Delegado detalha esquema de propinas no Samu e avanço da Operação que investiga contratos milionários em Porto Alegre
Conversamos com o delegado responsável, Cassiano Cabral, que detalhou o andamento da operação e os próximos passos
A Polícia Civil desencadeou, na manhã desta quarta-feira (10), a Operação "O", que investiga um esquema de pagamento de propina a servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Porto Alegre. De acordo com a corporação, a suspeita é de que funcionários públicos teriam favorecido, ao longo de quase uma década, empresas contratadas para fornecer motoristas de ambulância e serviços de manutenção de viaturas. As duas firmas sob investigação receberam cerca de R$ 3,8 milhões em contratos com órgãos da prefeitura entre 2015 e 2024.
Conversamos com o delegado responsável, Cassiano Cabral, que detalhou o andamento da operação e os próximos passos.
Buscas, documentos e aparelhos apreendidos
Segundo o delegado, a ofensiva policial incluiu o cumprimento de mandados de busca nas sedes das empresas e nas residências dos servidores investigados. No material apreendido, estão documentos ligados aos contratos firmados com o município, além de aparelhos eletrônicos que agora passam por análise.
"Foram coletadas documentações referentes às empresas, aos contratos, e apreendidos aparelhos eletrônicos para que possamos trazer mais elementos e somá-los ao que já temos para um indiciamento", explicou o delegado.
Auditoria vai medir possível superfaturamento
As investigações apontam para um possível direcionamento de contratos e superfaturamento nos serviços prestados. Uma auditoria será realizada para mensurar o prejuízo aos cofres públicos.
"Os contratos têm valores globais altos, mas isso, isoladamente, não significa comprovação. Precisamos verificar a margem do superfaturamento para definir o prejuízo real ao erário", afirmou.
O delegado adiantou que os valores somados dos contratos das duas empresas de locação de veículos, motoristas e manutenção ultrapassam cifras milionárias:
R$ 4 milhões apenas em locação e prestação de serviços;
Mais de R$ 15 milhões em consertos de viaturas realizados por uma única oficina mecânica.
Valores que teriam sido pagos a servidores
A investigação financeira dos últimos cinco anos mostra que alguns servidores teriam recebido quantias que variam entre R$ 70 mil e R$ 200 mil. Um dos investigados, segundo o delegado, teria movimentado em sua conta quase R$ 1 milhão provenientes das empresas ou de intermediários ligados a elas. Outro servidor teria recebido aproximadamente R$ 500 mil, e mais um ultrapassaria R$ 1,5 milhão.
Apesar dos valores expressivos, até o momento não há indicação da participação de outros servidores nos processos de elaboração dos certames licitatórios.
Indiciamentos dependem da conclusão da auditoria
O delegado informou que o indiciamento dos envolvidos deve ser realizado após a finalização da auditoria sobre o superfaturamento.
A Polícia Civil segue analisando o material apreendido e aprofundando as apurações para confirmar o montante do prejuízo e definir as responsabilidades.
A investigação permanece em andamento.