Com tom político, Parada LGBT+ une bandeiras do Brasil e do arco-íris; veja imagens
Organização espera 4 milhões de pessoas ao longo deste domingo para evento que conta com 19 trios elétricos; desfile busca promover a inclusão da comunidade no acesso às políticas públicas de assistência social
A 27ª Parada do Orgulho LGBT+ começou na manhã deste domingo, 11, muito antes do tradicional desfile de trios elétricos. Mais de duas horas do início oficial, centenas de participantes já se concentravam nas proximidades do Masp, na Avenida Paulista. A organização do evento esperava um público de 4 milhões de pessoas ao longo deste domingo.
"Essa bandeira é de todo mundo. É hora de pegarmos de volta a bandeira do Brasil", disse a coordenadora. A frase se repetiu em outros pontos do percurso.
A abertura do evento, promovido pela Associação da Parada do Orgulho LGBT (APOLGBT/SP), com apoio institucional da Prefeitura de São Paulo, foi marcado pelo tom político. Ao longo de mais de uma hora de discursos, políticos comprometidos com a causa LGBT e líderes sociais fizeram várias críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Na visão deles, o ex-presidente promoveu retrocessos na luta pelos direitos da população LGBT+.
Os espaços, chamados Camarote Pride House, oferecem comida, bebida, Djs, shows para 1.200 pessoas em pacotes que variam de R$ 450 a R$ 1,3 mil (de acordo com o período em que o interessado fez a compra). Guto Melo, idealizador do projeto, explica que o espaço procura oferecer segurança e conforto. "A ideia é oferecer um espaço seguro para que os casais ficassem mais à vontade, banheiro, bebida e comida, além de um lugar para recarregar o celular", conta.
Na Paulista, diferencial é a vista. O espaço está localizado no Blue Note São Paulo, em cima do Conjunto Nacional. Dali, é possível ver a festa de cima, logo depois da saída dos trios. Na Consolação, o espaço da concessionária Caoa Chery foi transformado para receber o camarote. Os veículos deram lugar às arquibancadas. O espaço térreo fica pertinho dos trios.
A maioria dos frequentadores é formada por turistas estrangeiros, quase 70% de acordo com os organizadores. O casal americano Andrew e Stan - eles preferem citar apenas os primeiros nomes - participam do evento brasileiro pelo segundo ano seguido. Eles afirmam que preferem curtir o evento no camarote "por questões de segurança", mas não entram em detalhes. Os dois devem ficar 15 dias no Brasil - nesta segunda, eles embarcam para o Rio e depois Fortaleza. "A festa brasileira é uma das mais animadas que já vi no mundo", diz Andrew.
O evento no camarote também é um espaço em que as empresas procuram cativar e atrair os consumidores. "O objetivo é estar nos locais associados à Parada não importa a forma como a pessoa decida acompanhar o evento, nas ruas, nos trios ou nos camarotes", diz Vanessa Brandão, diretora de marketing da Amstel, uma das patrocinadoras da Parada.
Neste ano, os camarotes da Parada também são espaços de acessibilidade. A Secretaria da Pessoa com Deficiência da Cidade de São Paulo, em parceria com a APOLGBT-SP, preparou uma área elevada para pessoas com mobilidade reduzida e cadeirantes poderem se encontrar e descansar nas proximidades do Parque Mário Covas, na Avenida Paulista.
Público chegou cedo para aproveitar a Parada
As comerciantes Ana Vitória Fonseca, 18 anos, Laiane Souza, 22 anos, e Jonas Fonseca, 18 anos, vieram do Rio só para o evento. O ônibus desembarcou às 6h na Rodoviária do Tietê e elas chegaram às 9h na Avenida Paulista. E já tinha gente. "Fizemos amizade que chegaram cedinho. A ideia é fazer um esquenta antes da festa", diz Ana Vitória.
O esquenta também motivou a atendente de telemarketing Dhayanne Oliveira a chegar antes das 10h. "É mais tranquilo para ver as pessoas e tirar fotos", diz.
Para quem chegou cedo, o aquecimento da Parada ficou por conta da escola de samba da Vai-Vai, que percorreu vários quarteirões da Avenida Paulista e arrastou uma pequena multidão.
Muita gente queria espaço para fotos, como o casal Antônio Ruiz, 38 anos, e Carlos Pedro, 54 anos. Eles fizeram várias poses na frente de arco-íris de bexigas coloridas no Masp.
Essa "pré-Parada" também atraiu famílias e crianças - todas com pelo menos uma peça colorida. A empresária Andreza Camargo, de 45 anos, desfilava com um carrinho de bebê coberto com uma colcha colorida. "Quis vir antes porque não vou conseguir andar com o carrinho no meio da muvuca", conta.
A concentração do público e dos 19 trios elétricos tinha seguiu pela Rua da Consolação, no sentido centro, a partir das 13h. A dispersão deve ocorrer até as 18h nas imediações da Praça Roosevelt, na área central.