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FAU/USP vence desafio global de redução de lixo e desperdício

Laboratório de design a partir da poda de árvores em São Paulo, da Faculdade de Arquitetura da USP, foi um dos 16 vencedores do No Waste Challenge

19 jul 2021 - 20h10
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 Foto: FAU/USP vence desafio global sobre redução de lixo e desperdício

Voltados a resolver o problema do lixo e desperdício, 16 projetos inovadores de todo o mundo foram selecionados, no dia 15 de julho para saírem do papel. Eles participaram da competição mundial No Waste Challenge e agora terão acesso a 10 mil euros em financiamento cada, além de participarem de um programa de desenvolvimento criado para transformar suas ideias em realidade.

Entre os projetos a serem postos em ação está o "Dapoda: design living lab", da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), que tem o objetivo de transformar os rejeitos das podas de árvore de São Paulo em matéria-prima para a criação de objetos e mobiliário urbano.

A ideia, única brasileira vencedora da competição mundial, visa experimentar, capacitar e fabricar a partir desta madeira oriunda de poda urbana, unindo as necessidades humanas e a valorização de resíduos por meio do uso de cascata. 

Os 16 projetos vencedores vêm de todas as partes do mudo, como Holanda, México, Quênia, Japão e Índia, e representam estratégias inovadoras para reduzir não só o lixo e o desperdício, mas também seu impacto nas mudanças climáticas. A competição é uma parceria do What Design Can Do com a Fundação IKEA.

"Em um ano turbulento, o resultado do Challenge mostra que a comunidade criativa está disposta e apta a romper com séculos de pensamento linear e design ruim",

comenta Richard van der Laken, co-fundador e diretor criativo do What Design Can Do. Ele ainda lembra que, ao redefinir o modo como o design se relaciona com o desperdício e o lixo, os vencedores também ajudam a propor um novo modelo, mais restaurativo e regenerativo, ao invés de apenas produtivo e destrutivo.

A tarefa de selecionar os vencedores coube a um júri internacional composto por 12 especialistas em design, empreendedorismo e ação climática. Bebel Abreu, diretora do WDCD São Paulo & Rio, comenta que o número de ideias inscritas representa um desejo coletivo por um mundo melhor.

"Recebemos muitas inscrições, o que mostra que designers do mundo inteiro querem fazer parte dessa mudança. Escolher os finalistas e, depois, os vencedores, foi muito difícil para os jurados", afirma.

Trabalhando remotamente durante diversas sessões, o painel selecionou 16 vencedores de uma lista de 85 finalistas com muito potencial. Ao final, o júri baseou sua decisão a partir dos critérios oficiais do Challenge: impacto, criatividade e design, viabilidade e escalabilidade. 

Vencedores: criatividade e ação

Entre os vencedores, estão soluções que têm foco no processo de produção - buscando revolucionar a extração e manufatura de tudo que nós usamos e comemos. O Sustrato (México), por exemplo, combina artesanato tradicional, design contemporâneo e rejeitos da indústria do abacaxi para desenvolver uma série de bioplásticos sustentáveis. Modern Synthesis (Reino Unido) usa o mesmo tipo de rejeitos - desta vez oriundo das fazendas de maçãs - para alimentar micróbios que produzem fibras completamente circulares para a indústria da moda. Enquanto isso, trabalhando para limpar o setor da construção, estão o Carbon Tile (Índia) e Packing Up PFAS (Holanda), dois projetos que oferecem materiais de construção que removem poluentes tóxicos e dióxido de carbono do ambiente.

Saindo do chão da fábrica, outros vencedores estão unificados pelo seu desejo de arrancar sistemas de valores inteiros. Esses projetos buscam prevenir o lixo ao endereçar o profundo problema do consumismo. Reparar.org (Argentina), por exemplo, é um serviço que conecta indivíduos a sapateiros e lojas de reparos locais, trabalhando na promoção da cultura do cuidado e no direito de consertar coisas. De forma similar, Project R (Japão), é um centro comunitário que empodera cidadãos para aprender sobre técnicas e estilos de vida circulares. Outra forma disruptiva de transformar a cultura é Nyungu Afrika (Quênia), um empreendimento social que busca fazer com que produtos menstruais de baixo custo e biodegradáveis sejam a norma na África. 

Juntas, essas ideias sugerem formas inventivas de nos reconciliarmos com o que queremos com o que o planeta precisa. Liz McKeon, Head do portfólio de Ação Climática na Fundação IKEA, lembra que um pilar da missão da Fundação é reduzir a emissão de gases de efeito estufa

"Uma forma de fazer isso é encontrando soluções para o lixo explorando o poder criativo do design. Como membro do júri, fiquei completamente impressionada pela quantidade de jovens empreendedores e criativos maravilhosos de todo o mundo, que enviaram ideias para lidar com as causas básicas responsáveis pelo desperdício, e sua determinação em encontrar soluções. Eu posso afirmar que mesmo os que não foram selecionados como vencedores vão contribuir igualmente na criação de um planeta habitável para todos". 

Próximos passos

Começa agora o trabalho de fortalecimento de cada ideia vencedora, aprofundando seu potencial de impacto. Os times irão receber €10.000 em financiamento e acesso a um programa de desenvolvimento co-criado pelo Impact Hub Amsterdã. Este programa começa com um bootcamp de uma semana, criado sob medida para a mistura especial de agentes de mudanças presentes entre os participantes. Vencedores vão receber mentoria de uma ampla gama de habilidades que eles precisam para fazer com que seus projetos sejam um sucesso - do desenvolvimento de um modelo de negócios viável a avaliação de impacto e networking. Combinado com valiosa exposição e publicidade, o programa é feito para dar apoio único a pensadores, criadores e makers da nova economia. 

No Waste Challenge

No Waste Challenge é o terceiro Desafio para Ação Climática do What Design Can Do em parceria com a Fundação IKEA. Lançada em janeiro de 2021, a competição de design convocou soluções ousadas para reduzir o lixo e o desperdício, e repensar toda a linha de produção e ciclo de consumo da nossa sociedade. Ele foi aberto a empreendedores criativos de todo o mundo e ofereceu três briefings de design que abordam diferentes aspectos da economia linear "extrair-produzir-descartar". Tracks adicionais foram dadas aos participantes nas cidades parceiras: Amsterdã, São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Délhi, Cidade do México, Nairóbi e Tóquio. A chamada aberta acabou em abril, com excepcionais 1409 projetos enviados por inovadores em mais de 100 países - sendo 173 do Brasil. Todos os projetos podem ser encontrados na plataforma do Challenge, em nowaste.whatdesigncando.com/pt 

Foto: Climatempo
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