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Greve do Metrô pega passageiros de surpresa em São Paulo

5 jun 2014 - 07h07
(atualizado às 10h21)
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Passageiro que tentava voltar para casa foi pego de surpresa na estação Anhangabaú
Foto: Fábio Santos / Terra

Apesar de o sindicato dos metroviários ter divulgado amplamente a greve do Metrô nos últimos dias, alguns paulistanos ainda foram pegos de surpresa nesta quinta-feira. Na estação Anhangabaú, importante ligação da região central de São Paulo, muitos passageiros se surpreenderam com as portas fechadas, como o haitiano Simón, que está no Brasil há oito meses. “Estou indo para o Jabaquara e não sei o que fazer. Preciso chegar às sete horas no trabalho, mas acho que o meu chefe vai entender a situação”, disse.

Já o ajudante geral Luíz Gonzaga de Souza, 47 anos, seguia para fazer um exame médico de admissão em seu novo emprego. Cauteloso, ele saiu de casa com bastante antecedência. “Estou vindo de Santo Amaro e fui pego de surpresa com essa greve. Peguei um ônibus até aqui, no Anhangabaú, e tenho que chegar às 8h no Paraíso. Tenho duas horas para descobrir como chegar até lá. Ainda bem que é perto”, falou.

Quem voltava para casa também foi prejudicado pelo Metrô, como foi o caso do passageiro Daniel Alves, que estava em festa na região central com os amigos. “Vim para o centro ontem sem saber que iria ter essa ‘bagunceira’ aqui. Acho que vou tentar pegar um ônibus no terminal Bandeira que chegue ao menos perto da minha casa, na Vila Carrão”, disse. Sobre a greve, Daniel disse que uma nova forma de protestar seria mais interessante: “eles poderiam liberar a catraca, que é uma greve bem mais legal”.

A paralisação preocupa não apenas quem precisa ir para o trabalho ou voltar para casa. Uma ambulante que trabalha em frente à estação Anhangabaú do Metrô relatou que espera um movimento baixo hoje. “O movimento vai ser menor, mas os maiores prejudicados serão os empresários. Os donos de bares, do comércio. Hoje é dia de pagamento, como vai ficar o pessoal da (rua) 25 de Março?”, questionou a ambulante, que não quis se identificar.

Com a falta de Metrô, cresceu o número de chamados para táxis na cidade segundo a percepção do taxista José Bezerra de Araújo, 48 anos e 28 anos de taxista. Segundo ele, foi nítido o aumento no número de corridas na região da zona leste, principalmente na área das estações de metrô da Linha 3-Vermelha. “Hoje tem muito mais corridas vindas da zona leste. Eu moro em Guaianazes e sei como é: sem o Metrô prejudica muito. Nesse horário (6h) não temos muitas corridas de lá não, mas hoje está diferente”, disse.

Paralisação

Apesar da decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que, na quarta-feira, concedeu liminar que determina a manutenção de 100% do funcionamento do Metrô nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e de 70% nos demais horários de operação nesta quinta-feira, três das cinco linhas do Metrô de São Paulo foram paralisadas no início desta manhã, por conta da greve dos metroviários paulistas.

De acordo com a Companhia do Metropolitano, por conta da paralisação, os trens das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha não circulavam no início da manhã. Apenas as linhas 4-Amarela e 5-Lilás operavam normalmente. Os trens da 5-Lilás iniciaram o dia parados, mas por volta das 5h30, segundo o Metrô, começaram a circular. Às 6h28, o Metrô informou que as Linhas 1, 2 e 3 passaram a operar parcialmente, mas as portas continuavam fechadas em muitas das estações.

Na zona leste da cidade, usuários dos trens da CPTM também encontraram dificuldades na estação Corinthians-Itaquera. A estação que interliga as linhas 3-Vermelha (Metrô) e 11-Coral (CPTM) também foi fechada.  

Na quarta-feira, terminou sem acordo a reunião entre representantes do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e representantes do Metrô, apesar de a empresa ter elevado a proposta de reajuste que daria aos trabalhadores para 8,7%. 

De acordo com o presidente do sindicato da categoria, Altino Melo Prazeres Júnior, a categoria não aceitará uma proposta com reajuste inferior a dois dígitos, ou seja, menos de 10%. Os metroviários reivindicam 16,5% de reajuste salarial. “Espero que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pense e, até a hora da assembleia, faça uma proposta possível de aceitarmos. Menos de dois dígitos não dá. Fora isso, há outros fatores a serem negociados.”

Melo disse ainda que a categoria concordaria em não fazer a greve, caso o governo estadual aceite liberar a catraca. “O governo está colocando que não quer ter prejuízo, mas, de alguma forma, o Metrô vai parar." Ele alertou que, mesmo com número reduzido de funcionários trabalhando, o Metrô terá problemas. A greve será feita por tempo indeterminado e os trabalhadores farão assembleias todas as noites para decidir a continuidade. 

Fonte: Terra
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