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Polícia

Ato no Rio pede fim de ações policiais em horário escolar

3 abr 2017 - 14h23
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 Familiares da menina Maria Eduarda, morta no último dia 30, realizam protesto em frente à Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ), na manhã desta segunda-feira (3). A menina de 13 anos foi baleada enquanto fazia aula de educação física em uma escola pública de Costa Barros, na Zona Norte do Rio.
Familiares da menina Maria Eduarda, morta no último dia 30, realizam protesto em frente à Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ), na manhã desta segunda-feira (3). A menina de 13 anos foi baleada enquanto fazia aula de educação física em uma escola pública de Costa Barros, na Zona Norte do Rio.
Foto: José Lucena/Futura Press

Cerca de 40 pessoas fizeram um ato na manhã de hoje (3) em protesto pela morte da estudante Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, morta por bala perdida dentro da quadra da Escola Municipal Jornalista Daniel Piza, em Acari, quando treinava com a equipe de educação física no último dia 30. A manifestação foi em frente à sede administrativa da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova.

Segundo a coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), Bárbara Sinedino, o protesto retrata a indignação da população com um caso que não é isolado. Bárbara disse que representantes do sindicato vão se reunir com o prefeito Marcelo Crivella para pedir o fim de operações policiais durante o horário escolar.

"Estamos aqui, indignados, em memória da vida dessa jovem. É uma situação triste, que vem de um ato que não é isolado. Nós vivemos toda hora episódios bem parecidos. Vivemos uma política de marginalização das escolas públicas, e pior, do povo pobre e negro, que é tratado como bandido. Montamos uma comissão para nos reunirmos com o Crivella, visando à extinção de ações policiais durante horário escolar. São cenas de guerra durante essas ações, e esses jovens ficam na linha de tiro. Não é possível que alguém ache isso correto", afirmou Bárbara.

A líder comunitária da Cidade de Deus, comunidade  da zona oeste do Rio,  que frequentemente é palco de confronto entre policiais e traficantes, Cláudia Cristina de Moraes, ressaltou que muitas crianças da Cidade de Deus estão sendo submetidas a tratamento médico por causa das das fortes cenas que testemunham. "Qual o motivo disso? Será que é porque elas veem Caveirão [veículo blindado da Polícia Militar] entrando com tudo na favela, gente morrendo, bala entrando dentro de casa? Nossa comunidade hoje é uma área triste. Com crianças sem sorriso no rosto e com desespero no olhar."

O vereador Tarcísio Motta (PSOL), que participou do ato, disse que é a favor do fim das operações em horário escolar, mas ressaltou que esta seria apenas uma medida imediata. Para o vereador, o modelo de segurança do Estado tem que ser reformulado para acabar com episódios como o da morte de Maria Eduarda. "O fim das operações nos horários de aula é providencial e tem que ser feito de forma imediata, mas o problema é muito maior que isto", afirmou Motta. O sistema de segurança da cidade e do estado é que está ultrapassado e precisa ser reformulado, disse ele. "Hoje nós temos a polícia que mais mata, mas também a que mais morre. O que isso traz? Apenas mais insegurança para a população."

Segundo o Sepe, de 2005 até março deste ano, 33 crianças e jovens foram mortos por bala perdida dentro de unidades escolares durante operações policiais. Deste total,  20 casos ocorreram de 2015 até agora.

*Estagiário sob supervisão da editora Valéria Aguiar

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