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Lula diz que Palocci mentiu: "frio, calculista e simulador"

Ex-presidente depôs por cerca de 2 horas ao juiz Sergio Moro

13 set 2017 - 18h48
(atualizado às 19h11)
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Foto: Reprodução

Em depoimento de pouco mais de duas horas ao juiz federal Sergio Moro nesta quarta-feira (13/09), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a negar as acusações contra ele, além de se recusar a responder alguns questionamentos. Ele também refutou as recentes acusações do ex-ministro Antonio Palocci de que teria feito um "pacto de sangue" com a empreiteira Odebrecht. "Eu vi o Palocci mentir aqui essa semana", alegou.

O depoimento desta quarta, referente a um terreno que serviria ao novo Instituto Lula e também ao apartamento de cobertura usada pelo ex-presidente em São Bernardo do Campo, foi prestado na sede da Justiça Federal, em Curitiba. Essa foi a segunda vez que Lula foi interrogado por Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato no Paraná. Desta vez, o ex-presidente depôs como réu em ação que investiga se ele recebeu propina da empreiteira Odebrecht.

"Eles (a força-tarefa da Lava Jato) inventaram que o triplex era meu porque 'O Globo' disse e não é, o senhor sabe disso. Agora, inventaram que o apartamento é meu, e não é, e eles sabem disso. Como inventaram a história do sítio, que é meu, e não é. Ou seja, três denúncias do Ministério Público por ilação, porque eles têm a ideia de transformar o Lula no PowerPoint deles", afirmou, em alusão a uma apresentação da denúncia feita pelos procuradores da Lava Jato, na qual seu nome aparecia no centro de um esquema de corrupção.

O ex-presidente também chamou o ex-ministro Antonio Palocci de "calculista, frio e simulador", e negou que tenha feito qualquer tipo de acerto ilícito com a Odebrecht. Segundo Lula, Palocci só citou seu nome para reduzir alguns anos de condenação. "Fiquei com pena disso".

"Parece que tem uma caça às bruxas. Eu tenho lidado com muita paciência. Eu vi o depoimento do Palocci, não respondi nada, não falei nada. Muita gente achou que eu ia chegar com muita raiva do Palocci. Eu achei que o Palocci tá preso há mais de um ano, o Palocci tem o direito de querer ser livre, tem o direito de querer ficar com o pouco do dinheiro que ele ganhou fazendo palestra, ele tem família. Tudo isso eu acho. O que não pode é se você não quer assumir a tua responsabilidade pelos fatos ilícitos que você fez, não jogue em cima dos outros", disse Lula.

Em depoimento a Moro, o ex-ministro afirmou que havia um "pacto de sangue" entre a empreiteira e o PT que incluía um pacote de propina. Esse suposto "pacote" envolvia presentes pessoais, palestras de R$ 200 mil pagas a Lula e uma reserva de R$ 300 milhões em vantagens indevidas que ficaram disponíveis para o ex-presidente e para campanhas eleitorais do partido. O terreno ao instituto estaria incluído nesse valor.

"Se ele (Palocci) fosse um objeto, seria um simulador", afirmou.

Segurança

A chegada de Lula no tribunal, pouco antes das 14h, foi marcada por um forte esquema de segurança na região, a fim de evitar confrontos entre manifestantes a favor e contra o ex-presidente. Dezenas de simpatizantes vestidos com camisas vermelhas fizeram um cordão de isolamento para proteger o ex-presidente.

Atualmente, Lula enfrenta cinco processos, já tendo sido condenado em primeira instância por Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em relação à compra do tríplex do Guarujá, tema do primeiro depoimento prestado a Moro. Agora, no entanto, a situação de Lula foi agravada pelo depoimento de Palocci, que revelou a Moro detalhes da suposta corrupção cometida pelo PT e pelo próprio ex-presidente.

Após o interrogatório de Lula, teve início o interrogatório de outro réu, Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci.

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