Índios brasileiros rompem relações com governo Dilma
Os índios brasileiros anunciaram nesta quinta-feira a "ruptura de suas relações" com o governo da presidente Dilma Rousseff pela "forma autoritária" com a qual tratou estes povos e a "lentidão" e "omissão" no atendimento de suas reivindicações.
Os povos indígenas abandonaram a Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), seu fórum de diálogo com as autoridades, em protesto pelas "violações" a seus direitos e pela decisão do governo de construir várias hidrelétricas próximas de suas terras na Amazônia sem levar em conta sua opinião.
Os representantes dos indígenas explicaram que não retomarão o diálogo até que não sejam recebidos pela chefe do Estado em pessoa. "Parece que Dilma tem uma barreira que a impede de falar. Queremos ouvir por sua boca qual é sua política. Se quer sacrificar os índios em prol do desenvolvimento que nos diga", disse uma integrante da CNPI, Francisca Navantino.
Francisca foi otimista ao considerar que Dilma "tem sensibilidade" às demandas dos índios, mas disse que estão "extremamente preocupados" porque não foram recebidos desde sua posse, em janeiro.
Uma das questões que mais preocupa os indígenas é a rapidez com a qual se concederam as permissões de obra à gigantesca usina hidrelétrica de Belo Monte, um projeto impulsionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja construção acaba de começar na floresta amazônica.
Por sua vez, o governo afirma que Belo Monte, que será a terceira maior represa do mundo quando for concluída em 2015, não vai inundar terras indígenas.
Os índios também denunciaram que nos últimos anos se reduziu o número de funcionários da Funai em algumas reservas, onde indígenas ficaram "à mercê" dos madeireiros, fazendeiros e narcotraficantes.
Navantino explicou que vários povos indígenas sofrem ameaças de morte e estão sendo "criminalizados" nos conflitos pela terra, ao serem detidos e julgados sem as garantias exclusivas que a legislação brasileira dispõe para eles.
Além disso, demandam mais voz na Funai e que o governo apresente uma agenda com compromissos concretos para apresentar melhorias em áreas como a saúde e a educação.