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É falso que teste com óleo e sal identifique metanol na cerveja

ESPECIALISTAS ALERTAM QUE O EXPERIMENTO CASEIRO NÃO FAZ SENTIDO E QUE OS INGREDIENTES NÃO DETECTAM A SUBSTÂNCIA

9 out 2025 - 16h11
(atualizado às 16h43)
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Foto: Estadão

O que estão compartilhando: que um teste usando óleo e sal conseguiria indicar a presença de metanol na cerveja.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. O teste caseiro não é adequado para detectar a presença de metanol em bebidas, segundo especialistas consultados pela reportagem. Não há reação química confiável com ingredientes como óleo, sal, açúcar e vinagre que possa ser observada a olho nu para identificar a substância tóxica.

Saiba mais: Em meio às investigações sobre intoxicações por metanol por consumo de bebidas alcoólicas, circula nas redes sociais desinformação sobre o tema. O Verifica checou anteriormente informações falsas sobre a presença da substância em alimentos, além de receitas ou métodos sem comprovação científica para curar ou identificar a contaminação.

Um vídeo no TikTok com 339 mil visualizações até essa quinta-feira, 9, indicou uma mistura para identificar metanol em latas de cervejas. O responsável pelo conteúdo afirma que usando sal e óleo poderia ser identificada uma mudança na cor da bebida, indicando que a cerveja não teria contaminação e estaria segura para beber.

O engenheiro químico Camilo Morejon, membro do Conselho de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), explicou que a receita para identificar metanol usando óleo e sal é falsa.

"Essa prática não tem qualquer base científica e não é capaz de detectar a substância nas bebidas", afirmou.

Ele explica que esses experimentos caseiros são enganosos e perigosos.

"O metanol é uma substância tóxica e a presença não pode ser identificada em testes visuais ou domésticos, como observação de separação de fases, mudança de cor ou formação de bolhas", disse.

"Não há reação química confiável entre metanol e substâncias como sal, óleo, açúcar, vinagre ou similares que possa ser vista a olho nu".

O químico Eder Tavares, professor da Universidade Federal de Itajubá, confirma que "não há nenhum sentido na mistura de sal e óleo para detectar metanol".

Ele explica que não existem experimentos caseiros para fazer uma identificação como essa. As técnicas adequadas são realizadas em laboratórios ou estão sendo desenvolvidas por cientistas em universidades.

Testes feitos em laboratório identificam o metanol

Tavares explica que o método padrão-ouro para a detecção do metanol em bebidas alcoólicas é chamado de cromatografia gasosa. Essa técnica permite separar, identificar e analisar os componentes químicos de uma amostra.

"Esses componentes irão se volatilizar (transformar-se em gás) e irão entrar em um analisador. Para cada um dos álcoois, terá um fator de retenção específico. Se houver metanol, isso irá detectar", explicou.

"A cromatografia pode ser comparada a uma espécie de 'corrida química': cada molécula percorre um caminho em velocidades diferentes, dependendo de suas características", esclareceu.

O metanol, por exemplo, possui um tempo específico para fazer esse trajeto, permitindo a sua identificação com precisão.

Segundo o professor, ainda existem testes mais simples e rápidos, como sensores portáteis que mudam de cor ou geram um sinal elétrico quando a substância está presente.

"Embora úteis para uma verificação rápida, esses métodos têm sensibilidade e precisão mais baixas e podem gerar falsos positivos ou negativos", ressaltou.

O Verifica publicou que um golpe anuncia canudos que prometem identificar metanol na bebida. Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) trabalham para desenvolver um sistema como esse, que muda de cor ao entrar em contato com a substância, mas o processo ainda está em andamento.

Produção de cerveja tem quantidades mínimas de metanol

As cervejas são produzidas pela fermentação por meio de leveduras. Quando há formação de metanol, as quantidades são mínimas e não representam riscos à saúde, segundo os professores.

"O risco de presença de metanol, decorrente do processo de fermentação, é praticamente nulo", disse Morejon. "A presença somente seria possível pela adulteração, fruto de uma fraude pela adição deliberada e criminosa de metanol ou de outros produtos contaminados".

No caso de bebidas destiladas, como a cachaça, uísque e vodca, o risco de contaminação pela substância pode existir por práticas inadequadas de produção ou ainda em caso de adulteração.

"Esse tipo de adulteração exige manipulação, e não acontece de forma espontânea", pontuou Tavares. "No caso de latas ou garrafas lacradas, seria preciso violar a embalagem, o que geralmente deixa sinais visíveis e pode ser identificado por controles de qualidade e pela logística de distribuição".

As investigações sobre os registros de intoxicação por metanol ainda estão em andamento. A perícia feita pela Polícia Científica de São Paulo aponta, até o momento, que a substância foi adicionado em garrafas de bebidas alcoólicas destiladas, e não foi o resultado da destilação natural.

Como lidar com posts do tipo: Circulam nas redes sociais publicações que espalham pânico e desinformam sobre os casos de intoxicação por metanol. O Verifica já esclareceu que não há registro de contaminação pela substância no leite, café ou Coca-Cola. Ainda é falso que o leite seja um remédio natural para livrar o organismo.

Estadão
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