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RJ: morre suspeito de atear fogo em pousada do Afroreggae

Jovem estava internado com 30% do corpo queimado, mas não resistiu aos ferimentos

31 jul 2013 - 13h42
(atualizado às 13h47)
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Incêndio atingiu prédio do Afroreggae no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro
Incêndio atingiu prédio do Afroreggae no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro
Foto: Celso Barbosa / Futura Press

A secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro confirmou a morte de Wagner Moraes da Silva, 20 anos, que estava sob custódia, acusado de ter colocado fogo na pousada do Afroreggae na comunidade da Grota, no Complexo do Alemão, há dez dias. Wagner morreu na madrugada desta quarta-feira em decorrência das queimaduras. O jovem foi encontrado com 30% do corpo queimado dentro do banheiro e desacordado. Na ocasião, ele disse à polícia que tinha tentado entrar no local para apagar o incêndio.

Ainda com medo do que possa acontecer nas próximas horas, o núcleo do grupo Afroreggae reabriu esta manhã na comunidade da Grota. Com policiamento reforçado e a presença do governador Sérgio Cabral, o coordenador do grupo,  José Júnior, afirmou que teme mais por inocentes do que por ele. "Se não voltássemos seria um retrocesso", admitiu, confirmando que vai passar a receber escolta do Estado contra as ameaças que bem recebendo por parte do tráfico de drogas.

"Eles deram ordem de fecharmos aqui e na Vila Cruzeiro,  mas não fechamos," disse Júnior, confirmando que a sede da pousada que foi incendiada no dia 16 de julho também foi alvo de oito tiros de fuzil nesta madrugada.  Junior considerou o dia de hoje como especial, mas reafirmou os riscos. "Se eu disser que não tem riscos, vou estar mentindo." Ele afirma que foi contrário a suspender as atividades, mas que entendia o medo dos integrantes do grupo em trabalhar sob ameaça. "Acho natural que eles tenham medo. Mas o processo de pacificação não pode voltar atrás", afirmou.

O coordenador admite que não vai ser nada fácil o trabalho, mas que o apoio da sociedade e dos governantes vai ser o ponto de apoio. "Não iremos sair daqui. Quando dão tiros na fachada do Afroreggae, não é uma demonstração de força, e sim de fraqueza, porque lá não tem ninguém armado ", disse José Junior. O governador Sérgio Cabral disse que o Estado vai dar todo apoio ao projeto do Afroreggae e defendeu o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora. "Isso não é um projeto do meu governo, mas um projeto da sociedade", afirmou.  "Tem que melhorar? Tem. Há policiais que erram? Sim, mas a grande maioria acerta", disse o governador, que acredita que o seu governo tem acertado em grande parte dos projetos de segurança e investimento. "Rio de 2016 vai ser muito diferente do Rio de 2010 e de 2013. Há um processo em evolução." 

O secretário de segurança, José Mariano Beltrame, disse que a polícia já está investigando os tiros à pousada, mas que o Alemão é um lugar emblemático para o processo de paz. "Não podemos esquecer o que era isso aqui há alguns anos e o que é agora" , falou, analisando que trafico ainda é uma realidade, mas que é preciso seguir trabalhando em conjunto para que a realidade anterior não volta. "Não posso garantir que nada vá acontecer, considerando o abandono que este lugar teve por mais de 30 anos, mas temos que ter objetivos. A polícia daqui não sai e, se for preciso, vai até aumentar", disse Beltrame.

Fonte: Terra
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