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Política

Temer adia escolha de Marun de olho em apoio do PSDB em reforma

22 nov 2017 - 21h17
(atualizado em 23/11/2017 às 08h11)
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Carlos Marun concede entrevista em Brasília
 17/4/2017    REUTERS/Ueslei Marcelino
Carlos Marun concede entrevista em Brasília 17/4/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Mesmo sob pressão da bancada do PMDB da Câmara, o presidente Michel Temer decidiu adiar, ao menos por enquanto, a substituição do tucano Antonio Imbassahy pelo peemedebista Carlos Marun na Secretaria de Governo a fim de garantir votos do PSDB na nova versão da reforma da Previdência.

A bancada de deputados do PMDB tinha levado a Temer o nome de Marun --parlamentar de primeiro mandato, aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ainda relator da CPI da JBS-- ao cargo para aumentar a participação da legenda na Esplanada dos Ministérios.

O partido --que tem a maior bancada da Casa com 60 deputados-- elevou a cobrança pelo cargo depois que o presidente decidiu escolher o deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO) para o poderoso Ministério das Cidades no lugar do tucano Bruno Araújo. Baldy, que deve se filiar ao PP, teve o apoio de partidos do centrão e do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Marun cumpre a exigência imposta pelo presidente de querer ficar no governo até o final de 2018 e não se candidatar a um cargo eletivo em outubro próximo. Interlocutores do PMDB chegaram a confirmar que o deputado havia sido escolhido por Temer e poderia tomar posse nesta quarta-feira juntamente com Baldy.

No meio da tarde, a Secretaria de Imprensa da Presidência, contudo, negou oficialmente a escolha de Marun e afirmou que Imbassahy continuava no cargo e admitiu que as conversas sobre uma eventual troca na Secretaria de Governo continuavam.

A dez minutos para o início previsto para a cerimônia de transmissão de cargo para Baldy, a posse conjunta chegou a ser anunciada oficialmente no Twitter, mas a postagem foi posteriormente apagada.

"O perfil do Planalto no Twitter publicou de maneira equivocada que o deputado Carlos Marun tomaria posse hoje na Secretaria de Governo. O funcionário terceirizado responsável pela publicação errada foi advertido e a mensagem, apagada. Lamentamos o equívoco", informou, em nota, o Gabinete Digital do Planalto.

O governo trabalha, segundo uma fonte palaciana, para garantir os votos do PSDB na reforma da Previdência --o partido tem a terceira maior bancada da Câmara, com 46 deputados-- e também o destino de Antonio Imbassahy, tido como um dos aliados mais fiéis de Temer durante a crise política.

Na semana passada, líderes do PSDB --partido que deverá desembarcar do governo em convenção marcada para o dia 9-- disseram à Reuters que o apoio à reforma da Previdência não era incondicional.

Em reunião nesta quarta, a legenda decidiu orientar a favor da reforma, mas não fechou questão sobre o assunto, o que obrigaria os deputados a seguirem a determinação para evitar punições partidárias.

"Nós votamos o texto original e entendemos que o governo estar mandando um outro que representa um recuo. Mas é a realidade política do Congresso", disse o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman.

Na avaliação dos aliados, o governo parte de um piso de 220 votos e todo apoio é importante para aprovar a reforma. Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição são necessários os votos de 308 dos 513 deputados.

Ainda assim, a tendência --segundo no Planalto-- é que Marun vire ministro da Secretaria de Governo nos próximos dias, mas o governo busca uma solução política a fim de não melindrar o PMDB --pelo adiamento da escolha-- e o PSDB de Imbassahy. Na manhã desta quarta-feira, o presidente licenciado do PSDB e um dos principais aliados de Temer, o senador Aécio Neves (MG), reuniu-se com o presidente para tentar manter Imbassahy no cargo.

Presente à solenidade de posse de Baldy, Marun afirmou que há uma vontade do PMDB de que ele vire ministro, mas o convite oficial e o agendamento da posse não ocorreu.

"Eu me sinto deputado federal, como era e continuarei sendo, salvo se o presidente entender em contrário, se fizer o convite, estarei à disposição", disse o deputado, ao dizer que seu nome tem tido apoio de deputados de vários partidos, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Sou e serei um apoiador da reforma da Previdência. Obviamente não estou vinculando uma coisa à outra", disse Marun. "Só fiquei feliz por saber que o boato da minha indicação fez a Bolsa subir e o dólar cair", completou.

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