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Política

Comissão da Verdade de SP pede que Dilma reconheça assassinato de JK

10 dez 2013 - 18h26
(atualizado às 18h58)
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<p>O presidente da Comissão Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, Gilberto Natalini (PV), afirmou que o motorista de JK, Geraldo Ribeiro, foi baleado</p>
O presidente da Comissão Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, Gilberto Natalini (PV), afirmou que o motorista de JK, Geraldo Ribeiro, foi baleado
Foto: Bruno Santos / Terra

A Comissão da Verdade de São Paulo, denominada Comissão Vladimir Herzog e liderada pela Câmara Municipal, afirmou nesta terça-feira que pedirá à presidente Dilma Rousseff e ao Congresso que reconheçam que o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi assassinado durante a ditadura militar. Como tinha anunciado na segunda, a comissão apresentou hoje um relatório no qual são detalhadas revelações sobre as circunstâncias nas quais morreu o presidente do Brasil entre 1955 e 1960.

"Vamos enviar ofícios à presidente da República, ao presidente do Congresso, ao Supremo Tribunal Federal e à Comissão Nacional da Verdade pedindo que o Brasil reconheça que Juscelino foi assassinado e que sua morte não foi um acidente, mas um complô", disse o presidente da comissão, Gilberto Natalini.

A versão oficial aponta que Kubitschek morreu em 22 de agosto de 1976 num acidente de carro na Via Dutra, quando viajava com seu motorista de São Paulo ao Rio de Janeiro. Nas declarações contidas no relatório apresentado hoje, o perito criminal Alberto Carlos de Minas garantiu ter visto um buraco no crânio do motorista com características que indicavam que poderia ter sido provocado por um projétil de arma de fogo.

"O orifício do crânio do motorista de Juscelino é algo que vimos. O fragmento de metal achado dentro do crânio do cadáver na exumação foi explicado como um prego do caixão. Como um prego do caixão vai entrar dentro do crânio de um cadáver?", questionou Natalini em referência ao argumento oficial empregado pelo regime ditatorial. "Isso é um conto, não sei como o País pode ter acreditado nisso", ressaltou.

Após o acidente, segundo o perito consultado no relatório, as autoridades teriam proibido que se fotografasse o crânio, alegando que estava desfeito. De acordo com as investigações realizadas pela comissão, o Serviço Nacional de Informação (SNI) poderia ter sido um dos encarregados de ordenar o assassinato do ex-presidente.

"Em toda a conjuntura política que havia no País naquela época, Juscelino se perfilava como candidato e o regime não queria sua candidatura. A isso se somam as questões do Cone Sul", prosseguiu, em referência à Operação Condor, rede repressiva das ditaduras sul-americanas.

No Brasil, vários comitês para revisar episódios da ditadura foram abertos em Estados e municípios, depois que Dilma instalou em 2012 a Comissão Nacional da Verdade, que deve entregar no próximo ano um relatório final sobre os crimes do regime militar. No mês passado, o governo realizou perícias nos restos do ex-presidente João Goulart, derrubado no dia 31 de março de 1964 por um golpe militar, para determinar se foi envenenado pela Operação Condor.

Goulart morreu em 6 de dezembro de 1976 durante seu exílio na província argentina de Corrientes, próxima à fronteira com o Brasil. Em novembro finalmente recebeu honras de Estado por parte de Dilma.

EFE   
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