Marchinhas de Carnaval fazem piada com falta d’água em SP
Músicas falam de sereias encalhadas e banho de cachaça; governador Geraldo Alckmin (PSDB) é alvo de críticas
A pior crise de abastecimento de água da história de São Paulo e a iminência de um rodízio inspiram a composição de marchinhas neste Carnaval. Para tratar de um tema sério com bom humor, as letras não deixam de fazer críticas ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao uso de água do “volume morto”, chamado oficialmente de reserva técnica.
"Até sereia encalhou"
O bloco de Carnaval “Nóis Trupica Mais Não Cai” fez até um clipe para a marchinha “Sereia da Cantareira”:
“Tô seca, não tô molhada / Eu sou sereia da Cantareira / Quem vai 'Alckmizar' água de esgoto por aí? / Do M'Boi Mirim até o U do Morumbi", diz um trecho. "Tucano se mandou / O lambari morreu / E até sereia encalhou". A marchinha, que foi composta por 11 pessoas, conta com sanfona do músico Marcelo Jeneci.
“Agora tem que racionar”
O Bloco Soviético, que desfilou pelas ruas de Higienópolis e Santa Cecília (centro) no último sábado, fez uma marchinha no ritmo da clássica “Allah-lá-ô”, de Haroldo Lobo.
“Água acabou, ôôô ôôô / Mas que calor, ôôô ôôô / Atravessamos a Avenida Jabaquara / O sol estava quente e queimou a nossa cara / Vivemos no agito / E além de tudo agora tem que racionar / Não dá! Não dá! Geraldo, vai cagar / Tá sem água em Mangalot / Tá sem água em Itaquá / Geraldo, vai cagar!”
“Vou tomar banho de cachaça”
O bloco “Bastardo” lembra que muita gente colocou em São Pedro a culpa pela crise hídrica: "Vai faltar água nesse Carnaval / Como ficarão os passarinhos? / É que são Pedro, segundo seu Geraldo / De São Paulo resolveu se descuidar / A arca de Noé já encalhou / Dentro da Cantareira / Já que a torneira secou / Vou tomar banho de cachaça a noite inteira".
“Espremer calcinha”
O bloco “Jegue Elétrico”, que desfilará em Pinheiros (zona oeste) e na praça Roosevelt (centro) nos dias de Carnaval (de sábado a terça), criou a marchinha “Espremer a Calcinha”: "Não quero saber / Se o volume tá morto / Se a seca do Nordeste / Vem pras bandas do Sul / Eu tenho certeza / E disso eu não me engano / Vou espremer calcinha / E beber água de pano".
“Volume morto não quero tomar”
O volume morto também é tema do samba do bloco “Amigos da Vila Mariana”, intitulado “No Barril da Vila até o Chaves já Sambou”. A música, que é uma homenagem ao humorista mexicano Roberto Bolaños, que é criador do seriado Chaves e morreu no ano passado, faz piada com a crise da água, com o escândalo de corrupção na Petrobras e, ainda, com a goleada de 7 a 1 sofrida pelo Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 2014, contra a Alemanha.