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PM usa bombas e dispersa manifestação contra a Copa em SP

15 mai 2014 - 21h21
(atualizado às 21h28)
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<p>Manifestantes incendiaram lixo pelas ruas</p>
Manifestantes incendiaram lixo pelas ruas
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

A Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar protesto contra os gastos da Copa do Mundo na noite desta quinta-feira na capital paulista. O tumulto começou quando parte dos manifestantes começou a fazer pichações e tentou invadir uma loja. Após a ação policial, o ato se dividiu em vários grupos.

Alguns seguiram o trajeto previsto e foram em direção ao Estádio do Pacaembu. Outros foram em direção à rua Augusta, onde atearam fogo a sacos de lixo para fazer barricadas. Lojas e agências bancárias foram depredadas. A PM deteve sete pessoas suspeitas de danos ao patrimônio.

Os manifestantes começaram a se concentrar às 17h na praça do Ciclista, na avenida Paulista. Os manifestantes ficaram no local por cerca de duas horas, antes de saírem em passeata pela rua da Consolação, onde o tumulto teve início. Antes que a caminhada começasse, a PM informou ter detido ao menos 20 pessoas, que, segundo a corporação, portavam coquetéis molotovs e martelos. Segundo a PM, o ato começou com 1,2 mil pessoas, acompanhadas por 500 policiais.

O protesto foi organizado pelo Comitê Popular da Copa em São Paulo e faz parte do Dia Internacional de Lutas contra a Copa. Participaram do ato movimentos de luta por moradia, partidos políticos e movimentos estudantis, além de pessoas que compareceram espontaneamente ao local.

Integrante do comitê, Marina Mattar explicou que a manifestação não é contra o evento esportivo. Segundo ela, o protesto busca dar visibilidade às violações de direitos humanos durante os preparativos para a Copa. “A questão não é se vai ter Copa. Já terá a Copa. Nosso objetivo é que a gente conquiste alguns direitos que a Copa ajudou a usurpar”, declarou.

Antes do início da passeata, os militantes projetaram, na lateral de um edifício na avenida Paulista, os valores gastos na organização do evento e o nome de operários que morreram em obras de construção de estádios. “As mortes têm muita ligação com a situação da construção civil no Brasil. A precarização do trabalho pela terceirização, pela quarteirização. Ninguém tem responsabilidade”, ressaltou o militante do Comitê Popular da Copa, Thiago Rosa.

Manifestantes entram em confronto com a polícia em SP:

As remoções por obras relacionadas ao Mundial também foram lembradas com faixas e cartazes. “Além da remoção direta, tem a expulsão reflexo da especulação imobiliária. Você vê que ao lado do Itaquerão há um aumento de 150% no preço da terra”, acrescentou Thiago.

Para Átila Pinheiro, membro do Movimento Nacional de População em Situação de Rua, o morador de rua é o primeiro a perder com a Copa. “Querem criminalizar o morador de rua como usuário de drogas. Então, expulsar essas pessoas dos espaços centrais e de turismo”, reclamou Pinheiro. Na opinião dele, faltam espaços para atender essa população sem tratá-la essencialmente como viciados em drogas.

Segundo Pinheiro, os moradores de rua buscam entorpecentes para suportar as dificuldades por que passam. “É a pinga para suportar o frio, para suportar a opressão. Essas pessoas são massacradas cotidianamente. Veja o que aconteceu em Goiás (onde mais de 30 moradores de rua foram assassinados em 2013). E esses eventos promovem a impunidade para quem ataca essas pessoas”, disse.

Agência Brasil Agência Brasil
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