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Deputado relata agressão a defensores do Escola sem Partido após evento na USP

Casal teria sido alvo de violência nas imediações da Faculdade de Direito, no centro de São Paulo; diretoria da escola diz que atividade ocorreu em clima pacífico e que caso foi longe do câmpus

15 out 2019 - 19h17
(atualizado às 20h59)
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SÃO PAULO - Um homem e uma mulher que participaram de evento sobre o projeto Escola Sem Partido na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) foram vítimas de agressão na noite de segunda-feira, 14, nas imediações do Largo São Francisco, região central da capital, segundo relato do deputado estadual Douglas Garcia (PSL). As vítimas, porém, não haviam registrado boletim de ocorrência até o início da tarde desta terça-feira, 15, e o homem fugiu do hospital antes do fim do tratamento.

De acordo com Garcia, as vítimas são integrantes do Movimento Conservador e o ataque teria sido feito por um grupo contrário às ideias do movimento. A faculdade informou que a agressão ocorreu longe do prédio da instituição e que não há indícios de que o ato foi praticado por membros da comunidade acadêmica.

Segundo Garcia, as vítimas saíram da instituição durante o debate para ir a uma lanchonete, quando foram cercados por um grupo com seis homens. "A mulher foi agredida a socos e o homem foi agredido com um objeto contundente em sua cabeça, precisando tomar pontos. Além disso, ele teve a sua roupa rasgada pelos agressores. Em um dia histórico de debate plural e democrático na Universidade de São Paulo, o que se viu foi mais um ataque covarde de grupos intolerantes e sectários que agridem outros seres humanos por pensarem de forma diferente", escreveu o deputado, que afirma ter acompanhado o homem agredido no hospital.

A Polícia Militar informou que foi acionada às 20h43 para uma ocorrência com uma pessoa com ferimento na cabeça. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) disse que a vítima foi levada para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo pela Guarda Universitária e que a Polícia Civil está "à disposição da vítima para registro da ocorrência" para a identificação dos autores e elucidação do caso. Não foi registrado, porém, boletim de ocorrência sobre o caso. A reportagem não conseguiu contato com o deputado nesta terça-feira, 15. A Santa Casa disse que o paciente André Luiz de Almeida, que teria sido vítima da agressão, evadiu-se do hospital antes de finalizar o tratamento.

Acho improvável ter sido reação de estudantes, diz diretor

Em nota, a faculdade destacou que o debate durou mais de três horas e que o clima era de "absoluto respeito e liberdade de opinião". A instituição diz que foi comunicada sobre o ocorrido perto do final do evento.

Segundo a instituição, um grupo "teria exigido a camiseta do rapaz e, na sequência, agredido os dois jovens". "A abordagem ocorreu longe da faculdade. Infelizmente, nos últimos tempos, tem sido frequente a ocorrência de agressões e assaltos na região central da cidade e no entorno da faculdade", diz a nota.

A faculdade ainda lamentou a agressão. "Atos de violência, qualquer que seja sua motivação, são lamentáveis e inaceitáveis. O melhor antídoto à violência é exatamente o convívio civilizado entre aqueles que pensam diferente, o debate de ideias e a atenção em ouvir quem pensa de forma diversa."

Diretor da Faculdade de Direito da USP, Floriano de Azevedo Marques Neto diz que as pessoas agredidas foram acolhidas na faculdade após a ocorrência. "Foi longe da faculdade, a quase três quadras. Pode ter sido um assalto, porque o centro tem tido problemas com violência, e pode ter sido por causa da camiseta, mas acho improvável que tenha sido uma reação de estudantes, porque não estava tendo nenhuma situação (de conflito) antes ou depois. Se os ânimos estivessem exaltados, continuaria tendo hostilidade ou alguém teria sido reconhecido. Presenciei tudo e foi absolutamente normal o convívio. As pessoas (que estavam no local) prestaram atendimento às vítimas."

Movimento defende combate à suposta doutrinação ideológica em sala de aula

O Escola sem Partido tem como bandeira o combate à suposta doutrinação ideológica de professores em sala de aula e a defesa de uma suposta ideologia de gênero, termo não reconhecido no ambiente acadêmico, para crianças e adolescentes. Além de ser defendida pelo grupo do presidente Jair Bolsonaro, proposta nesse sentido é matéria de projetos em tramitação no Congresso e em Assembleias Legislativas pelo País.

Estadão
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