SP: PM monta megaoperação para transferir líder do PCC para RO
16 nov2012 - 20h05
(atualizado às 20h13)
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Cícero Affonso
Direto de Presidente Prudente
Um forte aparato de segurança foi montado na tarde desta sexta-feira pela Companhia de Força Tática do 18º Batalhão da Polícia Militar e pela Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota) para a transferência de um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) de Presidente Bernardes (SP) para Porto Velho (RO). Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, saiu do Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) Doutor José Ismael Pedrosa, na cidade paulista, e foi levado até o aeroporto estadual de Presidente Prudente (565 km a oeste de São Paulo). Depois, encapuzado, algemado e ainda sob forte escolta policial, o preso foi embarcado em um avião que decolou com destino a cidade de Porto Velho (RO), onde deverá permanecer recolhido em um presídio federal.
Crachá identifica jovem que trabalhava em um supermercado e bebia cerveja com amigos durante a folga quando dois homens encapuzados chegaram em duas motos atirando
Já sentenciado, Roberto Soriano é um dos suspeitos de ordenar os ataques a policiais militares no Estado de São Paulo. Uma carta supostamente escrita por ele foi apreendida pelo Ministério Público Estadual no começo deste ano. Nela, Betinho Tiriça determinava vingança contra um policial acusado de matar um integrante do PCC. Ele estava no CRP desde maio deste ano, logo depois de ser flagrado enviando um bilhete com o nome de seis policiais militares da Rota que deveriam ser mortos.
A transferência de Betinho, identificado como sendo um dos chefões do PCC, facção que age dentro e fora dos presídios paulistas, faz parte da remoção de diversos líderes da quadrilha desenvolvida logo depois que uma investigação da Polícia Federal descobriu que os integrantes da facção comandavam ações criminosas de dentro da prisão.
Entre os líderes do PCC que foram transferidos recentemente estão Abel Pacheco de Andrade, o 'Vida Loka', e Alexandre Campos dos Santos, o 'Jiló', acusado de ser um dos tesoureiros da facção e companheiro de cela de 'Betinho Tiriça' antes da sua remoção em maio para o presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes.
A unidade prisional de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) de Presidente Bernardes possui capacidade para até 160 detentos, que ficam em celas individuais, não têm acesso a rádio, TV ou jornais, tomam sol apenas duas horas por dia - e, mesmo assim, sem contato com outros sentenciados - e recebem apenas duas visitas semanais, mas sem nenhum contato físico. Atualmente, o CRP abriga apenas 37 presos. A extinção deste tipo de regime é uma antiga reivindicação do PCC. Atualmente recolhido em uma prisão federal, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, classificou o sistema de RDD como "fábrica de loucos e de monstros".
A transferência pode ser parte da parceria anunciada recentemente pelos governos federal e paulista para o combate ao crime organizado, que prevê a remoção de presos da facção para outros Estados.
Ainda dentro desta parceria, também foi determinada a transferência de Antonio Cesário da Silva, o 'Piauí', também ligado ao PCC, para um presídio federal. Ele teria comandado a morte de seis policiais militares neste ano. Acusado de liderar o tráfico de entorpecentes em Paraisópolis, 'Piauí' foi transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho na semana passada.
Onda de violência
Desde o início do ano, ao menos 92 policiais foram assassinados no Estado. Desse total, 18 eram aposentados e três estavam em serviço. Além disso, o Estado continua a enfrentar um grande índice de violência. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, só na capital houve um crescimento de 102,82% no número de pessoas vítimas de homicídio no mês de setembro, em comparação ao mesmo período do ano passado. Em todo o Estado, a alta foi de 26,71% no mesmo período.
Crachá identifica jovem que trabalhava em um supermercado e bebia cerveja com amigos durante a folga quando dois homens encapuzados chegaram em duas motos atirando
Foto: Bruno Santos / Terra
Dois amigos teriam escapado da chacina porque foram buscar mais bebida momentos antes do crime. "Garanto que não tinha um que não trabalhasse", diz uma jovem vizinha do local das execuções
Foto: Bruno Santos / Terra
Jovem chora após a morte de cinco pessoas na noite de sexta-feira em Cidade Ademar, São Paulo. Grávida, ela perdeu o irmão, uma das vítimas da chacina
Foto: Bruno Santos / Terra
Com a gravidez aparente, a jovem repete que não quer falar com ninguém. "Só quero meu irmão de volta"
Foto: Bruno Santos / Terra
Ninguém diz o próprio nome na rua Sebastião Afonso, que ainda tinha marcas de sangue seco às 12h deste sábado. Quem estava na rua diz somente que todos que morreram ou foram feridos eram trabalhadores
Foto: Bruno Santos / Terra
A supervisora dos dois também não quer se identificar, mas confirma que ambos tinham ocupação na empresa. "Não tenho o que reclamar deles", disse
Foto: Bruno Santos / Terra
As testemunhas afirmam que os tiros foram muitos. Mas os estampidos eram em sequência, não uma rajada. O que indica que as armas seriam pistolas semiautomáticas, não metralhadoras
Foto: Bruno Santos / Terra
Um vidraceiro de 32 anos, parente de Alan, afirma que uma viatura teria passado minutos antes dizendo para todos se recolherem. Ninguém deu atenção. Pouco depois, chegou a dupla de assassinos
Foto: Bruno Santos / Terra
A investigação foi encaminhada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa e nenhum delegado foi encontrado até o momento para falar sobre as investigações
Foto: Bruno Santos / Terra
Um muro na altura do número 148 tem a marca dos tiros disparados durante a chacina que matou seis jovens na noite de sexta-feira em Cidade Ademar, São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra
Quatro pessoas morreram e outras três foram feridas a tiros em uma chacina na rua Sebastião Afonso, em Cidade Ademar
Foto: Carlos Pessuto / Futura Press
Foto: Terra
Marcas de sangue são vistas no chão após um policial militar ser baleado em um estabelecimento no bairro da Penha, na zona leste de São Paulo. Um cliente do comércio também foi atingido. A capital paulista registrou mais uma noite de ataques contra policiais e violência
Foto: Adriano Lima / Terra
Segundo testemunhas, o PM estava em um comércio na rua Etelvina, na Penha, quando ao menos dois homens chegaram a pé no estabelecimento e anunciaram um assalto. Na sequência, os criminosos atiraram e atingiram as duas vítimas nas costas
Foto: Adriano Lima / Terra
As marcas da violência são vistas no chão após o incidente no bairro da Penha
Foto: Adriano Lima / Terra
Rua em que um dos crimes foi praticado em Pirapora do Bom Jesus. As autoridades acreditam que os atiradores tenham agido em série. Em um dos casos, uma dupla, em uma moto, foi vista por testemunhas
Foto: Adriano Lima / Terra
De acordo com a polícia, os tiros foram disparados por homens em uma moto. Uma carabina calibre 12 e uma pistola calibre 380 teriam sido utilizadas no crime
Foto: Adriano Lima / Terra
Policial isola a área do crime no Jardim Campinas
Foto: Adriano Lima / Terra
Policial investiga cena de crime em Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo. Uma sequência de três ataques deixou pelo menos três mortos e dois feridos na cidade
Foto: Adriano Lima / Terra
Na madrugada desta quinta, dois homens foram mortos e um ferido a tiros no Jardim Campinas, região do Grajaú, na zona sul da capital paulista. O crime ocorreu na rua Constelação da Virgem