PUBLICIDADE

Beagles que estão com deputado devem passar por perícia

Exame deve dizer se animais retirados de instituto de pesquisas sofreram maus-tratos

23 out 2013 - 20h27
(atualizado às 20h36)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Deputado ficou com a guarda das duas cadelas encontradas na rua até decisão da Justiça</p>
Deputado ficou com a guarda das duas cadelas encontradas na rua até decisão da Justiça
Foto: Facebook / Reprodução

Os dois cães da raça beagles retirados do Instituto Royal durante invasão, e posteriormente encontrados na rua, em São Roque (SP), devem passar por exame de perícia para comprovar indícios de maus-tratos sofridos no centro de pesquisas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, os animais poderão permanecer sob a tutela de seu fiel depositário até que haja uma decisão da Justiça sobre seus destinos. Os cachorros teriam sido entregues oficialmente a uma advogada de São Roque, mas estão na casa do deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP).

Vinte pessoas que participaram da invasão, na sexta-feira, foram identificadas. Sete, que vivem em São Roque, foram chamadas para prestar depoimento na delegacia da cidade. Os demais deverão ser ouvidos por carta precatória em seus municípios.

A delegacia, que investiga os supostos maus-tratos aos animais no Instituto Royal e a invasão ao local, recebeu ainda um pen drive que teria comprovações de crueldade contra os cães usados para pesquisas. O material foi encaminhado para a o perícia.

Você sabia: Por que os beagles são usados em pesquisas de medicamentos?

Ativistas retiram animais de instituto

Ativistas invadiram, por volta das 2h de 18 de outubro de 2013, a sede do Instituto Royal, em São Roque, no interior de São Paulo, para o resgate de cães da raça beagle que seriam usados em pesquisas científicas. Mais tarde, coelhos também foram retirados do local. Cerca de 150 pessoas participaram da invasão. Ao todo, 178 cães foram retirados do instituto. O centro de pesquisas era alvo de frequentes protestos de organizações pelos direitos dos animais.

Os beagles são usados por ter menos variações genéticas, o que torna os resultados dos testes mais exatos. Apesar de os ativistas relatarem diversas irregularidades, perícia feita no Instituto Royal não constatou indícios de maus-tratos aos animais. No dia seguinte à invasão, um novo protesto terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes e provocou a interdição da rodovia Raposo Tavares. Quatro pessoas foram detidas.

Em nota, o Instituto Royal refutou as alegações dos manifestantes. "O instituto não maltrata e nunca maltratou animais, razão pela qual nega veementemente as infundadas e levianas acusações de maltrato a seus cães. Sobre esse ponto, o instituto lamenta que alguns de seus cães, furtados na madrugada da última sexta-feira, estejam sendo abandonados", diz a nota, acrescentando que todas as atividades desenvolvidas no local são acompanhadas por órgãos de fiscalização.

Segundo o instituto, a invasão de sua sede constituiu um "ato de grave violência, com sérios prejuízos para a sociedade brasileira, pois dificulta o desenvolvimento de pesquisa científica no ramo da saúde". A invasão ao local, de acordo com a posição do Royal, provocou a perda de pesquisas e de um patrimônio genético que levou mais de dez anos para ser reunido. O instituto também informou que os animais levados durante a invasão, quando recuperados, serão recolhidos e receberão o tratamento veterinário adequado, podendo ser colocados para adoção.

Marcelo Morales, coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) - órgão responsável pela fiscalização do setor -, afirmou que nenhum animal retirado do laboratório sofria maus-tratos ou tinha mutilações. De acordo com o médico, o instituto era acompanhado pelo Concea, ligado aos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Saúde, nos testes para medicamentos coadjuvantes na cura do câncer, além de antibióticos e fitoterápicos da flora brasileira, feitos a partir de moléculas descobertas por brasileiros. "Milhões de reais foram jogados no lixo e anos de pesquisas para o benefício dos brasileiros e dos animais também foram perdidos", disse o pesquisador.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade