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Cabral diz que manifestações contra ele fazem 'parte do jogo'

Governador do Rio de Janeiro é alvo de nova manifestação em frente ao Palácio Guanabara

28 ago 2013 - 13h15
(atualizado às 13h21)
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<p>Tropa de Choque monitora movimentação de manifestantes no Largo do Machado, no Rio</p>
Tropa de Choque monitora movimentação de manifestantes no Largo do Machado, no Rio
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), disse nesta terça-feira que as manifestações recentes contra ele fazem parte da democracia. Ontem, uma nova manifestação em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual, na zona sul da cidade, pediu a saída do governador. "No primeiro mandato, eu também tive manifestações (contra). Isso faz parte do jogo democrático. Graças a Deus, vivemos em uma democracia", disse o governador, durante cerimônia de entrega de ambulâncias a prefeituras da Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu.

Perguntado se estava incomodado com os protestos, Cabral limitou-se apenas a dizer que "é um democrata" e que, inclusive, foi "criado participando" de manifestações pela democracia. O governador também foi questionado sobre excessos cometidos pela Polícia Militar, durante a manifestação desta terça-feira, quando depredações foram cometidas por parte dos manifestantes. Vídeos, supostamente gravados no protesto, publicados nas redes sociais, mostram policiais militares agredindo manifestantes desarmados e já imobilizados, com chutes e golpes de cassetetes.

O governador ressaltou que as polícias - Civil e Militar - são orientadas a respeitar e garantir a liberdade de manifestação, mas que badernas e "quebra-quebra" não podem ser admitidos. Ele não comentou, no entanto, o que o governo está fazendo para evitar e punir excessos praticados por policiais militares durante os protestos.

"A polícia tem a orientação do secretário (de Segurança, José Mariano) Beltrame para que aja dentro do respeito à manifestação democrática. Não vamos tolerar o quebra-quebra. A ordem pública deve ser mantida, bem como a garantia do ir e vir das pessoas, o patrimônio privado e o patrimônio público. Isso não pode ser confundido com a livre manifestação, correta, justa, democrática que deve ser garantida", disse Cabral.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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