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Política

Tudo que Bolsonaro já falou até agora sobre a pandemia

"Superdimensionado", "fantasia", depoimento de máscara cirúrgica e presença em manifestação

16 mar 2020 - 19h32
(atualizado às 19h58)
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Desde que falou pela primeira vez sobre o coronavírus, no dia 9 de março, o presidente Jair Bolsonaro já declarou que o vírus estaria sendo superdimensionado, mas apareceu de máscara em rede nacional para fazer um pronunciamento sobre o tema. Negou apertar a mão de apoiadores como medida de prevenção em um dia, para, três dias depois, participar de uma manifestação no dia 15 de março.

O discurso, aparentemente contraditório, também mudou de foco algumas vezes. Se na primeira vez que abordou o tema, a atenção do presidente estava voltada ao impacto econômico do coronavírus, a partir do dia 11 de março, declarações com foco na saúde pública, e também no contexto político, começaram a ganhar vez.

O fato que não mudou até aqui, contudo, é a aparente pouca gravidade atribuída por Bolsonaro ao coronavírus. Desde o primeiro momento até aqui, o presidente tem tentado minimizar os perigos e o impacto do vírus.

Veja o que Jair Bolsonaro falou sobre o coronavírus até aqui:

09/03 - 'Coronavírus está superdimensionado'

Bolsonaro falou pela primeira vez sobre o coronavírus em sua viagem oficial aos Estados Unidos. Durante um evento em Miami, o presidente citou o vírus como um dos fatores que contribuíram para a queda da Bolsa e dos indicadores econômicos do Brasil, opinando que "o poder destruidor" do vírus estaria sendo superdimensionado.

"Os números vêm demonstrando que o Brasil começou a se arrumar em sua economia. Obviamente, os números de hoje têm a ver, a queda drástica da Bolsa de Valores no mundo todo, tem a ver com a queda do petróleo que despencou, se eu não me engano, 30%. Tem a questão do coronavírus também que no meu entender está superdimensionado o poder destruidor desse vírus, então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica", disse.

10/03 - 'Muito do que falam é fantasia, isso não é crise'

Um dia depois de falar pela primeira vez sobre o coronavírus, Bolsonaro voltou a abordar o tema durante outro evento realizado em Miami. O presidente negou que houvesse uma crise em curso e culpou a imprensa pela situação.

"Muito do que tem ali é mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga", afirmou o presidente.

Um dia depois, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia do novo coronavírus, após registrar mais de 118 mil casos em 114 países, e 4.291 mortes.

11/03 - 'Outras gripes mataram mais que essa'

Ao comentar o tema pelo 3º dia seguido, após a declaração da OMS, o presidente tratou o tema dando foco à saúde pela primeira vez. Apesar de dizer que não é médico, Bolsonaro pareceu minimizar a preocupação com o coronavírus, ao afirmar que "outras gripes mataram mais".

"Vou ligar para o Mandetta agora a pouco. Eu não sou médico, eu não sou infectologista. O que eu ouvi até o momento, outras gripes mataram mais do que essa", falou.

Na oportunidade, o presidente também foi questionado sobre a realização dos atos convocados para o dia 15 de março, em protesto ao Congresso Nacional e ao STF, frente à indicação de evitar aglomerações. Apesar de ter compartilhado vídeos que convocavam para o ato, Bolsonaro se limitou a negar qualquer responsabilidade: "Eu não convoquei ninguém, pergunta para quem convocou."

12/03 - Máscaras durante pronunciamento nacional

O retorno da comitiva brasileira dos Estados Unidos marcou também o primeiro caso de coronavírus no governo. Com o diagnóstico positivo do Secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, para o vírus, medidas de segurança foram adotadas no Planalto, e o presidente voltou a falar sobre o covid-19, desta vez em rede nacional.

Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, usam máscaras cirúrgicas em live no Facebook
Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, usam máscaras cirúrgicas em live no Facebook
Foto: Facebook / Reprodução / Estadão Conteúdo

Ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta - os dois usando máscaras - Bolsonaro recomendou que os atos do dia 15 de março fossem adiados ou suspensos.

"O que nós devemos fazer é evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas, porque os hospitais não dariam vazão a tanta gente. Uma das ideias é adiar e suspender para daqui um ou dois meses", declarou.

13/03 - 'Apesar do meu teste ter dado negativo, eu não vou apertar a mão de vocês'

Após anunciar que testou negativo para coronavírus, Bolsonaro voltou a aparecer em público. Fotografado andando no Planalto de máscara cirúrgica, o presidente se dirigiu a apoiadores na frente do Palácio da Alvorada. "Vida segue normal, um grande desafio pela frente muitos problemas para serem resolvidos", disse.

Apesar de conversar com os apoiadores, o presidente não os cumprimentou e evitou ficar próximo à grade que o separava do público. "Apesar do meu teste ter dado negativo, eu não vou apertar a mão de vocês".

15/03 - 'Pode, sim, transformar em uma questão bastante grave'

Três dias depois de ter contraindicado a realização das manifestações convocadas contra o Congresso Nacional, Bolsonaro descumpriu a recomendação do Ministério da Saúde, de evitar aglomerações após ter contato com alguém contaminado, e interagiu com manifestantes em Brasília. Um levantamento realizado pelo Estado mostra que o presidente entrou em contato com, pelo menos, 272 pessoas.

Após a participação no ato, o presidente, em entrevista à CNN, Bolsonaro admitiu que a questão pode se agravar no País, mas também chamou de "extremismo" e "histeria" medidas adotadas diante da pandemia do coronavírus, como o fechamento provisório de lugares com alta aglomeração de pessoas, a suspensão de atividades escolares e a proibição de jogos de futebol

"Porque não vai, no meu entender, conter a expansão desta forma muito rígida. Devemos tomar providências porque pode, sim, transformar em uma questão bastante grave a questão do vírus no Brasil, mas sem histeria", opinou o presidente.

16/03 - 'Superdimensionamento' outra vez

Exatamente uma semana após fazer a primeira declaração, Bolsonaro voltou a usar o termo 'superdimensionamento' para definir a situação do coronavírus. Descumprindo mais uma vez a orientação de ficar em quarentena após ter contato com uma pessoa infectada por coronavírus, o presidente deixou o Palácio da Alvorada em direção ao Planalto, onde fez a última declaração.

"Foi surpreendente o que aconteceu na rua até com esse superdimensionamento. Que vai ter problema vai ter, quem é idoso, (quem) está com problema, (quem tem) alguma deficiência, mas não é tudo isso que dizem. Até que a China já praticamente está acabando", afirmou o presidente.

Veja também:

Diário do coronavírus em Wuhan: a história de um casal em quarentena onde tudo começou:
Estadão
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