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Polícia

SP: funcionários da PF protestam com 'algemaço' e rejeitam trabalho na Copa

Categoria que engloba também papiloscopistas e peritos decretou estado de greve e avisou governo que, sem estrutura, não apoiará ações no Mundial

7 fev 2014 - 13h30
(atualizado às 17h32)
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Agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal realizaram um “algemaço” em várias capitais brasileiras, nesta sexta-feira, como primeiro ato desde o estado de greve decretado no início da semana. Em São Paulo, o ato que uniu também papiloscopistas e escrivães foi realizado na sede da superintendência da PF, na Lapa (zona Oeste de SP).

Os manifestantes reivindicam uma lei orgânica que reconheça suas atribuições – uma vez que são cargos para os quais é exigido ensino superior, na admissão, mas com subsídio compatível a ensino médio. Além do ato de hoje, realizado em outras cidades em frente às respectivas sedes da PF, eles prometem paralisar serviços como emissão de passaportes e triagem em aeroportos em protestos no próximo dia 11 e nos dias 25 e 26 de março.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Polícia Federal em São Paulo, Alexandre Sally, a federação que representa nacionalmente a categoria já requereu ao governo federal que ela fique de fora dos esquemas especiais de segurança organizados para a Copa do Mundo e da qual participação Forças Armadas e Força Nacional.

“Não temos como atender a uma demanda tão grande como a Copa, nos faltam pessoal e estrutura para isso. Tanto que nossa briga nem é salarial, mas por dignidade: as carreiras precisam urgentemente ser reestruturadas, e não com um delegado que ‘privatiza’ (nomeia) os cargos de chefia e coordenação, enquanto agentes, peritos e papiloscopistas viram uma espécie de secretários dessas chefias. A insatisfação nunca foi tão grande”, afirmou Sally.

Segundo o sindicalista, os atos do dia 11 e os dois programados para março afetarão emissão de passaportes e checagens em aeroportos, mas terão mais que o mínimo de 30% de funcionários na ativa e descartarão as chamadas “operação-padrão”, em que os procedimentos, mais minuciosos, já marcaram greves passadas da PF com longas filas e confusão em aeroportos.

"Clima está intolerável", diz funcionária

A reportagem conversou com manifestantes que, temendo represálias, pediram para não ser identificados. Uma agente formada em Engenharia Agronômica, por exemplo, citou o número de 230 funcionários que se desligaram da PF só em 2013 para justificar o que ela chama de “clima intolerável de insatisfação”.

“Nossos dirigentes não apoiam nossas demandas, nossa carreira não reconhece, em subsídio, o ensino superior, e temos procedimentos de inquérito que não são nunca modernizados. Some-se a isso tudo a falta de reconhecimento que temos e é fácil constatar que o problema da categoria é bem complexo”, disse ela.

Outra funcionária que pediu anonimato, formada em Odontologia e Direito, indagou: “Como a PF pretende combater a corrupção com um efetivo baixíssimo como está hoje o nosso? Você entra querendo servir à sociedade, mas os recursos que o governo nos oferece para isso, de um modo geral, são precários”, alegou, para completar: “Por isso a evasão na categoria é tão grande. No primeiro concurso que oferece mais condições, o agente não pensa duas vezes em sair”.

Pelos números do sindicato, em todo o Brasil são hoje cerca de 14 mil agentes, escrivães e papiloscopistas – um terço, no mínimo, do número que a entidade julga ser necessário para atender a demanda.

Fonte: Terra
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