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Incêndio perturba por horas negociações já críticas da COP30 em Belém

Na véspera do fim da Conferência do Clima das Nações Unidas em Belém (COP30), um incêndio na principal área do evento, a zona azul, perturbou por horas as negociações já críticas para um acordo diplomático. As cerca de 30 mil pessoas que participam das reuniões a cada dia tiveram de deixar o local às pressas. Ninguém ficou ferido, informaram o governo brasileiro e o governo do Pará.

20 nov 2025 - 18h39
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Lúcia Müzell, enviada especial da RFI a Belém 

Zona azul, a mais importante da COP30, foi evacuada rapidamente após início de incêndio nos pavilhões dos países. (20/11/2025)
Zona azul, a mais importante da COP30, foi evacuada rapidamente após início de incêndio nos pavilhões dos países. (20/11/2025)
Foto: REUTERS - Douglas Pingituro / RFI

O fogo atingiu os pavilhões de exposições e eventos que cada país organiza nas COPs, e teria partido de um telefone celular conectado a uma tomada do estande da Comunidade da África Oriental. Na sequência, por volta de 14h, as equipes de segurança da ONU ordenaram a retirada das pessoas de todos os pavilhões do Centro de Convenções Hangar, ao norte da capital paraense. Os participantes saíram às pressas, muitos sem os pertences, e aguardaram novas instruções sob uma chuva fraca, do lado de fora da COP.

Caminhões de bombeiros, ambulâncias e a polícia foram deslocados para o local. O incêndio avançou pelo telhado e abriu um buraco na proteção do teto. "O fogo foi controlado em aproximadamente seis minutos. As pessoas foram evacuadas com segurança", indicou uma nota da presidência da COP30. "Treze indivíduos foram atendidos no local por inalação de fumaça. Seus estados de saúde seguem sendo monitorados e o suporte médico apropriado foi fornecido", complementa o texto.

O comunicado acrescenta que, por precaução, o governo brasileiro e a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) decidiram fechar temporariamente a zona azul, "enquanto o Corpo de Bombeiros realiza uma avaliação completa de segurança". O local não seria reaberto antes das 20h desta quinta-feira.

Mais cedo, a UNFCCC indicou que, diante das circunstâncias, o país-sede - Brasil - assumia a responsabilidade por tomar o controle da situação nos pavilhões, que "não são mais uma zona azul" da COP.

Negociações 'já estavam pegando fogo mesmo'

Esta quinta-feira é um dia decisivo para a conferência, com a expectativa de divulgação de um novo rascunho do texto que é negociado há quase duas semanas pelos 195 países.

"Era só o que faltava. Já estava pegando fogo lá dentro mesmo", disse um observador brasileiro das negociações, enquanto acompanhava a chegada de caminhões dos bombeiros, do lado de fora.

Antes do início do incêndio, circulava a informação nos corredores da conferência de que a menção a um mapa do caminho para a redução da dependência dos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, tinha desaparecido da versão inicial do documento. O rascunho da chamada Decisão Mutirão havia sido divulgado na manhã de terça-feira (18), e desde então é o principal texto de negociações da COP. A polêmica pauta foi lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro dia da Cúpula do Clima em Belém.

Na quarta-feira, os trabalhos avançaram pela madrugada, mas, apesar de um dia inteiro de reuniões comandadas por Lula em Belém com os principais blocos de países, não foi possível atingir uma versão mais definitiva do documento. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, esperava publicar o novo texto até o fim da manhã, o que não aconteceu.

Guterres pressiona por compromisso ambicioso

"Não houve muitas discussões entre todos juntos. Neste momento, temos que fazer evoluir o processo porque, senão, acho que não vamos conseguir. Este é o meu sentimento", revelou Laurence Tubiana, uma das arquitetas do Acordo de Paris e enviada especial da Europa para a COP30. "Cada um está defendendo as suas linhas vermelhas, em bilateral, com a presidência. Nunca funciona assim", disse.

Pela manhã, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou a sua convicção de que um "compromisso é possível" para atender às necessidades de adaptação às mudanças climáticas dos países em desenvolvimento e o declínio dos combustíveis fósseis.

"Comprometam-se de boa fé a alcançar um compromisso ambicioso", exortou Guterres, enquanto a presidência brasileira da cúpula continuava envolvida em intensas consultas.

Fernanda Carvalho, diretora de Política Climática e Energia da organização WWF, avalia que "Guterres está certo aocolocar pressão neste momento". "Essa COP tem que representar um passo a mais e um passo a mais concreto", salientou. "Acho que os negociadores brasileiros são habilidosos para conseguir um pacote equilibrado", apostou.

Enquanto o foco das atenções se direcionou para a questão dos combustíveis fósseis, outros tópicos essenciais para o sucesso da conferência estão ameaçados. "Não podemos perder de vista o que viemos fazer nesta COP na América Latina, com maior número de mandatos para Adaptação", salientou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.

A situação já é "muito ruim", afirmou ela, e o "tempo para reversão" ficou ainda mais curto com o incêndio. Neste tema, a meta é triplicar os valores de financiamento para os países se adaptarem e adotar indicadores globais para avaliar os progressos dos países. "É fundamental que esse pacote seja adotado aqui em Belém", frisou.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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