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Política

Anvisa repudia Bolsonaro e diz ser alvo de ativismo político

Em live nas redes sociais, Bolsonaro intimidou o órgão, exigindo os nomes dos servidores que aprovaram vacina para crianças de 5 a 11 anos

17 dez 2021 - 13h34
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Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro
Foto: Mateus Bonomi/AGIF/Sipa USA / Reuters

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu nota na tarde desta sexta-feira, 17, repudiando a fala do presidente Jair Bolsonaro que intimidou e pediu os nomes de servidores do órgão responsáveis pela aprovação da vacina contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. 

Na carta, que é assinada, a Anvisa afirma repudiar e repelir com veemência "qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias".

O órgão ressalta que o trabalho, principalmente no que diz respeito à análise vacinal, é "isento de pressões internas e avesso a pressões externas", além de ser "pautado na ciência" e oferece ao Ministério da Saúde, o Gestor do Plano Nacional de Imunização - PNI, "opções seguras, eficazes e de qualidade". 

A nota cita ainda ameaças e atos criminosos por parte de agentes antivacina. 

"Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento". 

Entenda 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira que pediu os nomes dos integrantes da Anvisa que aprovaram a indicação da vacina contra a covid-19 da Pfizer para crianças.

O presidente, que questiona a efetividade dos imunizantes em geral, afirma que ainda não se vacinou e critica a obrigatoriedade da vacinação e o chamado passaporte da vacina. Ele afirmou que avaliaria com sua esposa se irá vacinar sua filha de 11 anos.      

Bolsonaro fez questão de dizer ainda, na tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais que faz às quintas-feiras, que não interfere na Anvisa e que a agência não está subordinada a ele.  

Afirmou, no entanto, ter pedido os nomes dos responsáveis pela aprovação da vacina para crianças para que sejam divulgados publicamente e as pessoas possam "formar seu juízo".

O órgão regulador afirmou que os benefícios superam em muito os eventuais riscos da vacina, destacando a segurança do imunizante, a proteção para as crianças e o aumento da base de vacinados.

Leia a nota da Anvisa na íntegra: 

"Em relação às declarações do Sr. Presidente da República durante “Live” em mídia social no dia 16 de dezembro de 2021 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária comunica:

A Anvisa, órgão do Estado Brasileiro, vem a público informar que seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas.

O serviço público aqui realizado, no que se refere à análise vacinal, é pautado na ciência e oferece ao Ministério da Saúde, o Gestor do Plano Nacional de Imunização - PNI, opções seguras, eficazes e de qualidade.

Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento.

A Anvisa é líder de transparência em atos administrativos e todas as suas resoluções estão direta ou indiretamente atreladas ao nome de todos os nossos servidores, de um modo ou de outro.

A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão.

Antonio Barra Torres, Diretor-Presidente

Meiruze Sousa Freitas, Diretora

Cristiane Rose Jourdan Gomes, Diretora

Romison Rodrigues Mota, Diretor

Alex Machado Campos, Diretor"

* Com informações da Reuters 

Fonte: Redação Terra
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