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Ex-coroinhas pedem indenização de US$ 3 mi à Igreja

Grupo diz ter sido abusado pelo padre Pedro Leandro Ricardo

13 jul 2019 - 14h45
(atualizado às 14h55)
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Seis ex-coroinhas que acusam o padre brasileiro Pedro Leandro Ricardo de abuso e assédio sexual cobram da Igreja Católica indenizações que somam US$ 3 milhões, o equivalente a R$ 11,2 milhões.

Cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano
Cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O pedido foi revelado pelo jornal O Globo e se baseia em um decreto assinado em maio passado pelo papa Francisco que torna obrigatório para o clero denunciar suspeitas de crimes sexuais às autoridades eclesiásticas e prevê reparações para vítimas.

O valor de US$ 3 milhões equivale a US$ 500 mil para cada ex-coroinha e, segundo O Globo, se baseia em indenizações pagas pela Igreja nos Estados Unidos. "Pedimos o que o Papa determinou. Não é para que ninguém fique rico. Estamos falando de pessoas que foram abusadas desde a adolescência", diz um dos advogados dos ex-coroinhas, Roberto Tardelli.

O padre Leandro trabalhava na Diocese de Limeira (SP), mas foi afastado do cargo por causa das denúncias. O caso também provocou a renúncia do bispo local, dom Vilson Dias de Oliveira, aceita por Francisco em maio passado. Ele é acusado de acobertar supostos crimes cometidos pelo padre Leandro e de extorquir sacerdotes suspeitos.

Segundo Tardelli, entrevistado pelo jornal O Globo, as conversas com a Diocese de Limeira já estão em andamento, e uma nova reunião está prevista para 16 de julho. Tanto o padre Leandro quanto o bispo Vilson alegam inocência, e as denúncias são investigadas pela polícia e pela Igreja Católica.

Ex-coroinhas

O grupo que denuncia o padre Leandro é formado por três homens, duas transexuais e uma mulher. Algumas das vítimas revelaram detalhes das acusações em reportagem publicada pela revista Veja nesta semana.

"Era coroinha e andava de carro com o padre Pedro Leandro Ricardo para os trabalhos da igreja. [...] Em um sábado, convidou-me para dormir na casa paroquial porque iríamos celebrar missa no domingo. Fiquei sozinho com ele. O padre perguntava se eu tinha namorada, se eu era virgem... No meio da conversa, abriu um vinho e pediu que eu bebesse. Eu tinha 17 anos. [...] Depois, foi ao banho. Quando voltou, vestia apenas uma cueca samba-canção. O pênis estava ereto, marcando o tecido. Veio em direção ao sofá, começou a se masturbar e pediu que eu fizesse sexo oral nele. Mesmo com a minha recusa, começou a acariciar meu pênis. Fiquei em choque e me levantei. Não fizemos nada", disse à Veja Ednan Aparecido Vieira, hoje com 35 anos.

"O padre Pedro Leandro Ricardo me olhava de forma diferente. Eu tinha 16 anos, quando ainda não me entendia como uma mulher transexual. Como meu pai havia morrido, achava que o pároco tinha carinho por mim. Ele começou a ficar ao meu lado enquanto eu vestia a túnica de coroinha. Depois, passou a me ajudar com as vestes para tocar o meu corpo, com a desculpa de desamassar o tecido. Um dia, abriu as minhas pernas e segurou as minhas coxas. Dei um berro na sacristia e saí correndo. [...] Após o episódio, Leandro me tirou das atividades da igreja", contou Paula Vallentin, 25.

Ansa - Brasil   
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