várias bases iniciais e é possível criar muitas outras. O objetivo é memorizar uma lista, que vai aumentando sempre. Por exemplo:

"Estava a velha em seu lugar

Veio a mosca atrapalhar

A mosca na velha e a velha a fiar"

E cada um vai adicionando uma coisa na música (que pode ou não fazer sentido. O que vale é a criatividade e diversão)

"Estava a mosca em seu lugar

Veio a aranha atrapalhar

A aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar"

"Estava a aranha em seu lugar

Veio a chuva atrapalhar

A chuva na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar"

E assim por diante, até alguém esquecer uma parte.

  • Abana o rolinho

Você precisa de um rolo vazio de papel (pode ser papel higiênico) e dois objetos para abanar: pode ser pratinho descartável, tampa de plástico, ou até usar as mãos. E fita crepe para marcar o campo.

Com a fita crepe, fazer uma marca na mesa ou no chão. Será a divisão do campo.

Colocar o rolo vazio sobre a marca da fita crepe

Pais e filhos começam a abanar e tentar jogar o rolo para o lado do campo adversário. Quem deixar o rolo por 10 segundos na área do adversário, vence a partida.

  • Quem sou eu?

Na versão simplificada e mais rápida da brincadeira, cada um escolhe um personagem, conforme o tema. Cada um terá só 3 perguntas para fazer para a outra pessoa.

Só é possível responder a pergunta com SIM ou NÃO

  • Foto misteriosa

Tire uma foto de um objeto da casa de um ângulo diferente: muito perto, ou do avesso ou da parte debaixo, por exemplo.

A criança precisa adivinhar que objeto é. Depois troca e a criança é quem vai procurar um objeto para fazer a foto.

  • Pega-vassoura

O material necessário são duas vassouras ou uma vassoura e um rodo.

Quem está participando da brincadeira precisa ficar frente a frente, em pé, segurando uma das vassouras em pé no chão.

Ao mesmo tempo, os dois soltam as vassouras e correm para pegar a outra vassoura antes que ela caia no chão.

Só não vale empurrar a vassoura para o chão na hora de soltar o cabo.

  • Minuto câmera lenta

Durante um minuto, todos os movimentos precisam ser feitos em câmera lenta. Quem não aguentar perto o jogo.

  • Bexiga no alvo

Para esta brincadeira é preciso uma bexiga por participante e uma garrafa plástica de qualquer tamanho vazia.

Encha a bexiga, segure a ponta sem amarrar. Mire na garrafa plástica no chão e tente derrubar a garrafa só soltando a bexiga em direção à ela.

  • Quantos têm?

Pense numa forma geométrica e diga para a criança. Ela deve percorrer o ambiente contando quantos objetos ela consegue encontrar com aquela forma geométrica.

É possível fazer uma competição entre pais e filhos. Quem conseguir encontrar mais objetos com a forma geométrica escolhida, ganha. Vale anotar a contagem para não esquecer depois.

Estadão
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