SP registra 47 ataques a ônibus só no domingo; onda de violência completa um mês
Ataques ocorrem quase diariamente há cerca de um mês e têm aterrorizado motoristas e passageiros
São Paulo enfrenta uma onda de violência há um mês, com 47 ataques a ônibus registrados apenas no último domingo; investigações apontam possível ligação com o PCC, desafios na internet ou rivalidades no setor de transporte coletivo.
O município de São Paulo registrou 47 ataques a ônibus no domingo, 13, conforme confirmado ao Terra pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e pela SPTrans. Os casos ocorreram de forma dispersa por todas as regiões da cidade. Desde 12 de junho, as empresas operadoras relataram que 421 veículos do sistema municipal de transporte foram depredados.
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Os ataques ocorrem quase diariamente há cerca de um mês e têm aterrorizado motoristas e passageiros na Grande São Paulo e na Baixada Santista. No sábado, 12, em São Vicente, no litoral paulista, um pedaço de azulejo atingiu o rosto de uma passageira.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, o delegado Fernando José Góes Santiago, que investiga os ataques, afirmou que trabalha com três linhas de investigação principais:
- Ligação dos responsáveis com o PCC;
- A origem dos ataques seria de desafios de internet;
- E a hipótese mais provável: empresas ou indivíduos que atuam no ramo de transporte urbano coletivo.
"Essas pessoas conhecem a dinâmica dos transportes. Nós acreditamos que a ordem para esses ataques parte de um núcleo muito bem delineado", disse Santiago.
Segundo a autoridade policial, acredita-se que seriam pessoas do ramo que estariam "descontentes com empresas que se apresentam como rivais".
Nesta segunda-feira, 14, em entrevista à GloboNews, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, criticou a Polícia Civil ao afirmar que "está demorando" para descobrir quem está por trás dos ataques e qual a motivação das depredações.
"Está demorando [a elucidação], eu reconheço. Até faço aqui uma crítica à Polícia Civil. Porque, quando a gente tem que elogiar, tem que elogiar, mas também quando tem que criticar, tem que criticar. Está demorando, mas a certeza que a gente tem é que a Polícia Civil vai chegar numa conclusão de identificar quem são essas pessoas e à punição", disse ele, ao acrescentar depois que "não fez uma crítica à Polícia Civil, mas crítica ao tempo da investigação".
Em nota, a SPTrans reforça a orientação para que as concessionárias comuniquem imediatamente todos os casos à Central de Operações e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais.
Neste tipo de ocorrência, a empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada, garantindo a continuidade do serviço prestado aos passageiros. Caso isso não ocorra, a empresa é penalizada pela viagem não realizada.
A pasta destaca que repudia os atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e segue fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações.
A Polícia Civil informou que sete suspeitos de participação nos ataques contra ônibus do transporte coletivo já foram presos. As investigações seguem sob responsabilidade do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), que realiza diligências e analisa dados para identificar e prender outros envolvidos.