O motorista responsável por derrubar uma passarela no Rio de Janeiro ao andar com a caçamba do caminhão levantada deve ser o principal responsabilizado pelo acidente que causou quatro mortes e deixou cinco feridos na manhã de terça–feira. Ainda assim, porém, Luis Fernando Costa não ficará preso em regime fechado. Se condenado pelo homicídio culposo – quando não há a intenção de matar – das quatro vítimas fatais e lesão corporal culposa dos feridos, ele deve ficar preso em regime semiaberto por 5 ou 6 anos. É o que acredita o jurista e professor de direito Luiz Flávio Gomes.
"Estamos diante de uma tragédia que vai dar responsabilidade para o motorista. Ele tinha que ser mais cauteloso. A questão toda é: como essa caçamba ergueu? Foi por ação dele ou um problema mecânico? Na minha opinião, ele deve ser condenado por homicídio culposo – com pena de 2 a 4 anos –, que deve dar uns 5 ou 6 anos no regime semiaberto. O motorista nem vai paro o (regime) fechado", ponderou Gomes, em entrevista ao Terra.
A polícia investiga as causas do acidente para tentar determinar como a caçamba foi levantada. Imagens gravadas pelas câmeras de segurança da Lamsa – concessionária que administra a Linha Amarela, onde o acidente aconteceu – mostram que o caminhão da empresa Arco da Aliança entrou na via com a caçamba abaixada. Pouco mais de um minuto antes do acidente, porém, a estrutura começou a ser erguida, até o ponto em que ficou maior que a altura de 4,5 metros da passarela. A colisão foi registrada às 9h13.
"Está se descobrindo a razão por que aquela caçamba estava erguida. Esse é um problema que pode definir os rumos da condenação, se o homicídio foi intencional ou culposo. Sendo falha mecânica, isenta o motorista de responsabilidade – e se passa a ter que descobrir quem fabricou errado. De qualquer maneira, o motorista trafegava em horário irregular, e vai ter que responder por isso", garante Luiz Flávio Gomes.
O jurista acredita que, caso seja comprovada uma eventual falha mecânica, Luis Fernando Costa não será condenado por homicídio culposo; caso ele tenha erguido a caçamba, no entanto, a pena por esse crime é bastante provável. Além dele, também a empresa deve ser responsabilizada pela queda da passarela. O veículo da Arco Aliança tinha três multas - duas delas gravíssimas - e tinha autorização da prefeitura para retirar entulho. Contudo, o caminhão não prestava serviço para as autoridades do Rio de Janeiro.
"Mesmo que estivesse trabalhando para a prefeitura, a empresa não é da prefeitura. Assim, a administração do Rio de Janeiro não pode ser responsabilizada pelo acidente", explica o professor de direito. Ele detalha ainda que empresa e motorista terão que ressarcir os cofres públicos e as famílias das vítimas. "Faz parte dos custos: a coisa pública precisa ser ressarcida. Tem que ressarcir os donos dos carros, o valor da passarela, as despesas com hospitais e os parentes das vítimas, além dos feridos. Precisamos fazer isso da maneira mais séria."
Para jurista, punições deveriam ser mais eficazes
RJ: caçamba de caminhão que derrubou passarela é retirada:
Luiz Flávio Gomes se mostra preocupado com o futuro decorrer do processo, e acredita que a Justiça brasileira demora a agir. "O mal do Brasil, terrível, é que o sujeito mata, o processo demora, e no final ele não paga nada. As vítimas estão aí, os parentes às vezes ficam carentes, porque perdem o chefe da família, e nada acontece", avalia o jurista. Ele defende que punições que levam anos a ser aplicadas - como a suspensão do direito de dirigir e o valor que o responsável deverá pagar às vítimas - deveriam ser determinadas rapidamente.
"A justiça penal brasileira está muito errada, tinha que mudar. O motorista tinha que se apresentar a juiz para ele determinar uma série de medidas protetivas. Ele não deveria mais poder dirigir, teria que pagar indenização às famílias, uma pensão para as crianças afetadas. E isso tudo tinha que ser urgente. Em 48 horas, no máximo. É por isso que não existe prevenção."
28 de janeiro - Um táxi ficou completamente destruído na queda da passarela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Bombeiros trabalham no resgate às vítimas do acidente na Linha Amarela, quando uma passarela caiu depois que um caminhão, excedendo o limite de altura na via, derrubou a estrutura
Foto: Marcio Cassol / Futura Press
28 de janeiro - Informações preliminares dão conta que caçamba do caminhão estava levantada e atingiu passarela
Foto: Paulo Campos / Futura Press
28 de janeiro - Moto e táxi foram atingidos durante o acidente na Linha Amarela
Foto: Paulo Campos / Futura Press
28 de janeiro - Mulher sendo resgatada pelos bombeiros após ter ficado presa nas ferragens
Foto: Marcio Cassol / Futura Press
28 de janeiro - Helicópteros ajudaram no salvamento e resgate às vítimas do acidente no Rio
Foto: Paulo Campos / Futura Press
28 de janeiro - Acidente aconteceu em Del Castilho e interditou a Linha Amarela em toda sua extensão
Foto: Alexandra Hazan/Twitter / Reprodução
28 de janeiro - A passarela desabou após ser atingida por um caminhão na Linha Amarela
Foto: Twitter
28 de janeiro - Vários carros foram atingidos pela queda da passarela na Linha Amarela
Foto: Paulo Campos / Futura Press
28 de janeiro - O acidente ocorreu perto do acesso 4 da Linha Amarela
Foto: Reprodução
28 de janeiro - O veículo estaria com a caçamba erguida no momento do acidente
Foto: Reprodução
28 de janeiro - A estrutura atingiu veículos que passavam pela via
Foto: Reprodução
28 de janeiro - O limite de altura da passarela nesse trecho da Linha Amarela é de 4,5 metros
Foto: Google / Reprodução
28 de janeiro - Quatro pessoas morreram no acidente, segundo os bombeiros
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Caçamba do caminhão que atingiu a passarela na manhã de hoje
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Uma passarela desabou sobre veículos após ser atingida por caminhões no Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Bombeiros e funcionários que administram a via trabalharam no resgate e retirada dos escombros
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - O acidente bloqueou completamente a via
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Visão da parte que restou da passarela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Trabalhadores tentam remover a estrutura que desabou
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Passarela desaba na Linha Amarela e esmaga veículos no Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Passarela desaba na Linha Amarela e esmaga veículos no Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Os bombeiros identificaram os mortos como sendo Célia Maria, 64 anos, Adriano P. Oliveira, 26 anos, Renato P. Soares, 62 anos, e Alexandre G. Almeida, de idade não informada. Célia e Adriano estariam caminhando pela passarela no momento da colisão
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Por conta da interdição, trânsito ficou complicado no Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Trânsito ficou bloqueado na via por conta do acidente
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Operários trabalham na remoção da estrutura
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Carro ficou destruído após ser atingido pela passarela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - Ainda não há informações sobre o estado de saúde dele
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - O motorista do caminhão, identificado como Luiz Fernando Costa, 30 anos, foi encaminhado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca
Foto: Mauro Pimentel / Terra
28 de janeiro - O padeiro Assis Rodrigues Silva (esquerda), 31 anos, passa todos os dias, mais de uma vez, pela passarela que cruza a avenida Brasil na altura do bairro de Pilares e liga as comunidades de Águia de Ouro e Favela da Guarda, na zona norte do Rio de Janeiro
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Vista da Linha Amarela após a remoção de uma passarela, na altura de Pilares, no Rio
Foto: Ale Silva / Futura Press
29 de janeiro - Ao menos 15 carros fecharam completamente a Linha Amarela no sentido Barra, na altura da passarela em Pilares, por cerca de meia hora
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Um grupo de familiares do taxista que morreu no acidente fez um protesto que interrompeu a Linha Amarela
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Ao menos 15 carros fecharam completamente a Linha Amarela no sentido Barra, na altura da passarela em Pilares, por cerca de meia hora
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Carreata percorreu trecho do cemitério em que o corpo de Alexandre Gonçalves de Almeida foi enterrado até o local do acidente
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Durante o protesto, moradores da comunidade vizinha à passarela quebraram a proteção acústica que os separa da pista e se uniram ao protesto, sendo dispersados pela polícia
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Durante o protesto, moradores da comunidade vizinha à passarela quebraram a proteção acústica que os separa da pista e se uniram ao protesto, sendo dispersados pela polícia
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Durante o protesto, moradores da comunidade vizinha à passarela quebraram a proteção acústica que os separa da pista e se uniram ao protesto, sendo dispersados pela polícia
Foto: Mauro Pimentel / Terra
29 de janeiro - Em entrevista coletiva, delegado Fábio Asty afirma que motorista do caminhão admitiu que falava no celular no momento do acidente
Foto: Mauro Pimentel / Terra
30 de janeiro - A mulhera de Luiz Carlos Guimarães, 70 anos, quinta vítima do acidente que derrubou uma passarela na Linha Amarela, passa mal durante o velório, no Cemitério Parque da Colina, em Niterói