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Cientistas da UFRJ e do exterior descobrem nova espécie de pterossauro

Descoberta chama atenção para a grande diversidade e complexidade de répteis alados. Espécie viveu no Oriente Médio há 95 milhões de anos

1 dez 2019 - 05h11
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RIO - A descoberta de uma nova espécie de pterossauro que viveu no Oriente Médio há 95 milhões de anos chama a atenção para a grande diversidade e complexidade desses répteis alados - que pertenciam ao primeiro grupo de vertebrados a desenvolver o voo ativo.

A nova espécie recebeu o nome de Mimodactylus libanensis (alusão ao local onde se encontra o fóssil, o Mineral Museum Saint Joseph´s University, em Beirute, no Líbano). De acordo com os cientistas envolvidos na descoberta, o animal se alimentava de crustáceos. O focinho era comparativamente largo e os dentes espaçados e pontiagudos.

"O bicho é todo esquisito", afirma o diretor do Museu Nacional, Alex Kellner, o principal autor do trabalho. "E nos mostra o quanto ainda temos que aprender sobre pterossauros, o quanto ainda estamos engatinhando: é como se fosse um quebra-cabeça de dez mil peças, das quais só temos, até agora, cem delas."

Segundo Kellner, a descoberta expande o espectro de possíveis estratégias alimentares dos pterodáctilos. É sabido que algumas outras espécies se alimentavam de peixes ou insetos.

O pterossauro libanês era relativamente pequeno, com 1,32 metro de envergadura. O fóssil - o mais completo já achado na região -- foi encontrado entre rochas formadas há 95 milhões de anos, numa época em que o Líbano fazia parte de um imenso continente que reunia também a península arábica e a África. A região era repleta de ilhotas.

"Uma parte de seu peitoral é muito extensa, indicando uma musculatura possante, que possibilitaria voos de longa distância", contou Kellner. "Não posso dizer que ele migrava, não tenho provas disso, mas ele podia ir de uma ilha para outra."

O artigo também é assinado por Juliana Sayão, paleontóloga e pesquisadora colaboradora do Museu Nacional; Borja Holgado, aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Zoologia do Museu Nacional; e ainda por cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá.

"A descoberta mostra também que a pesquisa não parou no Museu Nacional", disse Kellner, se referindo ao incêndio que destruiu o prédio da instituição em setembro do ano passado. "Estamos vivos e mantemos a capacidade de gerar conhecimento."

Estadão
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