Mesmo sob pressão por anistia, Congresso prioriza projeto do IR enviado por Lula
A proposta, que está sob regime de urgência desde 21 de agosto, ainda não tem data marcada para ser apreciada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou nesta quinta-feira, 11, acreditar que o Congresso aprovará os projetos do Gás para Todos e para ampliar a faixa de isenção do imposto de renda.
"Acho que o Congresso vai votar a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e o desconto para quem ganha até R$ 7,3 mil. E não é favor ao presidente da República", declarou durante entrevista à Bandeirantes.
O petista voltou a defender a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da segurança pública.
"O Congresso tem que aprovar a PEC da segurança pública, porque a PEC vai permitir definir claramente a participação do governo federal junto com governos estaduais, se quisermos enfrentar de verdade o crime e a violência", falou.
Motta já definiu pauta como prioridade
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que tem como compromisso a votação da ampliação da isenção do Imposto de Renda por meio de projeto de lei. O comunicado foi feito na rede social X nesta segunda-feira, 8.
Na postagem, Motta reproduziu uma publicação do jornal Valor Econômico que diz que a demora na votação do projeto sobre o Imposto de Renda pode levar o governo federal a editar uma Medida Provisória para instituir o benefício.
"Conversei agora com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e informei que o compromisso da Câmara é votar a matéria que amplia a isenção do Imposto de Renda via PL 1087/2025, de relatoria do deputado Arthur Lira (PP-AL)", escreveu Motta.
O presidente da Câmara acrescentou:
"Há um entendimento da Casa que é uma prioridade para o Brasil e os brasileiros."
O projeto relatado por Lira já foi aprovado em comissão especial ainda no 1º semestre legislativo. Desde a volta do recesso parlamentar, Motta pautou apenas o requerimento de urgência para o projeto, mas ainda não colocou o mérito para votação.
A proposta, que está sob regime de urgência desde 21 de agosto, ainda não tem data marcada para ser apreciada.
De acordo com o parecer de Lira, haverá isenção de Imposto de Renda para quem recebe R$ 5 mil mensais e redução parcial para quem tem renda mensal de até R$ 7.350.
Direita aemaça parar Congresso
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, disse que o partido vai "parar" o Congresso Nacional se a anistia aos acusados de tentativa de golpe de Estado não for votada.
Em entrevista à Rádio Eldorado nesta terça-feira, 9, o cacique disse ter maioria para aprovar a proposta e defendeu que a medida seja "ampla, geral e irrestrita".
"Se não votarem a anistia, nós vamos parar o Congresso. Hoje temos maioria para isso. Não queríamos dar prejuízo ao País, evidentemente que não, mas nós vamos ter que parar, porque nós não temos outra arma, e nós temos que fazer alguma coisa", declarou.
Questionado se o PL estaria disposto a ceder em algum ponto do projeto para viabilizar sua aprovação - já que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), rejeita a anistia "ampla, geral e irrestrita" -, Valdemar respondeu que não.
Ainda na entrevista, o dirigente evitou dizer se concorda com a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chamou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de "tirano" durante manifestação bolsonarista do último domingo.
"Meu advogado me orientou a não atacar nenhum ministro do Supremo e ele tem razão nisso, nós temos que respeitar o Supremo, mas é uma loucura o que está acontecendo", disse, classificando a reação de Tarcísio como "natural".
Valdemar ainda afirmou ter adorado ver a bandeira dos Estados Unidos estendida durante a manifestação de 7 de Setembro, Dia da Independência, na Avenida Paulista. A presença da bandeira foi criticada pelo pastor Silas Malafaia, que levantou a hipótese de ter sido "armação da esquerda".
"(Não foi um erro), pelo contrário, porque nós temos esperança de que o Trump possa ajudar o Bolsonaro", explicou Valdemar.
"Adorei quando vi a bandeira americana na rua. Por quê? (...) Isso vai chegar para o Trump, para ele ver que o povo brasileiro não é contra os americanos, que nós os queremos do nosso lado, e precisamos dele hoje, porque não temos a quem recorrer."
Ao ser perguntado se repetirá com Bolsonaro a estratégia do PT em 2018, que registrou a candidatura de Lula mesmo preso, Valdemar afirmou que o partido aposta na anistia para reabilitar o ex-presidente.
Acrescentou, porém, que, caso ele não possa disputar, caberá ao próprio Bolsonaro definir o substituto e o vice.
Romário
O presidente do PL também descartou a expulsão do senador Romário (PL-RJ), hostilizado na manifestação da Paulista por não apoiar o impeachment de Alexandre de Moraes.
Disse que o PL, com 15 senadores, perderia força sem ele, já que muitas votações no Congresso dependem da maior bancada.
"Já falei com o Romário. Ele disse que se dava muito com o Alexandre de Moraes, que sempre o tratou com atenção e carinho, e que por isso não poderia assinar (o impeachment). Ele me deu uma satisfação. Assim como o Ciro Nogueira, que também não assinou por ser muito amigo do Alexandre", afirmou.
"Temos que respeitar a posição pessoal de cada um. O Romário já está na marcação da torcida não é de agora."
Segundo Valdemar, o partido ainda vai conversar com o senador sobre seu futuro na legenda, para entender se ele deseja permanecer na sigla.
"Nós, tecnicamente, precisamos dele no partido. Eu não ia explicar isso no microfone, lá na Paulista", disse.
Valdemar também foi questionado sobre o xadrez do Senado em São Paulo diante da possibilidade de o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não voltar ao País.
Para ele, o vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Mello Araújo, seria uma "boa ideia" e conta com apoio dentro do partido. O dirigente citou ainda o pastor Marco Feliciano (PL-SP) e o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP).
Estadão Conteúdo