Polícia investiga se advogada premeditou morte de zelador
A Polícia Civil de São Paulo investiga se a advogada Ieda Cristina Martins, mulher do publicitário Eduardo Martins, premeditou o assassinato do zelador Jezi Lopes de Souza, morto no último dia 30 de maio em prédio na zona norte da capital paulista. Uma nova testemunha disse à polícia que, semanas antes do crime, foi procurado por Ieda com o convite de assumir a vaga de zelador no prédio.
“Três semanas antes do crime, a Ieda procurou um indivíduo, que está sendo mantido sob sigilo, pra que ele assumisse a função de zelador”, disse nesta quarta-feira o delegado Ismael Lopes Rodrigues Junior, titular da 4ª Delegacia Seccional de São Paulo. “Este é um dado importantíssimo, que caracteriza uma premeditação”, continuou o delegado, para quem Ieda seria a “mentora” do crime e, Eduardo, o “executor”.
O publicitário confessou ter matado e esquartejado o zelador de seu prédio após uma discussão em seu apartamento, mas afirma que a mulher não teve participação no crime, nem na ocultação de cadáver.
Para o delegado, o fato de Ieda não ter “qualquer vínculo com o prédio de forma administrativa” é um forte indício da premeditação. “Ela o procurou, ela o convidou para trabalhar como zelador, mas não faz parte da sua atribuição como moradora contratar ou demitir alguém. Isso deixa claro que já havia uma intenção anterior em tirar o zelador que ali trabalhava, a vítima”, afirmou Rodrigues Junior.
O delegado disse, no entanto, que ainda aguarda a chegada de laudos do local do crime e de sangue para que possa encerrar o caso. “Em dez ou 15 dias nós fecharemos o caso de forma precisa. A investigação continua e está se fechando nos dois, não só no Eduardo”, afirmou.
Ambos poderão ser indiciados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, fraude processual, ocultação de cadáver e posse compartilhada de arma de uso restrito (silenciador). Além desses, Eduardo ainda poderá responder pelos crimes de posse de arma de uso permitido (revólver calibre 38) e falsificação de documento.
Crime no Rio de Janeiro
O delegado também comentou o laudo que comprovou que a arma e o silenciador encontrados na casa do casal foram utilizados na morte do empresário José Jair Farias,ex-marido de Ieda, em 2005, no Rio de Janeiro. "Não temos condições de falar absolutamente nada a respeito daquele crime, que está no Rio de Janeiro, mas o laudo é conclusivo, as armas são as mesmas", disse Rodrigues Junior.
Segundo as investigações, o corpo do ex-marido de Ieda foi encontrado com marca de tiros dentro de seu carro. Eduardo está preso preventivamente no 77º DP (Distrito Policial), em Santa Cecília; já Ieda está presa 89º DP, no Morumbi.
Relembre o caso do zelador
No dia 30 de maio, uma sexta-feira, Jezi foi ao apartamento do publicitário por volta das 16h para entregar a correspondência - tal como mostram imagens de câmeras de segurança do edifício -, quando teriam discutido por "coisas banais, coisas de condomínio", segundo o delegado. Eduardo desconfiava que o zelador furtava seus jornais, além de ter um atrito por uma questão da vaga na garagem. Após discutirem, os dois teriam entrado em luta corporal, quando, segundo o suspeito contou à polícia, a vítima caiu, bateu a cabeça no batente da porta e morreu.
A filha de Jezi, Sheyla Viana de Souza, 27 anos, relatou que uma moradora lhe contou "ter ouvido gritos de discussão, pedindo para parar”. No dia seguinte (sábado), o publicitário teria colocado o corpo em uma mala dentro do porta-malas do carro e ido para Praia Grande (litoral sul de SP), na casa do pai - que, segundo a polícia, provavelmente não sabia do crime -, onde deixou o corpo. Em seguida, ele retornou para seu apartamento em São Paulo.
No domingo, o suspeito retornou à casa na Praia Grande. Usando um serrote, esquartejou o corpo do zelador antes de retornar a São Paulo. Na segunda-feira, quando os policiais civis entraram na casa no litoral paulista, Eduardo estava ao lado de uma churrasqueira, de sunga, incinerando partes do corpo da vítima.