'Esquema fraudulento começou em 2019', diz Randolfe sobre INSS
Líder do governo no Senado critica oposição por insistir na convocação do irmão de Lula e defende foco em associações investigadas pela PF
A CPI mista do INSS ouviu nesta quinta-feira, 28, seus primeiros depoimentos. O senador Randolfe Rodrigues destacou que as fraudes investigadas começaram antes da gestão atual, citando denúncias desde 2017 e medidas provisórias que teriam facilitado o esquema. A base governista, reforçada com a presença de deputados como Paulo Pimenta, busca concentrar a investigação nas responsabilidades administrativas do órgão, enquanto a oposição amplia sua presença na comissão. Randolfe ressaltou que a nova configuração da CPMI deixa a base mais preparada para conduzir as apurações e evitar derrotas regimentais.
A CPMI que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouviu nesta quinta-feira, 28, os primeiros depoimentos. O líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (AP–PT), afirmou que o esquema teria começado em 2019 e defendeu que as investigações se concentrem em dirigentes de entidades mencionadas pela Polícia Federal.
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Segundo o senador, também devem ser ouvidos integrantes da estrutura do INSS que permaneceram em cargos ao longo de diferentes governos. “É importante entender por que não tomaram as medidas necessárias para barrar as fraudes que já estavam em curso”, disse.
Randolfe avaliou que as oitivas iniciais confirmam o rumo da apuração e defendeu que a CPI investigue possíveis vínculos de dirigentes com campanhas eleitorais. “Há relatos de repasses a candidatos à Presidência, do ex-presidente Bolsonaro e isso precisa ser esclarecido”, declarou.
A oposição insiste em convocar o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o senador, trata-se de uma tentativa de desviar o foco da comissão. “Há uma forçação de barra. O que precisa é chamar presidentes das entidades, não diretores. Se for para convocar diretores, que se convoquem todos de todas as associações. Não dá para escolher alvos políticos”, disse. "Eles querem transformar a CPI em palanque eleitoral. Nós queremos investigação. Essa forçação de barra só atrapalha o trabalho sério que precisa ser feito”, afirmou.
Apesar do embate, Randolfe reforçou que a base governista não vai abrir mão de ampliar o número de testemunhas ligadas diretamente ao funcionamento do INSS. "Eles querem procurar um fiozinho de cabelo, nós queremos mostrar a cabeleira toda, inclusive dos carecas”, disse.
O líder do governo comentou também as mudanças recentes na CPMI, em um momento de recomposição de forças do colegiado. Após perder a presidência e a relatoria para a oposição, o governo substituiu sete integrantes, aumentando a bancada do PT de cinco para sete membros, com o objetivo de reduzir riscos de deserção e consolidar a atuação do partido na comissão.
Alguns nomes tradicionais, como Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), optaram por deixar a CPMI, transferindo ao PT a responsabilidade de enfrentar o embate político. Do lado da oposição, houve reforço da chamada “tropa de choque”, com a entrada de Silas Câmara (Republicanos-AM) e Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
Para Randolfe, esse novo equilíbrio indica que a base governista “aprendeu com as omissões e traições das primeiras sessões” e está agora mais preparada para evitar derrotas regimentais.

