PUBLICIDADE

Hospital: pressionar barriga em parto é “forma de violência"

A "manobra de Kristeller", já banida pelo Ministério da Saúde, consiste em pressionar com força a parte superior do útero para agilizar a saída do bebê pelo canal vaginal

16 dez 2014 - 13h48
(atualizado às 13h50)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>O Ministério da Saúde e entidades da área de ginecologia e obstetrícia condenam a  manobra de Kristeller devido à sua ineficácia e aos riscos que traz à mãe e ao bebê </p>
O Ministério da Saúde e entidades da área de ginecologia e obstetrícia condenam a manobra de Kristeller devido à sua ineficácia e aos riscos que traz à mãe e ao bebê
Foto: Getty Images

O Hospital Geral de Pedreira OSS, na Vila Campo Grande, zona sul da capital paulista, reconheceu que a “manobra de Kristeller” é uma forma de violência contras as mães e aboliu a adoção da prática na realização de partos, após recomendação do Ministério Público Federal em São Paulo.

A técnica banida consiste em pressionar com força a parte superior do útero para agilizar a saída do bebê pelo canal vaginal, o que pode causar lesões graves à mãe e ao bebê, como fratura de costelas, deslocamento de placenta e traumas encefálicos.

A recomendação foi expedida após o MPF receber denúncia de uma gestante que deu à luz no hospital e disse ter sofrido dores extremas ao ser submetida à “manobra de Kristeller”. Segundo a mulher, um dos médicos que a atendeu subiu duas vezes sobre suas costelas para fazer peso e tentou empurrar o bebê com os punhos fechados.  

As procuradoras Luciana da Costa Pinto e Ana Previtalli recomendaram então à unidade de Pedreira que a manobra não fosse mais empregada e que todos os profissionais não apenas fossem informados de que a técnica é proscrita, como também fossem orientados a realizar capacitações para o atendimento humanizado ao parto.

Além disso, a recomendação determinava que o hospital conscientizasse o público em geral e as equipes de atendimento sobre a contraindicação da manobra por meio da afixação de cartazes em locais de fácil visualização, o que já foi cumprido.

O Conselho Regional de Medicina em São Paulo já informou de que a “manobra de Kristeller” é procedimento proscrito, estando atrelada a inúmeros traumas materno-fetais.

O Ministério da Saúde e entidades da área de ginecologia e obstetrícia também condenam a prática devido à sua ineficácia e aos riscos que traz à mãe e ao bebê. Apesar disso, uma pesquisa deste ano da Fundação Oswaldo Cruz revela que 37% das gestantes pertencentes ao grupo de risco obstétrico habitual foram submetidas à manobra no Brasil.

As procuradoras acreditam que o combate à adoção da técnica depende tanto dos profissionais de saúde quanto das parturientes. “Os médicos que estão habituados a realizar a “manobra de Kristeller” devem, com urgência, rever suas práticas”, alerta Ana Previtalli.

Para Luciana da Costa Pinto, “as mulheres precisam se informar de que se trata de procedimento perigoso e que não deve ser realizado”. Em caso de ocorrência, as gestantes devem denunciar os fatos na Sala de Atendimento ao Cidadão, na página do Ministério Público Federal na internet.

A realização da técnica sujeita os responsáveis a sanções administrativas perante os Conselhos Regional de Medicina, além de ações cíveis e penais se houver danos à saúde da mulher ou do bebê.

A “manobra de Kristeller” é um dos alvos de um inquérito civil público que o MPF instaurou em março para investigar a prática da violência obstétrica em hospitais e maternidades da capital. A apuração envolve também agressões verbais durante o parto e a adoção de outros procedimentos médicos realizados de forma inadequada, como o uso rotineiro de ocitocina sintética, o corte rotineiro do períneo  (episiotomia) e a restrição à movimentação da parturiente.

Fonte: Terra
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade