PUBLICIDADE

Bruno Covas, ano 1: sob crises e com planos em marcha

Queda de prédio, viaduto que cedeu e chuva estão entre problemas; licitações engatinham

5 abr 2019 - 03h10
(atualizado às 08h39)
Compartilhar
Exibir comentários

No primeiro ano à frente da Prefeitura de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) colecionou medidas administrativas consideradas impopulares, sob o argumento de garantir a saúde dos cofres públicos, e atuou para minimizar tragédias. Com a economia, o prefeito planeja, até o fim do mandato em 2020, triplicar o orçamento de zeladoria - um dos principais gargalos da cidade.

Covas assumiu a gestão em 6 de abril de 2018, após a saída de João Doria (PSDB) para disputar o governo paulista. Antes de completar um mês no cargo, teve de lidar com a primeira crise: o desabamento do Edifício Wilton Pais de Almeida, no Largo do Paiçandu, que matou cinco adultos, duas crianças e desabrigou cerca de 290 famílias.

Para Covas, este foi um dos três piores episódios do primeiro ano de sua gestão, ao lado da greve dos caminhoneiros e da queda do viaduto na Marginal do Pinheiros. "Um ponto positivo foi a reação que tivemos àqueles grandes desastres, não apenas respondendo de imediato, mas também planejando o futuro", disse ao Estado.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão Conteúdo

Na ocasião, Covas anunciou um pente-fino em outras 70 invasões na cidade, elaborou relatórios e depois interditou três delas - comportamento que se repetiria no caso dos viadutos, com contratação emergencial de laudos. Para esses casos, aliados analisam que o prefeito conseguiu demonstrar que herdou problemas de gestões anteriores, não sendo responsabilizado diretamente.

"Ele foi o prefeito das catástrofes e teve oportunidade de mostrar que consegue superá-la", disse o vereador José Police Neto (PSD). "Nesses casos de crise, o principal desafio é conseguir sair do rescaldo para uma pauta propositiva."

Outros avaliam que Covas sofreu o maior desgaste com as chuvas de março, com 11 mortes na Grande São Paulo. De licença, ele havia acabado de desembarcar na Europa, mas teve de voltar às pressas. "Isso carimbou a ideia de ausência que essa gestão passa", afirmou o vereador Antonio Donato (PT). "Ele não conseguiu dar reestruturação para a máquina pública, e a impressão é de um governo bastante paralisado", disse Gilberto Natalini (PV).

Políticos afirmam que a administração Covas pode ser dividida em dois períodos: antes e depois de Doria ser eleito governador. No primeiro momento, manteve secretários do ex-prefeito e tocou projetos do antecessor. Depois, trouxe a própria equipe e agora busca criar uma agenda diferente, com foco, por exemplo, no resgate à região central, estímulos a bikes e projetos como o Parque Minhocão.

Covas, no entanto, nega que tenha ficado "engessado". "Quando o João saiu, não havia necessidade de nenhum tipo de mudança. A partir do momento que ele foi eleito, levou pessoas da confiança dele e eu pude trazer pessoas mais próxima do meu convívio", disse.

Entre os feitos, conseguiu destravar licitações da varrição e dos ônibus. Também tirou do papel as primeiras privatizações: do Parque Ibirapuera, do Pacaembu, do Mercado de Santo Amaro e de imóveis na Vila Mariana. As outras, entretanto, permanecem indefinidas - o Anhembi, por exemplo, teve o leilão adiado nesta semana.

Em paralelo, o prefeito tomou uma série de medidas impopulares - o corte de subsídios para o vale-transporte é a mais recente. Sofreu resistência, ainda, por aumentar a tarifa de transporte e por articular a reforma da Previdência municipal, aprovada na Câmara.

Segundo Covas, a economia com essas medidas permitirá aumentar de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão o orçamento das ações de zeladoria - alvo de críticas da população -, em programa que deve ser anunciado nos próximos dias. "(Vai ser garantido) por recurso municipal, que vem desses cortes de gastos."

Quatro perguntas para Bruno Covas

Entre os episódios de crise, as mortes durante o temporal de março trouxeram o maior desgaste?

Não, porque as equipes de resposta às chuvas foram montadas em outubro. Elas que atenderam a população, foram para as ruas. Assim que tivemos o episódio, eu já passei a operar por telefone mesmo. Não estar presente na cidade não trouxe prejuízo. Embora, é claro, nada justifica o prefeito estar fora.

O sr. tomou uma série de medidas impopulares, como reajustar a tarifa. A gente pode esperar ações assim neste ano, véspera de eleição?

Todos esses atos são feitos para atingir um fim: cuidar das pessoas e da cidade. Governar a cidade é como cuidar de adolescente, é preciso falar o que ele tem de ouvir e não o que quer ouvir. Mas só ao fim do ano nós vamos ver se há necessidade: 2019 fica para 2019 e 2020, para 2020.

Recentemente o senhor tem buscado uma agenda mais descolada do governador João Doria?

Seria uma estupidez eu me afastar do Doria. Foi o candidato que ajudei a eleger. Depois de ele ganhar, não faz sentido (me afastar). O que a população quer ver é a Prefeitura e o Estado atuando na mesma direção.

Qual a marca da gestão até aqui?

A marca são as pessoas que vão dizer. Podem achar (que) são as 85 mil vagas em creches que vamos entregar até 2020. Podem achar que é o Parque Minhocão.

Veja também

OTAN comemora 70 anos em meio a críticas de Trump e interesse do Brasil:
Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade