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Cidades

Protesto contra 'cura gay', Feliciano e ato médico reúne 4 mil em SP

Manifestação teve apoio de profissionais da saúde, que também pediram o veto ao chamado "ato médico"

22 jun 2013 - 00h16
(atualizado às 00h16)
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<p>Manifestantes protestam contra a aprovação da cura gay na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, na Praça Roosevelt, centro de São Paulo</p>
Manifestantes protestam contra a aprovação da cura gay na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, na Praça Roosevelt, centro de São Paulo
Foto: Gabriela Biló / Futura Press

Ao menos 4 mil manifestantes participaram, na noite desta sexta-feira, de um protesto pacífico para pedir a derrubada do projeto de lei que ficou conhecido como "cura gay", proposta que autoriza aos psicólogos a promover tratamentos com o objetivo de "curar" a homossexualidade, e foi aprovada na última terça-feira pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP). O texto ainda precisa passar por duas comissões da Câmara antes de ser votada em plenário, mas o avanço do projeto preocupou militantes LGBT (lébicas, gays, bissexuais e transgêneros), que convocaram a passeata para pedir a saída de Feliciano da presidência da comissão.

"Nós não somos doentes. Nós não precisamos de tratamento. Nós somos felizes. Quem é doente, quem precisa de tratamento, é o deputado Feliciano", criticou Agripino Magalhães, 32 anos, militante homossexual e um dos organizadores do protesto. 

Promovido pelas redes sociais, o protesto teve o apoio de profissionais da saúde que se uniram aos ativistas contra o que chamaram de "ingerência do Poder Legistativo" sobre o setor. Psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros e outros profissionais também se mobilizaram para pedir que a presidente Dilma Rousseff (PT) vete o chamado "ato médico", projeto de lei aprovado pelo Senado também na última terça que dá apenas a médicos o poder sobre certos atos que envolvem outras categorias.

"É uma ingerência do Legislativo tentar inferir qualquer proposta sobre a nossa profissão. Nós temos que ter autonomia, não cabe à Câmara criar propostas como essa", defendeu o psicólogo Sérgio Garcia, 33 anos, do Movimento Cuidar da Profissão. 

"Esse projeto (da 'cura gay') causa impactos sérios sobre a psicologia. Por outro lado, o ato médico traz consequências tanto para os profissionais da saúde e, principalmente, para a população que depende do SUS (Sistema Único de Saúde). É uma proposta absurda que cria uma reserva de mercado para os médicos. Se a Dilma não vetar, a saúde vai parar", completou o acumpunturista Yoichi Takase, 37 anos, ao explicar o porquê da união das duas causas em uma só manifestação. 

Passeatas

Apesar do apoio mútuo, os manifestantes contrários à "cura gay" e ao ato médico marcharam em duas passeatas. Vestidos de branco e com nariz de palhaço, profissionais da saúde caminharam pela rua da Consolação e avenida Paulista carregando cartazes com a frase "Veta Dilma".  

Já os manifestantes LGBT - cerca de 4 mil pessoas, segundo a Guarda Civil Metropolitana - repetiram o trajeto, gritando frases de ordem como "Feliciano sua hora já chegou";  "o povo tá na rua; a gente não tem cura"' e "vem pra rua sem preconceito". 

A manifestação ocorreu de forma pacifica e reuniu famílias, como a de Fabiana Pires e Fabiana Oliveira, que levaram a filha Gabriela, de 10 anos, para a passeata. A criança carregava um cartaz escrito: "minhas mães não precisam de cura".

"É a primeira vez que ela vem com a gente para uma manifestação. Queríamos que ela soubesse que não é um problema ser diferente. Nós e todos aqui somos felizes", disse Fabiana Oliveira.

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Veja a cronologia e mais detalhes sobre os protestos em SP

Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. No dia 19 de junho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) anunciaram a redução dos preços das passagens de ônibus, metrô e trens metropolitanos para R$ 3. O preço da integração também retornou para o valor de R$ 4,65 depois de ter sido reajustado para R$ 5.

Fonte: Terra
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