PUBLICIDADE

Campanha de 2022 derruba secretário de Bruno Covas

Doria pede a prefeito a saída de João Cury da Educação; titular da pasta coordenava núcleo para reeleição de prefeito

16 jun 2019 - 05h10
(atualizado às 10h30)
Compartilhar
Exibir comentários

O controle da articulação pela reeleição de Bruno Covas (PSDB) à Prefeitura de São Paulo levou o governador João Doria (PSDB) a pedir o afastamento de João Cury Neto da Secretaria da Educação do município. Desafeto de Doria e expulso do PSDB em 2018, Cury havia ganhado de Covas a secretaria depois de exercer o mesmo cargo no governo do Estado durante a gestão de Márcio França (PSB).

Cury deve deixar a secretaria e ocupar um cargo mais discreto no Executivo e despachar próximo ao prefeito. Em 30 de abril, o secretário havia sido condenado por improbidade administrativa em 2.ª instância, por decisão do Tribunal de Justiça, em razão de supostas irregularidades na compra de material didático para Botucatu, quando Cury era prefeito da cidade - ele alega inocência.

O Governador de São Paulo, João Doria, (PSDB) e o Prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB)
O Governador de São Paulo, João Doria, (PSDB) e o Prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB)
Foto: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA / Estadão Conteúdo

A condenação não havia sido suficiente até agora para que Cury fosse afastado. O secretário está atuando como coordenador informal do núcleo que tratava do futuro de Covas, contatando empresários em busca de apoio e começando o trabalho de marketing. Participou da escolha do marqueteiro Felipe Soutelo, encomendando os primeiros trabalhos sobre a imagem do prefeito.

Uma primeira pesquisa também foi encomendada pelo grupo, que apontou um fraco desempenho do prefeito em um cenário em que seriam candidatos Celso Russomanno (PRB), Janaína Paschoal (PSL), Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB).

O trabalho independente e as relações de Cury com o ex-governador Geraldo Alckmin fizeram com que Doria pedisse a Covas a sua substituição. A relação de Cury com Alckmin começou quando o ex-secretário foi escolhido para chefiar a Fundação para o Desenvolvimento da Educação.

Responsável por todas as licitações de compras de material escolar e merenda e pelas reformas de prédios, Cury entrou em atrito com o então secretário José Renato Nalini, que pediu por escrito a sua demissão ao governador. Nalini estava descontente com nomeações feitas por Cury para o FDE. Alckmin o manteve. Quando o governador decidiu disputar a eleição presidencial e deixou o governo para Márcio França, Cury acabou nomeado para o lugar de Nalini.

João Cury abriu mão de uma candidatura a deputado federal pelo PSDB para ser secretário de França em plena campanha à reeleição. A decisão irritou Doria, que articulou a expulsão dele do PSDB. Após a eleição, Cury se reaproximou de Covas, antigo aliado.

"Cury foi expulso por optar por uma candidatura de outro partido em detrimento do PSDB. Ação considerada transgressão ética irrefutável na disciplina partidária", disse o presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi.

A gestão de Cury na Educação do Estado foi também motivo de dor de cabeça para Doria. Quando ele assumiu o governo, descobriu que a secretaria só havia licitado a compra de material escolar para a capital, deixando de lado os demais municípios do Estado, o que incomodou o governador.

Quando descobriu que Cury passou a articular a candidatura à reeleição de Covas, Doria procurou o prefeito para exigir que Cury fosse afastado, ou que pelo menos não ficasse mais à frente de nenhum cargo importante na Prefeitura. O grupo do secretário de Governo, Mauro Ricardo, ainda tentou nomear para o cargo o atual secretário adjunto, Daniel de Bonis, mas a manobra foi descartada pelo prefeito com temor de que fosse compreendida por Doria como uma forma de "manter" Cury na secretaria. O nome escolhido para substituí-lo é Bruno Caetano, ligado ao senador José Serra (PSDB).

De Bonis, porém, deve ser mantido como secretário adjunto. Cury foi importante na adoção do modelo descentralizado de entrega de frutas, legumes, vegetais e ovos para as creches conveniadas da Prefeitura, um gasto de R$ 100 milhões por mês.

O Estado procurou Cury, Alckmin e a Prefeitura sobre o caso. Os dois primeiros não se manifestaram. A secretaria do município confirmou a saída de Cury. Procurada, a gestão Doria informou que "não lhe cabe fazer juízo de valor sobre o passado".

Veja também

Moro vai usar escândalo como plebiscito da Lava Jato:
Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade