PUBLICIDADE

Trânsito

BA: caminhoneiros reclamam de comida cara no 3º dia de protestos

3 jul 2013 - 23h03
(atualizado às 23h05)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Caminhoneiros parados na BR-116 em Cândido Sales, na Bahia, protestam por melhores condições de trabalho e redução no preço do combustível</p>
Caminhoneiros parados na BR-116 em Cândido Sales, na Bahia, protestam por melhores condições de trabalho e redução no preço do combustível
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra

Caminhoneiros que estão parados nas proximidades de Cândido Sales, na Bahia, em manifestação desde a segunda-feira, reclamaram nesta quarta-feira que estão sendo explorados por comerciantes locais. “Eles estão se aproveitando de nós. Uma garrafa de água, vendida a R$ 2, estão nos vendendo por R$ 5. O almoço era R$ 12 o quilo e passou a R$ 16”, reclamou o caminhoneiro Valter Marzola, 31 anos.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

No trecho de cerca de 40 quilômetros entre o quilômetro 900 da BR-116 e a divisa com Minas Gerais, havia cerca de 8 mil caminhões, de acordo com os manifestantes. A Polícia Rodoviária Federal, porém, calculou cerca de 4 mil caminhões parados em diversos pontos e no acostamento da rodovia.

Muitos caminhoneiros disseram que já estão ficando sem dinheiro e que não têm onde sacar. Outros, estão tomando dinheiro emprestado com colegas. Em Cândido Sales, só há agências do Banco do Brasil e do Bradesco. “Não achei local que aceitasse meu cartão do Itaú. Se não fosse meu colega, não teria nem como almoçar”, disse Dário Santana, motorista de uma empresa terceirizada dos Correios.

Num restaurante a 10 quilômetros de Cândido Sales, as compras que eram feitas apenas uma vez por semana passaram a ser feitas duas vezes ao dia. “Se não for assim, não tem como atender”, disse Danilo Costa, 23 anos, funcionário do estabelecimento, onde a refeição para uma pessoa custa R$ 12. “Não tivemos aumento dos preços”, afirma.

Ao contrário dos dois primeiros dias de protesto, quando houve bloqueio em três pontos da BR-116, com carretas atravessadas na pista, nesta quarta os manifestantes não permitiam passar apenas caminhões e carretas com cargas não-perecíveis. Ônibus de viagem, veículos de passeio e caminhões com cargas não eram retidos.

“Não queremos confusão, nossa manifestação é para melhorar o Brasil”, disse o caminhoneiro Ricardo Moura, 35 anos. “O que desejamos é, principalmente, redução do preço do combustível, melhoria nas estradas e o aumento do frete, pois estamos tendo mais prejuízo que lucro”, afirmou.

Outro caminhoneiro, Francisco Frázio de Oliveira, 49 anos, disse que a transportadora para onde trabalha cobra, no frete, R$ 10 mil, e paga a ele R$ 4,3 mil. “Pra eles é só lucro, isso tem de acabar”, reclamou. Frázio eram um dos cerca de 400 caminhoneiros que estavam parados num posto às margens da BR-116, no quilômetro 900 da rodovia, onde os vidros de alguns caminhões foram pintados com mensagens como “Fora Dilma” e “Injustiça”.

Até o início da noite desta quart-feira, a Polícia Rodoviária Federal não tinha registrado nenhuma ocorrência envolvendo o protesto. Caminhoneiros reclamaram de assaltos, mas não houve o registro de nenhum crime.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade