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Procuradoria quer julgamento da Air France e do encerramento do processo da Airbus

Acidente do voo Rio-Paris matou 228 pessoas em 2009; órgão considera que companhia aérea 'foi negligente e imprudente'

17 jul 2019 - 07h00
(atualizado às 07h03)
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PARIS - A Procuradoria de Paris solicita um julgamento contra a companhia aérea Air France e o encerramento do processo no caso da Airbus, após a investigação sobre o acidente do voo Rio-Paris, que matou 228 pessoas em 2009, informaram nesta quarta-feira, 17, fontes com conhecimento no assunto.

A Procuradoria considera que a companhia aérea "foi negligente e imprudente" por não ter fornecido aos seus pilotos informações suficientes sobre o procedimento a ser adotado em caso de anomalias relacionadas às sondas que permitem controlar a velocidade da aeronave, após vários incidentes do mesmo tipo nos meses que antecederam o desastre, de acordo com a decisão de 12 de julho.

Por outro lado, estima-se que não haja acusações fortes suficientes contra a fabricante da aeronave para um julgamento. Cabe agora aos juízes de instrução decidir se vão seguir essas requisições e ordenar um julgamento apenas para a companhia aérea.

No dia 1.º de junho de 2009, o voo AF447 caiu no Oceano Atlântico. Os 228 passageiros e tripulantes de 34 nacionalidades morreram no acidente, o mais mortífero da história da Air France.

Nessa batalha judicial, que está em andamento há mais de 10 anos, as duas empresas foram indiciadas em 2011 por "homicídios culposos".

O desastre foi iniciado com a formação de gelo em pleno voo nas sondas Pitot, o que levou a uma interrupção das medições de velocidade do Airbus e desorientou os pilotos até que o avião parasse.

As duas caixas-pretas do AF447 foram resgatadas após quase dois anos submersas a 3,9 mil metros de profundidade no local onde a aeronave afundou.

Batalha judicial

A investigação provocou uma verdadeira batalha entre especialistas para estabelecer as responsabilidades na queda da aeronave. As partes civis pressionam para que a Airbus e a Air France sejam julgadas.

Em 2012, a primeira análise apontou erros da tripulação, problemas técnicos e falta de informações dos pilotos no caso de congelamento das sonda, apesar dos incidentes anteriores relatados à Airbus.

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A fabricante pediu, então, uma segunda análise, que se concentrou principalmente numa "reação inadequada da tripulação" e nas deficiências da Air France.

Considerando este segundo relatório muito favorável à Airbus, parentes das vítimas e a companhia aérea argumentaram perante a Corte de Apelação de Paris, que ordenou sua anulação e a reabertura da investigação.

A última contra-expertise, apresentada em dezembro de 2017, voltou a provocar indignação das partes civis. Os especialistas reafirmaram que a "causa direta" do acidente "resultou de ações inadequadas em pilotagem manual" da tripulação e tendeu a poupar a Airbus. / AFP

Estadão
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