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SP: com acordo, grevistas liberam saída de ônibus de garagem

22 mai 2014 - 10h16
(atualizado às 11h36)
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Grevistas liberaram a saída de ônibus após um acordo
Grevistas liberaram a saída de ônibus após um acordo
Foto: Bruno Santos / Terra

Um acordo feito entre a empresa e os trabalhadores suspendeu a greve na viação Santa Brígida, nesta quinta-feira, pouco antes das 10h. A concessionária, dona de 830 veículos que fazem 78 linhas na região noroeste de São Paulo, tinha feito de madrugada e às 9h outras duas tentativas de retirar os carros do pátio principal, localizado na Vila Jaguara, zona norte da capital.

Os grevistas foram convencidos a suspender a paralisação pelo gerente-de operações da viação, Danilo dos Santos Alves. Com um megafone em mãos, ele afirmou que foi contatado mais cedo por um diretor da São Paulo Transportes (SPTrans) e alertado sobre as penalidades às quais a empresa estava sujeita, caso não voltasse ao trabalho – entre elas, multa e cassação da concessão. Foi na Santa Brígida onde a paralisação teve início, na última terça-feira.

“A empresa vai fechar. Se é isso que vocês querem, vão conseguir. Depois, vai ser tarde para se lamentar. Esse ano a coisa não resolve, não vai voltar atrás, mas se organizem para o ano que vem”, disse o gerente aos funcionários, do lado de fora da garagem. Ele se referiu às eleições para a diretoria do sindicato que representa os trabalhadores, contra o qual os grevistas se insurgiram nos últimos dias. A última eleição aconteceu ano passado.

Alves ainda lembrou aos motoristas e cobradores que “um monte de gente tem contas para pagar”, citou que os pagamentos na empresa são pontuais e os desafiou a “encontrar por aí uma cesta básica melhor que a nossa.” Em seguida, enumerou empresas do transporte coletivo que, descredenciadas em anos e décadas anteriores, acabaram encerrando as atividades.

Ontem, o prefeito Fernando Haddad (PT) e o secretário de Transportes do município, Jilmar Tatto, refutaram qualquer possibilidade de mediação entre os grevistas, os sindicatos e as empresas alegando que esta seria “uma relação privada” na qual não caberia ação do poder público – que, segundo Haddad, já paga as empresas “rigorosamente em dia”.

Com 32 anos de empresa, o gerente de operações da Santa Brígida minimizou a posição da Prefeitura pela solução do impasse. “Eles (grevistas) estavam pregando no deserto. A empresa não tem como influenciar o acordo coletivo (feito na última segunda e contra o qual motoristas e cobradores se insurgiram), mas podia alertar que isso poderia levar a seu descredenciamento”, explicou Alves ao Terra.

PM precisou intervir

Minutos antes do acordo, às 9h, a Polícia Militar interveio na paralisação e autorizou a passagem de veículos, que acabaram sendo apedrejados pelos grevistas e precisaram retornar para o pátio. Três deles tiveram vidros laterais, portas e para-brisas quebrados.Os funcionários foram xingados de "safado" e "traidor".

Grevistas hostilizam companheiros que ignoraram paralisação:

“Não estamos exatamente a favor da empresa”, avisavam os PMs, ressaltando que pretendiam apenas cumprir uma ordem – no caso, a liminar expedida ontem à noite pela Justiça do Trabalho obrigando uma frota mínima de 75% na ativa, sob pena de multa. O bloqueio dessa saída, segundo a assessoria de imprensa da Santa Brígida, desrespeitara acordo firmado entre uma comissão de grevistas e a diretoria pela liberação de quem quisesse trabalhar.

A ação da PM foi a primeira após um acordo firmado nessa quarta-feira entre o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, e o secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, para que os policiais interviesse na paralisação em casos como bloqueio de garagens e de vias, por ônibus parados.

Resistência

Após o anúncio, na noite de quarta-feira, de que os ônibus voltariam a funcionar normalmente em São Paulo, motoristas e cobradores do transporte da capital paulista voltaram a bloquear, na madrugada desta quinta-feira, a saída de coletivos de duas garagens da empresa Santa Brígida. Segundo informações da São Paulo Transporte (SPTrans), a  viação Gato Preto, que atua na zona norte, acabou atrasando a saída dos veículos durante a madrugada, mas a operação foi normalizada no início da manhã, por volta das 6h.

Para amenizar a falta de ônibus provocada pela Santa Brígida, a SPTrans acionou 95 ônibus da Operação Paese para atender as quatro principais linhas paralisadas: Terminal Pirituba - Largo do Paissandu; Terminal Pirituba - Praça Ramos de Azevedo; Vila Uório - Terminal Pinheiros e Terminal Vila Nova Cachoeirinha - Largo do Paissandu.

Apesar do protesto, os 28 terminais da cidade estavam abertos por volta das 9h.  Apenas o Terminal Pirituba continuava vazio pela falta de ônibus da empresa paralisada. Na zona norte, ônibus foram parados na avenida Inajar de Souza e tiveram pneus furados. De acordo com a SPTrans, o ato faz parte de uma manifestação da região do terminal Cachoeirinha, que opera normalmente.

Uma série de paralisações também prejudica o transporte intermunicipal na Grande São Paulo na manhã desta quinta-feira. Segundo informações da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), quatro empresas nas regiões do ABC, Osasco e Itapecerica da Serra tiraram 944 ônibus das ruas.

Todos os ônibus das viações Miracatiba, Osasco e Mobi Brasil ficaram nas garagens. Já a Urubupungá, colocou 80% de sua frota nas ruas. A principal reivindicação dos funcionários é por aumento salarial. A EMTU informou que vai acompanhar as negociações entre as diretorias das empresas e os funcionários.

Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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