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Troca de tiros entre policiais civis paulistas e mineiros acaba com 1 morte

No confronto, um policial de Minas foi assassinado; agentes de segurança paulistas levavam malas com quase R$ 15 milhões em notas falsas

20 out 2018 - 15h56
(atualizado em 21/10/2018 às 19h20)
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SOROCABA - Policiais civis de São Paulo trocaram tiros com policiais mineiros e mataram um deles em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, na tarde desta sexta-feira, 20. A troca de tiros aconteceu por volta de 15h30, no estacionamento de um condomínio de consultórios médicos ligados ao Hospital Monte Sinai, no centro da cidade.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) de Minas Gerais esclareceu neste domingo, 21, que apenas o policial civil Rodrigo Francisco, de 39 anos, foi morto no tiroteio entre policiais civis paulistas e mineiros, na sexta, em Juiz de Fora. Conforme a SESP, outras duas vítimas dos tiros permaneciam internadas no Hospital Monte Sinai, sob escolta policial, uma delas em estado grave.

Na noite deste sábado, 20, a Polícia Civil de Juiz de Fora havia confirmado a morte de uma segunda pessoa ferida gravemente no tiroteio, conforme chegou a ser divulgado pelo Estado e por outros veículos de comunicação. Na tarde deste domingo, a assessoria de imprensa do Hospital Monte Sinai informou que um homem de 42 anos, dono de uma empresa de segurança contratado por um dos empresários, continuava internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Ele é suspeito de ter disparado o tiro que matou o policial mineiro. A terceira vítima foi um homem de 66 anos que levou um tiro pé, passou por cirurgia e pode receber alta a qualquer momento. Ele é apontado como dono do dinheiro falso e sairá do hospital para a prisão, pelo crime de estelionato tentado.

Ao menos dez pessoas foram detidas, entre elas nove policiais paulistas. As polícias dos dois Estados investigam o que eles faziam em Juiz de Fora.

Os policiais civis de São Paulo levavam malas com quase R$ 15 milhões em cédulas de R$ 100, segundo a Polícia Civil de MG. A maior parte das notas é falsa e o dinheiro vai passar por perícia, segundo a polícia mineira. As cédulas verdadeiras cobriam as falsificadas.

Cinco dos nove policiais civis paulistas que se envolveram em tiroteio foram ouvidos e liberados na tarde deste sábado, 20. Outros cinco continuam presos - quatro deles foram autuados por lavagem de dinheiro e um, que está internado em estado grave, por homicídio. O policial internado teria sido o autor do disparo que matou o policial civil mineiro Rodrigo Francisco, durante a troca de tiros.

Crimes

De acordo com o superintendente de Investigação e Polícia Judiciária de Minas, Carlos Capistrano, três policiais mineiros foram indiciados por prevaricação, crime cometido quando o agente público deixa de cumprir obrigação inerente ao seu ofício. O delegado não explicou que motivos levaram ao indiciamento dos policiais mineiros, alegando que o caso é complexo e as investigações ainda não foram encerradas.

Segundo ele, o outro homem que foi ferido durante o tiroteio seria proprietário do dinheiro e já foi autuado por estelionato tentado. Já sobre a liberação dos cinco policiais paulistas, ele alegou que eles não participaram diretamente dos fatos.

Conforme o superintendente, os laudos periciais feitos no local, assim como o laudo da necropsia do policial morto, podem contribuir para elucidar o caso. Segundo ele, a perícia e o laudo devem confirmar que o autor do disparo que matou Francisco foi o policial paulista que está internado. Apesar do estado grave em que se encontra, ele está sob escolta. As armas de todos os policiais que se envolveram no tiroteio também serão periciadas.

Entenda o caso

Conforme a Polícia Civil de Juiz de Fora, os policiais de São Paulo estavam fazendo abordagens de armas em punho, quando dois agentes de Minas Gerais teriam se identificado como policiais e tentado rendê-los. Outros policiais paulistas que estavam na retaguarda teriam iniciado o tiroteio. A intensa troca de tiros só parou quando viaturas das polícias Civil e Militar cercaram a área.

O policial civil Rodrigo Francisco foi encontrado morto no local. Ele era inspetor na Delegacia de Furtos e Roubos e atuava também como examinador no Departamento de Trânsito (Detran) de Juiz de Fora.

Os policiais paulistas - entre eles estariam um ou dois delegados, informação não confirmada pela Polícia Civil - foram detidos e levados à delegacia da cidade, mas alguns teriam se negado a entregar as armas.

Quatro policiais fugiram de carro, mas foram capturados horas depois. As malas com dinheiro foram achadas durante a revista aos carros apreendidos com os paulistas. As cédulas estavam em seis malas no bagageiro de um Toyota Etios, com placas de Belo Horizonte.

As polícias paulista e mineira ainda investigam o que os policiais de São Paulo faziam em Juiz de Fora. Policiais já ouvidos afirmaram terem sido contratados para fazer a escolta de um empresário que teria negócios na cidade mineira. O suposto empresário, que não teve a identidade divulgada, teria saído ileso do tiroteio e retornado a São Paulo de avião.

O grupo paulista estaria hospedado num hotel da região desde a quarta-feira. Os dez integrantes da polícia de São Paulo seriam transferidos ainda neste sábado para a capital paulista.

Policiais sob investigação

A Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais informou que "o procedimento investigatório ainda está em andamento" e que todas as informações serão divulgadas após o fim da apuração. Conforme a pasta, a polícia mineira não foi comunicada previamente sobre alguma operação ou mesmo a presença dos policiais paulistas no Estado. A Polícia Civil de São Paulo informou ter enviado equipes do Grupo de Operações Especiais (GOE) a Juiz de Fora para levantar informações sobre o caso.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo informou que "o delegado divisionário da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo está em Juiz de Fora em contato constante com a Polícia Judiciária mineira para auxiliar pessoalmente nas investigações, a fim de apurar todas as circunstâncias do caso".

Ainda segundo a nota, a SSP ressalta que "não compactua com desvios de conduta de seus agentes e, caso haja alguma irregularidade, os envolvidos serão responsabilizados".

Correções

21/10/2018 | 20h12

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) de Minas Gerais esclareceu neste domingo, 21, que apenas o policial civil Rodrigo Francisco, de 39 anos, foi morto no tiroteio entre policiais civis paulistas e mineiros, na sexta, em Juiz de Fora. Conforme a SESP, outras duas vítimas dos tiros permanecem internadas no Hospital Monte Sinai, sob escolta policial, uma delas em estado grave. 

Na noite deste sábado, 20, a Polícia Civil de Juiz de Fora havia confirmado a morte de uma segunda pessoa ferida gravemente no tiroteio, conforme chegou a ser divulgado pelo Estado e por outros veículos de comunicação. Na tarde deste domingo, a assessoria de imprensa do Hospital Monte Sinai informou que um homem de 42 anos, dono de uma empresa de segurança contratado por um dos empresários, continuava internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Ele é suspeito de ter disparado o tiro que matou o policial mineiro.

Estadão
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