Líderes do esquema e mais seis alvos de megaoperação que envolve Faria Lima e setor de combustíveis seguem foragidos
Foram expedidos 14 mandados de prisão em torno da operação, mas só seis foram cumpridos; PF investiga vazamento de informações
Apontados como os líderes do esquema bilionário que envolve a Faria Lima e o setor de combustíveis, Mohamad Hussein Mourad, apelidado de ‘primo’, e o empresário Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como ‘Beto Louco’, seguem foragidos. Além deles, outros seis alvos da megaoperação deflagrada na quinta-feira, 28, ainda não foram presos. A Polícia Federal investiga se houve vazamento de informações.
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Ao Jornal Nacional, nesta sexta-feira, 29, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, explicou que se houve vazamento criminoso, será instaurado um inquérito policial. “[Vamos] apurar severamente o que teria acontecido para que esse resultado não fosse aquele que nós esperávamos que fosse, durante o cumprimento das medidas”.
No total, foram expedidos 14 mandados de prisão no âmbito da operação, mas só seis foram cumpridos. O Terra acionou a PF em busca de mais informações sobre os demais foragidos, mas não foram fornecidos detalhes adicionais sobre a questão.
Papeis no esquema
De acordo com as investigações, que têm como foco a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis e instituições financeiras sediadas na avenida Faria Lima, na capital paulista, a principal instituição de pagamento envolvida no esquema é o BK Bank, que teria passado R$ 2,22 bi à distribuidora de combustíveis Aster, de propriedade de Mohamad Hussein Mourad, apelidado de ‘Primo’, e ligada ao empresário Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como ‘Beto Louco’.
Autoridades apontam que a fintech BK Bank registrou R$ 17,7 bilhões em movimentações financeiras suspeitas. Além disso, a Receita Federal estima que o esquema criminoso tenha sonegado R$ 1,4 bilhão em tributos federais e R$ 7,6 bi em tributos estaduais.
O principal cliente do BK Bank no período investigado foi a distribuidora de combustíveis Aster – que teve sua atuação suspensa pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em 2024. Dos R$ 17,7 bilhões em movimentações suspeitas da fintech, R$ 2,22 bi foram direcionados a essa empresa.
Mohamad, o “primo”, é apontado como dono de uma rede de postos de combustíveis que estaria em nome de laranjas e, também, seria ligado à Copape, que é uma fornecedora de combustíveis.
O grupo formado por Copape e Aster, segundo as investigações, era dirigido por um “testa de ferro” enquanto, na verdade, era tocada de fato por ‘Beto louco’ e o ‘primo’.
Mohamad Mourad, em seu perfil do Linkedin, se apresenta como “um empresário e investidor que acredita na potência do trabalho, da disciplina e do comprometimento como caminho para o alcance de resultados sólidos”. Lá, ele está descrito como CEO da G8LOG, uma empresa de transportes.
“No mercado de transportes aprendemos a desconfiar dos atalhos, valorizando a estabilidade e a segurança, metáfora que considero imprescindível na gestão dos negócios. Respeito, gratidão, lealdade e senso de propósito nas lideranças e suas equipes”, complementa ele, em sua biografia.
Em busca de um pronunciamento sobre a questão, a reportagem não conseguiu contato com Mohamad Mourad nem com Roberto Augusto até a publicação desta matéria. O Terra também acionou o BK Bank, a Copape e a Aster, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto e será atualizado em caso de manifestação.
Mais sobre a operação
A operação Carbono Oculto conta com a atuação de agentes das polícias Federal e Militar, de promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e de agentes fiscais da Receita Federal e de frentes estaduais. Estão sendo cumpridos 200 mandados de busca e apreensão contra 350 alvos em dez Estados do País.
Os crimes apontados vão desde os contra a ordem econômica, de fraude fiscal e estelionato, à adulteração de combustíveis, crimes ambientais e lavagem de dinheiro – incluindo do tráfico de drogas.
Por meio da operação, a Justiça de São Paulo decretou a indisponibilidade de quatro usinas de álcool, de cinco administradoras de fundos de investimentos e de cinco redes de postos de gasolina – redes, essas, que somam 300 endereços de venda pelo País.
Ao todo, são investigadas 17 distribuidoras de combustível, quatro transportadoras de cargas, dois terminais de portos, duas instituições de pagamentos, seis refinadoras e formuladoras de combustível, 21 pessoas físicas e até uma rede de padarias. De todos esses alvos, 42 se concentram na avenida Faria Lima, principal centro financeiro do País, incluindo fintechs, corretoras e fundos de investimentos.
*Com informações do Estadão Conteúdo


