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Política

Rio: deputados pedem que MP investigue supostos abusos de Cabral

8 jul 2013 - 18h40
(atualizado às 18h41)
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O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputado Marcelo Freixo (Psol), se reuniu nesta segunda-feira com os deputados Paulo Ramos (PDT), Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) e com uma equipe de advogados da Casa para estudar medidas jurídicas imediatas que possam inibir os atos considerados por eles como “abusivos” praticados pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Freixo considerou um “descaso com o bem público” o fato de Cabral utilizar o helicóptero oficial para viagens particulares com a família e amigos. Os deputados vão encaminhar à Procuradoria da República e ao Ministério Público Estadual as denúncias contra o governador, pedindo investigação de crime por peculato e improbidade administrativa. Na Alerj, os deputados já apresentaram a acusação de crime por responsabilidade e anunciaram para agosto a coleta de assinaturas para instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que irá apurar os atos de Cabral.

As denúncias que dão detalhes sobre as viagens de Sérgio Cabral a bordo da aeronave do governo foram publicadas na revista Veja desta semana, que teve como fonte um dos pilotos responsáveis pelo chamado “voo da alegria”. Segundo a reportagem, o governo gasta mensalmente R$ 312 mil para manter o helicóptero, que é usado por Cabral para cumprir a sua agenda oficial e para passear com a família nos fins de semana. A compra da aeronave, um Augusta New Grand AW 109, foi solicitada pelo governador e executada em 2011, por R$ 12 milhões. Cabral conheceu esse modelo viajando em um idêntico, de propriedade do empresário Eike Batista.

Segundo o piloto, não identificado na reportagem da Veja, durante a semana Cabral usa o helicóptero no trajeto de sua casa para o Palácio das Laranjeiras, num trecho de apenas 10 quilômetros, e o voo tem duração de três minutos. Nos fins de semana, o governador costuma manter uma rotina: nas sextas, o helicóptero oficial leva a primeira dama, Adriana Ancelmo, os dois filhos do casal, duas babás, o cachorro de estimação Juquinha e amigos para sua mansão localizada em Mangaratiba, litoral do Rio de Janeiro, e após retorna ao heliporto do governo; no sábado, a aeronave leva o governador para Mangaratiba; no domingo, são duas as viagens no Augusta: a primeira é exclusiva para a família, e a segunda retorna ao Rio com as empregadas, em voo conhecido pelos pilotos como “voo das babás”. Há ainda as viagens das comitivas de apoio para assuntos pessoais, que carregam cabeleireiras, médicos, pranchas de surfe e amigos dos filhos.

As declarações do piloto causaram indignação aos políticos e à população. Para o deputado Luiz Corrêa da Rocha, as regras para uso de viaturas do governo são claras. “É preciso ser funcionário público, estar a serviço do Estado e respeitar a previsão constitucional da razoabilidade”, destacou Freixo. Na visão do deputado, o governador do Estado usar um helicóptero oficial, pago com dinheiro público para levar “a família e até o cachorro” para sua propriedade particular é um ato inadmissível.

“Isso faz mal à democracia. Ele tem a certeza da impunidade”, afirmou Freixo. O deputado destacou que o nome de Sérgio Cabral é criticado nas manifestações que têm tomado as ruas do Rio, mas o governador não se preocupa com as reivindicações da população. “Quem sabe agora, após mais essas denúncias, o carioca não destina um dia para sair de casa com guardanapo na cabeça e, assim, mostrar a sua insatisfação com o governo de Cabral”, disse Freixo, referindo-se ao episódio em que fotos de Cabral ao lado de Fernando Cavendish, então dono da construtora Delta, e outros integrantes do governo do Estado aparecem em uma festa em Paris com guardanapos em forma de bandanas na cabeça.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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