Eduardo justifica pedido para trabalhar dos EUA dizendo que situação é mais grave hoje do que na pandemia de covid
Deputado enviou ofício ao presidente da Câmara solicitando para exercer o mandato dos Estados Unidos
Eduardo Bolsonaro solicitou exercer seu mandato dos EUA, alegando perseguição política e condições mais graves que na pandemia, enquanto enfrenta indiciamentos e possível processo de cassação pela Câmara dos Deputados.
Em ofício enviado ao presidente da Câmara para exercer o mandato dos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) destacou que a Casa já criou precedentes para a participação remota durante a pandemia de covid-19 e, com isso, poderia criar mecanismos para que ele atue à distância. O parlamentar alegou que hoje "as condições são muito mais graves do que as vividas naquele período".
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"A Câmara dos Deputados já criou precedentes claros para a participação remota de parlamentares durante a pandemia de covid-19, preservando a continuidade dos trabalhos em circunstâncias excepcionais", escreveu Eduardo no documento destinado a Hugo Motta (Republicanos-PB) e replicado em seu perfil do X.
"Contudo, as condições atuais são muito mais graves do que as vividas naquele período: o risco de um parlamentar brasileiro ser alvo de perseguição política hoje é incomparavelmente maior do que o risco de adoecer gravemente durante a pandemia. Não se pode admitir que o que foi assegurado em tempos de crise sanitária deixe de sê-lo em um momento de crise institucional ainda mais profunda", acrescentou o parlamentar.
Ofício que enviei hoje ao Presidente da Câmara Hugo Motta falando sobre minha situação de perseguição política, que me impede de retornar ao Brasil e bem exercer minha função de parlamentar. pic.twitter.com/c3AlOZKl3M
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) August 29, 2025
No documento, Eduardo ainda diz que tem realizado "diplomacia parlamentar" e que, se não fosse pela "permanência forçada" nos Estados Unidos em razão de "perseguições políticas", provavelmente seria o atual presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN).
Ida de Eduardo aos EUA
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde o início de 2025. Em março, pediu licença do mandato na Câmara e anunciou que permaneceria no país, onde buscaria "sanções aos violadores dos direitos humanos", em referência ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras autoridades que se alinham ao magistrado.
Neste mês, Eduardo e Jair Bolsonaro foram indiciados pela Polícia Federal pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo. Segundo a investigação, o filho do ex-presidente estimulou sanções contra o Brasil com o objetivo de constranger o processo em que seu pai é réu por tentativa de golpe de Estado.
Na quarta-feira, 27, Eduardo participou à distância de uma subcomissão da Câmara. A participação ocorreu sem convite formal. Por outro lado, em 7 de agosto, Motta rechaçou a ideia de um "mandato à distância". "Não há previsibilidade para exercício do mandato à distância", disse Motta em entrevista ao portal Metrópoles. "Não há previsão no regimento para isso".
Quatro dias depois, em entrevista à revista Veja, Motta afirmou que não concorda com quem age para impor sanções ao próprio País. "Cada parlamentar tem a sua autonomia e a sua liberdade para agir com aquilo que entende ser importante para representar o seu eleitorado. Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do País, trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu País de origem e que tragam danos à economia do País", afirmou o presidente da Câmara.
Um processo de cassação de Eduardo Bolsonaro foi encaminhado ao Conselho de Ética por Motta no dia 15. O presidente da Casa despistou as ameaças do filho do ex-presidente, que afirmou, em mais de uma ocasião, que Motta poderia entrar no radar das sanções se não pautasse um projeto de lei de anistia aos réus dos 8 de Janeiro. (*Com informações do Estadão Conteúdo).
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