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Movimentação atípica de ex-assessor de Flávio Bolsonaro pode levar a investigação

7 dez 2018 - 17h13
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A informação de que um ex-assessor do deputado estadual e senador eleito pelo PSL, Flávio Bolsonaro, movimentou 1,2 milhão de reais entre 2016 e 2017 pode, se necessário, resultar em uma futura investigação, disse à Reuters uma fonte próxima ao caso.

Deputado estadual e senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ)
23/10/2018
REUTERS/Sergio Moraes
Deputado estadual e senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) 23/10/2018 REUTERS/Sergio Moraes
Foto: Reuters

Segundo a fonte, que pediu anonimato, "a investigação em torno de representantes da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro) pode ser ampliada" e gerar novos "focos de investigação".

"Não se exclui ou descarta uma investigação, mas não dá para cravar que há uma ilegalidade na movimentação. Pode ser doação, uma herança... é só lembrar o caso do caseiro no caso do ex-ministro Antonio Palocci", disse uma fonte.

No mês passado, dez deputados da Alerj foram alvos da operação Furna da Onça, um desdobramento da Lava Jato, que descobriu o pagamento de um mensalinho do Executivo, à época comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral para os parlamentares.

Em troca, os parlamentares da Casa acomodavam apadrinhados do Executivo e também aprovavam medidas favoráveis ao Executivos e seus parceiros no esquema. Essa foi a segunda operação da Lava Jato na Alerj, e a primeira delas, chamada Cadeia Velha, desbaratou um esquema de troca de favores por propina na Assembléia liderado pelo trio formado pelos líderes do MDB, partido do ex-governador.

Na ocasião, foram presos os deputados Paulo Melo, Edson Albertassi e Jorge Picciani, presidente afastado da Casa.

Picciani se encontra em prisão domiciliar enquanto os demais estão presos no complexo de Bangu, junto com ex-governador Sérgio Cabral.

Em nota, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro confirma que a documentação anexada aos autos relativos à operação Furna da Onça inclui relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentações atípicas envolvendo profissionais da Alerj, bem como de outros cidadãos.

"Esse material foi espontaneamente difundido pelo Coaf, como consequência do processo de compartilhamento de informações entre os órgãos de investigação. Em função da presença de pessoas não investigadas nesse relatório, o MPF não chancela a divulgação de trechos do documento, exceto se a movimentação relatada pelo Coaf, após examinada com rigor por equipe técnica, revelar atividade financeira ilegal", diz o documento do MPF.

"Como o relatório relaciona um número maior de pessoas, nem todos os nomes ali citados foram incluídos nas apurações, sobretudo porque nem todas as movimentações atípicas são, necessariamente, ilícitas. A íntegra do documento foi juntada aos autos para confirmar que não houve edição após envio pelo Coaf", acrescenta o documento.

Em sua rede social, Flávio Bolsonaro, declarou que seu ex-assessor Fabricio Queiroz trabalhou com ele por mais de dez anos e sempre foi de sua confiança.

"Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta. Em outubro, foi exonerado a pedido para tratar de sua passagem para a inatividade. Tenho certeza que ele dará todos os esclarecimentos", publicou no Twitter o filho do presidente eleito Jair Bolsonaro.

Em reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, Queiroz, que é ex-policial militar, teria também feito um depósito de 24 mil reais para a futura primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro.

Em evento em São Paulo, o futuro ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, ao ser questionado com insistência por jornalistas sobre relatório do Coaf se irritou e encerrou a entrevista coletiva.

O presidente eleito ainda não se pronunciou publicamente sobre o caso.

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