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Polícia

RS: empresário diz que só dava aos filhos o leite produzido por ele

Segundo o Ministério Público, 11 laudos comprovam que mais de 133 mil litros foram adulterados

22 mai 2013 - 09h54
(atualizado em 24/5/2013 às 17h05)
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<p>Promotor Mauro Rockenbach (E) conversa com Adelar Roque Signol, um dos presos</p>
Promotor Mauro Rockenbach (E) conversa com Adelar Roque Signol, um dos presos
Foto: Daniel Favero / Terra

Um dos sócios da empresa Aérea, Adelar Roque Signor, preso na manhã desta quarta-feira, na segunda fase da operação Leite Compen$ado, diz que só dava a seus filhos o leite produzido em sua propriedade. A empresa é suspeita de participar do esquema de adulteração do leite que era transportado para as indústrias com formol.

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Operação Leite Compen$ado prende mais quatro pessoas:

“Eu só dava (aos meus filhos) o leite que era produzido aqui, produzíamos cerca de 3 mil litros por mês”, disse o empresário. A empresa, segundo Signor, transportava cerca de 21 mil litros de leite mensalmente. Segundo o Ministério Público, 11 laudos comprovam que mais de 133 mil litros foram adulterados na empresa.

Também foi preso na operação o irmão de Adelar, Antenor Pedro Signor, além do vereador da cidade de Horizontina, Larri Lauri Jappe (PDT), e Odirlei Fogalli, motorista de uma das empresas que fazia o transporte do produto. Também foi emitido um novo mandado de prisão contra o veterinário Daniel Villanova, que seria responsável pela compra de leite adulterado que era fornecido para uma cooperativa que enviava leite para o Estado do Paraná. Ele havia sido preso na primeira fase da operação.

Na transportadora, localizada em um propriedade rural de Rondinha, no norte do Rio Grande do Sul, foram encontradas notas fiscais que comprovam a compra de ao menos 50 quilos de ureia, componente que era usado para adulterar o leite. Foi recolhida ainda com Adelar uma arma calibre 36 sem registro.

Apreensões
Nos trabalhos desta manhã foram apreendidos três caminhões utilizados para o transporte de leite, notas fiscais que comprovam a aquisição de ureia e planilhas com os dados do recolhimento do produto alimentício junto a produtores. Na residência do transportador Paulo Rogério Schultz, que teve o pedido de prisão negado, em Boa Vista do Buricá, foi encontrado um escrito contendo a fórmula possivelmente utilizada para a adulteração do leite.

Todo o produto tinha como destino a Confepar, uma união de cooperativas agropecuárias do norte do Paraná. Conforme a investigação do MP, o elo entre os transportadores e a cooperativa do PR era Daniel Villanova. Segundo o promotor, nessa fase não é possível dizer quais as marcas envolvidas.

A operação

As investigações do Ministério Público começaram em fevereiro deste ano e comprovaram que empresas gaúchas de transporte de leite adulteraram o leite cru entregue para a indústria. Uma das fraudes identificadas é a da adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição. A adulteração consiste no crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, previsto no artigo 272 do Código Penal.

A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A fraude foi comprovada através de análises químicas do leite cru, onde foi possível identificar a presença do formol, que mesmo depois dos processos de pasteurização, persiste no produto final. Com o aumento do volume do leite transportado, os "leiteiros" lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro.

O total de leite movimentado pelo grupo, no período de um ano, chega a 100 milhões de litros. Mais de 100 toneladas de ureia foram compradas pelos envolvidos para utilização na prática criminosa.

A Operação Leite Compen$ado foi deflagrada no dia 8 de maio e desarticulou o esquema de adulteração de leite. A investigação mapeou que a fraude não estava sendo praticada pela indústria nem pelo produtor de leite, mas pelo transportador.

Nove pessoas foram presas. Durante o cumprimento dos 13 mandados de busca e apreensão, foram recolhidos diversos caminhões utilizados no transporte do leite, cerca de 60 sacos de ureia, R$ 100 mil em dinheiro, uma régua com a fórmula utilizada para medir a mistura adicionada ao leite, revólveres e pistolas, soda cáustica, corantes, coagulantes líquidos e emulsão para obtenção de consistência, entre outros produtos e documentos. Até o momento, a Justiça aceitou a denúncia contra 13 envolvidos.

Confira as marcas que apresentaram adulteração por formol conforme laudos de laboratórios credenciados pelo Mapa:

MARCA LOTE
Italac Integral L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1

Italac Semidesnatado
L12KM1
Líder UHT Integral TAP1MB (produzido em 17/12/2012 e com validade até 17/04/2013)
Mu-Mu UHT Integral 3ARC
Latvida UHT Semidesnatado Lote 190, de 2 de abril de 2013; 
Lote 193, de 5 de abril de 2013;
Lote 103, de 18 de abril de 2013
Só Milk e Latvida UHT Desnatado Lote 188, de 4 de abril de 2013;
Lote 198, de 10 de abril de 2013;
Lote 202, de 11 de abril de 2013;
Lote 104, de 15 de abril de 2013;
e leite com fabricação em 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013
Hollmann, Goolac, Só Milk e Latvida UHT Integral Lote 103, de 1º de abril de 2013;
Lote 184, de 3 de abril de 2013;
Lote 189, de 4 de abril de 2013;
Lote 190, de 5 de abril de 2013;
Lote 196, de 9 de abril de 2013;
Lote 200, de 10 de abril de 2013;
Lote 201, de 19 de abril de 2013;
Lote 202, de 20 de abril de 2013;
Lote 204, de 21 de abril de 2013;
Lote 205, de 22 de abril de 2013
Fonte: Terra
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