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Polícia

SP: cortadores de cana entram em confronto com a PM em usina

24 dez 2009 - 21h46
(atualizado em 24/12/2009 às 12h59)
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Chico Siqueira
Direto de Penápolis

Uma pessoa ficou ferida nesta quarta-feira por estilhaços de bombas de gás no segundo dia de confrontos entre 800 cortadores de cana e soldados da Tropa de Choque da Polícia Militar, na frente da usina de açúcar e álcool Campestre, em Penápolis, interior de São Paulo. Levados de Estados do Nordeste para trabalhar nos canaviais paulistas, os trabalhadores estão há dois meses sem receber salários e 13º, sem dinheiro para pagar alimentação ou voltar para suas cidades de origem.

Cercade 800 trabalhadores ficaram no portão da empresa aguardando uma posição
Cercade 800 trabalhadores ficaram no portão da empresa aguardando uma posição
Foto: Ivan Ambrósio / vc repórter

Nesta quarta-feira, quando mais um prazo dado pela usina terminou sem o pagamento, os confrontos se reiniciaram. Armados com pedaços de paus e pedras, os cortadores de cana tentaram invadir a usina, mas foram repelidos pela tropa de choque e seguranças da usina, que lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Um trabalhador ficou ferido.

Em represália, os colegas atearam fogo nos canaviais da usina. Na terça-feira, eles já haviam destruído a portaria de acesso à usina e parte da enfermaria. O quebra-quebra só terminou depois que 28 homens da tropa de choque da PM foram chamados para retirar os manifestantes, que deixaram a usina e queimaram plantações de cana.

"Não temos dinheiro sequer para comer. Vim pra cá com a promessa de ganhar bons salários e ganhar dinheiro para levar de volta para minha família, mas chegou o Natal e não tenho dinheiro nem para comer aqui e nem para voltar para minha casa", disse o cortador de cana Reginaldo Rodrigues Moura, que mora no Maranhão. Segundo Moura, o trabalhador ferido num dos pés passa bem.

"Não tivemos alternativa a não ser repelir esses ataques usando bombas químicas, para evitar os danos como ocorreu ontem. Não houve muitos feridos", disse o capitão Luiz Antonio Araújo, da Polícia Militar. Segundo Araújo, a tropa permaneceria no local até a situação se acalmar.

No começo da noite, um assessor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Penápolis, que não quis se identificar, disse que o dinheiro dos trabalhadores seria depositado em conta ainda hoje, mas a informação não pôde ser confirmada. Nenhum diretor da usina foi localizado para comentar o assunto.

A usina, que tem 58 anos de atividade e é uma das mais tradicionais do interior de São Paulo, pertence à Companhia Açucareira Penápolis, que entrou em recuperação judicial por contra de dívidas que podem chegar a R$ 1,2 bilhão. A Justiça deve nomear um interventor nos próximos dias. Por conta da recuperação todos diretores da usina foram afastados.

A situação foi descoberta em 2006, quando 17 pessoas, entre elas quatro diretores da usina, da família Egreja, proprietária da empresa, foram presas na Operação Cana Brava, da Polícia Federal, acusadas de operar esquema que teria desviado mais de R$ 2 bilhões em fraudes previdenciárias.

Especial para o Terra

Colaborou com esta notícia o internauta Ivan Ambrósio, de Penápolis (SP), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

vc repórter
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