Expulso de partido de Bolsonaro e 2º parlamentar mais votado do CE: quem é o deputado alvo da PF
Natural de Novas Russas, Júnior Mano é investigado em operação contra fraudes em licitações
O deputado Júnior Mano (PSB-CE) é o principal alvo da Operação Underhand da Polícia Federal, que investiga fraudes em licitações e desvio de verbas públicas no Ceará, com indícios de envolvimento direto em esquemas ilícitos para campanhas eleitorais.
O deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) é o principal alvo da Operação Underhand, que mira uma organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos por meio de fraudes em licitações no Ceará. A ação foi realizada na manhã desta terça-feira, 8, pela Polícia Federal.
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Os agentes cumpriram, no total, 15 mandados de busca e apreensão em cinco cidades do Ceará --Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio-- e em Brasília (DF). Os mandados foram autorizados pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Quem é o deputado
Conhecido como Júnior Mano, Antônio Luiz Rodrigues Mano Júnior é parlamentar na Câmara dos Deputados desde 2018, quando foi eleito pela primeira vez com mais de 67 mil votos. Em 2022, foi reeleito com mais de 216 mil votos --segundo mais votado do Estado.
Na ocasião, ele era do partido do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), mas foi expulso dois anos depois, ao declarar apoio ao candidato à prefeitura de Fortaleza, Evandro Leitão (PT). Júnior havia organizado um evento em apoio ao colega. Na época, Leitão era oponente do deputado bolsonarista André Fernandes (PL).
Natural de Novas Russas, no Ceará, ele começou a trajetória política como vice-prefeito, em 2016. Em seu site, ele afirma que é “movido pelo amor à família e pela fé em Deus”. O político é casado e tem uma filha.
De acordo com a sua descrição, Júnior afirma ter apresentado mais de 80 projetos e ações, “buscando sempre a melhoria da infraestrutura, saúde e educação para os cearenses e brasileiros”.
O Terra tentou contato com o gabinete do deputado, mas não teve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.
O que diz a investigação?
Segundo a PF, o grupo investigado é suspeito de articular o direcionamento de verbas públicas a determinadas cidades cearenses mediante contrapartidas financeiras ilícitas, além de influenciar procedimentos licitatórios por meio de empresas vinculadas ao grupo.
Os contratos fraudulentos serviram para gerar recursos de caixa dois que foram usados para custear campanhas eleitorais do grupo político no Ceará em 2024.
A investigação teve início na Superintendência da Polícia Federal no Ceará a partir de denúncia da ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos). Ela afirma que o esquema de desvio de emendas teria se alastrado por pelo menos 51 municípios cearenses.
Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto do Choró (PSB), atualmente foragido, foi apontado como operador dos desvios. Ele ficaria encarregado de abordar gestores públicos e oferecer emendas de Junior Mano em troca de uma comissão.
Os autos foram enviados ao Supremo após indícios de participação do deputado. As suspeitas levaram a PF a pedir a transferência do caso. No documento, os investigadores apontaram "envolvimento direto" do parlamentar nos desvios para "alimentar o esquema (de compra de votos) e consolidar sua base de apoio político".
As condutas investigadas envolvem os seguintes crimes:
- organização criminosa;
- captação ilícita de sufrágio;
- lavagem de dinheiro; e
- falsidade ideológica com fim eleitoral.
A investigação também contou com apoio técnico da Controladoria-Geral da União (CGU). Além dos mandados, foi determinado o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas e o acesso aos dados telemáticos de celulares apreendidos.
*(Com informações do Estadão Conteúdo).