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Em vídeo, Instituto Royal diz que manterá pesquisas com animais

'Nosso trabalho é salvar vidas humanas', diz gerente-geral do instituto, rebatendo acusações de maus-tratos a animais

23 out 2013 - 18h28
(atualizado às 18h37)
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<p>Cães da raça beagle foram retirados das dependências do Instituto Royal por ativistas dos direitos dos animais</p>
Cães da raça beagle foram retirados das dependências do Instituto Royal por ativistas dos direitos dos animais
Foto: Eco Desenvolvimento

Após reativar seu site oficial, o Instituto Royal divulgou nesta quarta-feira um vídeo para rebater as acusações dos ativistas que invadiram o centro de pesquisas na última sexta-feira, levando 178 cães da raça beagle que supostamente sofreriam maus-tratos. No vídeo, a gerente-geral do instituto, Silvia Ortiz, garante que o uso de animais seguia rígidos padrões éticos e tinha como propósito "salvar vidas humanas". Ao final do pronunciamento, Silvia garantiu que o Instituto Royal prosseguirá com as pesquisas, mas pediu o apoio da sociedade.

Você sabia: por que os beagles são usados em pesquisas de medicamentos?

"Nós persistiremos, pela fé que temos na relevância das pesquisas fazemos. Mas precisamos que a sociedade compreenda essa importância, e que nos ajude a continuar trabalhando pelo bem estar de todos", declarou a gerente-geral do Instituto Royal.

Segundo Silvia, o Instituto Royal funciona desde 2007 em São Roque, no interior de São Paulo, e trabalha no desenvolvimento de testes pré-clínicos para medicamentos destinados ao tratamento de doenças como câncer, diabetes, hipertensão e epilepsia, entre outros. A gerente-geral rechaçou as alegações dos manifestantes, negando que as pesquisas seriam destinadas ao uso de cosméticos.

"O Instituto Royal é um dos cinco centros de referência no País de pesquisas pré-clínicas de medicamentos. Nosso trabalho é salvar vidas humanas. Nós não fazemos testes de cosméticos em animais. Este tipo de teste é feito apenas pelo método in-vitro, ou seja, dentro de equipamentos de laboratório, sem animais", garantiu.

A gerente do instituto afirmou ainda que os testes em animais são imprescindíveis para garantir a eficácia de medicamentos antes de expor vidas humanas em risco. "Assim como em qualquer outro país, essas pesquisas são feitas em animais antes que passem para a fase de pesquisa clínica, feitas em seres humanos. O objetivo é testar a segurança dos novos medicamentos, de forma que possam ser utilizados pelas pessoas como eu e você. Se algum dia você já tomou medicamento contra dor de cabeça, gripe ou pressão alta, pode ter certeza: você já foi beneficiado por pesquisas feitas previamente em animais", assegurou Silvia.

No instituto, segundo informações da gerente, eram utilizados em testes ratos, camundongos, coelhos e cães da raça beagle. "Esta raça é a mais indicada como modelo biológico padronizado para as pesquisas científicas, por conta do seu padrão genético e sua similaridade com a biologia humana", disse Silvia.

"Os invasores nos acusavam de maltratar os cães e justificaram isso com a depredação de nosso laboratório, e a retirada dos animais. Além disso, disseram que testávamos cosméticos e produtos de limpeza nos animais. Tudo isso é mentira", defendeu-se. "Somos certificados pelo Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal) e pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Em tempos recentes, órgãos como a Vigilância Sanitária, o Ministério Público e Zoonose de São Roque visitaram as nossas instalações e não encontraram nada de errado. Todos eles puderam constatar a limpeza e a organização de nossas instalações, bem como o carinho com que os nossos animais eram tratados", completou.

De acordo com a pesquisadora, os beagles do instituto "contavam com a assistência de nove veterinários, praticavam atividades recreativas e tinham uma alimentação saudável e regulada, que levava em consideração a característica de cada animal". "Além disso, quase todos os cães eram colocados para adoção após participarem das pesquisas, sem nenhum tipo de risco para as pessoas", disse.

Invasão coloca em risco a pesquisa científica, diz instituto

Em nota divulgada em seu site, o Instituto Royal credita a invasão de suas instalações à desinformação e a disseminação de inverdades. "O instituto acredita que a ação é o resultado de duas variantes que, combinadas, deram origem aos atos de violência: a absoluta falta de informação sobre a importância do uso de animais no desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos de saúde, associadas às inverdades, disseminadas de forma irresponsável, sobre o tratamento dispensado aos animais nas dependências do instituto", diz o texto.

O instituto diz empregar atualmente 85 profissionais, entre médicos veterinários, farmacêuticos, biólogos e biomédicos, "com pós-graduação e especializações em diversas áreas incluindo em ciência de animais de laboratórios". "A invasão realizada no último dia 18 de outubro constitui um ato de grave violência, com sérios prejuízos para a sociedade brasileira, pois dificulta o desenvolvimento de pesquisas científicas no ramo da saúde", afirma.

Na opinião da gerente-geral Silvia Ortiz, a depredação do Instituto Royal coloca em risco a pesquisa nacional, podendo ter como consequência a perda de empregos. "O vandalismo ocorrido no Instituto Royal coloca em cheque o próprio desenvolvimento na área da saúde do País. É muito fácil para qualquer empresa decidir levar os testes de seus medicamentos para outros países. Isso prejudica a comunidade científica, que perde conhecimento - seja na indústria, seja nas universidades. Os trabalhadores perdem empregos, e as pessoas perdem agilidade no recebimento de novas drogas, que podem salvar incontáveis vidas", acusou.

"Nós tratávamos bem nossos animais. Seguimos todas as regras necessárias e fazemos um trabalho de suma importância para a sociedade brasileira. É muito triste constatar que um pequeno grupo pode colocar tudo isso a perder, em nome de uma visão deturpada e a partir de uma falta de sensibilidade atroz", queixou-se a representante do instituto.

Ativistas retiram animais de instituto

Ativistas invadiram, por volta das 2h de 18 de outubro de 2013, a sede do Instituto Royal, em São Roque, no interior de São Paulo, para o resgate de cães da raça beagle que seriam usados em pesquisas científicas. Mais tarde, coelhos também foram retirados do local. Cerca de 150 pessoas participaram da invasão. Ao todo, 178 cães foram retirados do instituto. O centro de pesquisas era alvo de frequentes protestos de organizações pelos direitos dos animais.

Os beagles são usados por ter menos variações genéticas, o que torna os resultados dos testes mais exatos. Apesar de os ativistas relatarem diversas irregularidades, perícia feita no Instituto Royal não constatou indícios de maus-tratos aos animais. No dia seguinte à invasão, um novo protesto terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes e provocou a interdição da rodovia Raposo Tavares. Quatro pessoas foram detidas.

Em nota, o Instituto Royal refutou as alegações dos manifestantes. "O instituto não maltrata e nunca maltratou animais, razão pela qual nega veementemente as infundadas e levianas acusações de maltrato a seus cães. Sobre esse ponto, o instituto lamenta que alguns de seus cães, furtados na madrugada da última sexta-feira, estejam sendo abandonados", diz a nota, acrescentando que todas as atividades desenvolvidas no local são acompanhadas por órgãos de fiscalização.

Segundo o instituto, a invasão de sua sede constituiu um "ato de grave violência, com sérios prejuízos para a sociedade brasileira, pois dificulta o desenvolvimento de pesquisa científica no ramo da saúde". A invasão ao local, de acordo com a posição do Royal, provocou a perda de pesquisas e de um patrimônio genético que levou mais de dez anos para ser reunido. O instituto também informou que os animais levados durante a invasão, quando recuperados, serão recolhidos e receberão o tratamento veterinário adequado, podendo ser colocados para adoção.

Marcelo Morales, coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) - órgão responsável pela fiscalização do setor -, afirmou que nenhum animal retirado do laboratório sofria maus-tratos ou tinha mutilações. De acordo com o médico, o instituto era acompanhado pelo Concea, ligado aos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Saúde, nos testes para medicamentos coadjuvantes na cura do câncer, além de antibióticos e fitoterápicos da flora brasileira, feitos a partir de moléculas descobertas por brasileiros. "Milhões de reais foram jogados no lixo e anos de pesquisas para o benefício dos brasileiros e dos animais também foram perdidos", disse o pesquisador.

Fonte: Terra
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