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Polícia

Pacientes morriam uma hora depois da medicação em hospital de Curitiba

Segundo a polícia, pacientes morriam após serem medicados na UTI do Hospital Evangélico de Curitiba

12 mar 2013 - 14h15
(atualizado em 13/3/2013 às 11h54)
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O Ministério Público do Paraná (MP-PR) disponibilizou, nesta terça-feira, cópia da denúncia ajuizada ontem contra médicos, enfermeiros e fisioterapeuta da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Geral do Hospital Evangélico de Curitiba, acusados de sete homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha. Segundo a denúncia, os crimes atribuídos à chefe da UTI, Virgínia Helena Soares de Souza, com a participação de outros profissionais do hospital, ocorreram entre maio de 2011 e janeiro de 2013. Em todos eles, a Promotoria de Proteção à Saúde Pública constatou procedimentos semelhantes de causa e efeito: as vítimas morreram cerca de uma hora depois de serem medicadas por um dos denunciados.

A primeira suposta vítima, Pedro Amir Pereira, de 68 anos, que morreu em 8 de maio de 2011, estava com suporte de ventilação mecânica em parâmetros altos até a véspera de sua morte. Segundo a denúncia, às 9h28 do dia 8 de maio de 2011, foi medicado pela denunciada Maria Israela Cortez, “em conluio e prévio ajuste com Virgína”, recebendo sedativos e bloqueador neuromuscular sem justificativa terapêutica registrada no prontuário. 

“Assim, sob efeito do medicamento, a vítima estava mais dependente da ventilação mecânica para respirar, quando, então, no firme propósito letal previamente ajustado com a denunciada Virgínia Helena Soares de Souza, a denunciada Maria Israela Cortez Bocatto, deliberadamente, providenciou a redução dos parâmetros do suporte de ventilação mecânica, provocando asfixia, que foi a causa eficiente da morte da vítima”, diz a denuncia. Pedro Amir Pereira morreu às 10h40 daquele dia.

O mesmo procedimento é relatado para a morte de Clarita Domingoas Colle, de 50 anos, no dia 13 de maio de 2011. Internada com câncer nos pulmões e dependente da ventilação mecânica, a paciente foi medicada por Virgínia às 10h30, teve os parâmetros do respirador diminuídos e morreu às 11h30. “A vítima era escolhida de modo repugnante ao senso comum, para gerar nova vaga, para ‘girar a UTI’, ‘desentulhar a UTI’, conforme determinações verbais da acusada”, aponta a denúncia.

Manrique Manoel Neiva Negrão, segundo a denúncia, estava acordado e comunicativo na noite do dia 6 de fevereiro de 2012, até que, às 22h, “sem nenhuma justificativa, com intuito letal, o denunciado Edison Anselmo da Silva Junior determinou a redução dos parâmetros ventilatórios”. Ainda de acordo com o MP, “persistindo no firme propósito de matar e no mesmo conluio com sua chefe (Virgínia), às 23h36, prescreveu analgésico, sedativo e bloqueador neuromuscular”, medicamentos que, de acordo com a análise técnica apresentada anexa à denúncia, ministrados em conjunto com a diminuição dos parâmetros respiratório, teriam causado a morte do paciente, à 0h27.

Mais mortes

Outra morte ocorreu em 3 de março de 2012. O paciente Airton Ramos do Santos, de 40 anos, estava internado em decorrência de queimadura de terceiro grau, com lesão pulmonar. Sedado e com ventilação mecânica em parâmetros altos às 10h, o paciente recebeu os mesmos medicamentos e teve os parâmetros do respirador reduzidos às 10h06, morrendo às 10h30, de acordo com a denúncia ajuizada no tribunal do juri.

Neste ano, a médica Virgínia Soares de Souza é denunciada por três homicídios ocorridos nos dia 28 e 29 de janeiro. No primeiro deles, Romari Rocha, de 59 anos, que estava internada na UTI Geral em decorrência de hemorragia digestiva alta, recebeu, às 9h51, “sem nenhuma indicação terapêutica”, sedativo, e bloqueador neuromuscular e teve, na sequência, os parâmetros do respirador reduzidos, segundo o MP, morrendo às 10h25.

Pouco mais de meia hora depois, às 11h, Leonidas Arantes Irala, internado com fratura na vértebra lombar, “para tratamento conservador”, morreu após receber às 10h33 a mesma medicação, ministrada pela enfermeira Laís da Rosa Groff, e ter os parâmetros do respirador reduzidos. 

A última morte atribuída pelo ministério público à Virgínia é a de Ivo Spitzner - cujo nome é citado por Virgínia nas gravações telefônicas feitas pela Polícia Civil -, 67 anos, ocorrida na manhã de 29 de janeiro. Segundo a denúncia, na noite do dia 28, o denunciado Anderson de Freitas, “com vontade livre e consciente direcionada ao fim de matar a vítima”, desligou a bomba infusora que administrava as drogas necessárias para o tratamento do paciente, “ocasionando hipotensão imediata após a suspensão das mesmas”.  

A promotoria sustenta que o médico Anderson de Freitas, “mesmo constatando a queda de pressão e iminência de colapso circulatório, persistindo no intento letal, deixou a vítima sem os medicamentos durante toda a noite. Às 9h39, já com a médica Virgínia Soares de Souza na UTI, a medicação sedativa e bloqueadora neuromuscular foi ministrada, os parâmetros do respirador reduzidos e o paciente morreu às 10h30.

Na denúncia, o MP anexou, ainda, outras 21 mortes, ocorridas entre agosto de 2011 e janeiro de 2013, em que os procedimentos adotados foram semelhantes aos dos sete casos que originaram a denúncia. A promotoria pede para que os prontuários desses pacientes sejam devolvidos à Polícia Civil para instauração de novos inquéritos policiais.  Os prontuários foram revisados pelo médico Mário Lobato da Costa, auditor do Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde.

Fonte: Especial para Terra
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